maio 23, 2007

Rivera


Leonardo Rivera em conversa franca

O relançamento dos álbuns selecionados de Ronnie Von é válido para nova geração porque traz fonogramas importantes remasterizados aos quarenta anos da primeira gravação do artista. A versão em portuguêsdo super hit beatle 'Girl', que virou 'Meu Bem' e tocou em todas as rádios de forma ostensiva, catapultando o 'Príncipe' ao suposto cargode concorrente do 'Rei Roberto Carlos' na história da música brasileira da segunda metade dos anos 60. O responsável pela façanha é o jornalista, produtor e pesquisador carioca Leonardo Rivera. Acompanhe em um bate papo o que diz Rivera.

Como e quando foi que você teve a idéia de relançar os discos de Ronnie Von?
Leonardo Rivera - Há sete anos ou mais. Quando entrei na PolyGram (hoje é a Universal) minha missão era trabalhar com novos talentos, mas também tinha a curiosidade de achar tapes antigos de bandas cuja época não vivi. Aí, encontrei o tape de Technicolor, dos Mutantes, que tinha sido descoberto primeiramente pelo Carlos Callado e depois foi parar nas mãos de outro produtor. Na mesma época descobri os álbuns do Ronnie.

Esse projeto, você já vinha trabalhando algum tempo! Quanto tempo demorou até ficar pronto? E porque demorou?
Dependeu de liberações?Leonardo Rivera - Além das liberações -- algumas versões a editora original nem sabia que tinha que a original tinha sido versionada na época – tinha o interesse da companhia. Aos poucos fui mostrando que o Ronnie movimentava grupos no Orkut, que artistas da nova geração como Rodrigo Amarante, do Los Hermanos, e Nervoso, gostavam dos discos de início de carreira e até cantavam em alguns shows. Aí, com a gestão de Ricardo Moreira no departamento de catálogo da Universal, ficou mais fácil porque ele passou a vida me vendo falar de Ronnie Von dentro da companhia. Fui funcionário de lá no final da década de 90 e sempre fui o pesquisador que levantou a bandeira da importância destes relançamentos.

Fale da importância, desses três discos que você relançou, para os jovens atuais?
Todos três são importantes. Ronnie não gosta muito do primeiro, foimuita pressão em cima dele, diziam pro cara "vai lá, entra e cantaisso aqui, isso é que vende" e ele estava surgindo, sem direçãoartística alguma. O cara é um galã e a beleza dele conquistou muitasfãs com aquela versão dos Beatles de 'Meu Bem'. Mas, o discopsicodélico idealizado por ele e Damiano Cozzella é o filé da safra. Cheio de interferência modernas, conceitos diferentes e arranjos experimentais, é o melhor e mais incompreendido álbum de Ronnie. E a Máquina Voadora, de 70, tem lindas baladas e efeitos com roupagem mais pop, sem abandonar a psicodelía. Foi o Ronnie que ensinou muita coisa aos Mutantes.

Aproveito para perguntar também o que representa, em sua opinião, catálogo do Ronnie Von?

Os álbuns revelam o que havia por trás daquele momento -- talvez até mais que alguns álbuns dos Mutantes. Por isso a juventude deve ouvir, pra ver como se fazia boa música sem cobranças de mercado. Boa eatemporal, pois os discos soam muito modernos em 2007.


Poderão ser lançados os discos que ficaram de fora?
Isso depende da Universal. Por mim, completo a pesquisa que, originalmente, era para uma caixa de seis cds e um de extras. O Ronnie gosta mais da idéia da caixa do que dos lançamentos isolados, segundoele me disse.

O que foi mais difícil nesse trabalho e o que foi mais gratificante?
Difícil foi esperar tanto tempo e correr perigo do projeto parar em mãos erradas, ou seja, de pessoas que não se empenharam realmente em revitalizar os títulos e a obra de Ronnie como um todo comprometimento meu desde antes de eu conhecer o artista, porquetambém sou fã. O mais gratificante foi voltar a trabalhar comRicardinho, na Universal, e os encontros que tive com o Ronnie - ocara mais elegante e educado que eu já conheci em toda minha vida.


O que Ronnie Von achou do produto final?
Não estive com Ronnie ainda. Soube que ele estranhou ser lançado avulso, sem que ninguém da Universal fizesse contato com ele. Mas aUniversal me colocou no meio de campo disso e fiz o melhor que pude.Meu projeto de pesquisa ele aprovou, emprestou as capas e me recebeu na casa dele com muita elegância.

Você é jornalista musical. Até que ponto isso contribuiu em seutrabalho com relançamentos. Terá mais novidades pela frente?
Tem novidades, mas não falo ainda porque não há nada concreto. O fatode eu ser jornalista, pesquisador, produtor e dono de selo, só ajudano meu interesse por música, artistas e mercado.

Fale-me um pouco de você: Como começou sua vida profissional?
No jornalismo local, em Niterói, aos 15 anos. Depois, escrevi parajornais e revistas de música -- até um dia ir entrevistar a Rita Lee,de quem também sou fã, e ela me indicou para a direção da PolyGramcomo um cara que saca de novos talentos. Eu já tinha ouvido a Larika, primeira banda do filho dela, Beto Lee. Daí permaneci dois anos lá edepois montei, em 99, a Astronauta Discos --selo que tenho até hoje echegou a lançar a banda Galaxy, liderada pelo próprio Beto Lee, em2004. Hoje em dia escuto diversas bandas novas pop/rock e façoparceria direta com os artistas e seus empresários, além de ser editor de cultura de uma página diária no jornal A Tribuna de Niterói, colaborador da Revista Bizz novamente e pesquisador de catálogos (até agora, somente da Universal).

O público pode esperar o que de Leonardo Rivera em termos de novidades?
Ainda estamos preparando as tais novidades e você será um dos primeiros à saber!


Foto do arquivo pessoal de Leonardo Rivera. (Leo, Ronnie e Cable)

Um comentário:

Anônimo disse...

obrigado, elias sansão
está bem sincera mesmo!