dezembro 14, 2007

Pitty


Em coletiva on-line - 20 de setembro de 2007- Pitty falou sobre seu novo trabalho, o CD/DVD {Dês}concerto vivo (Deckdisc). O disco traz a show da turnê “Anacrônico”, nome do álbum mais recente da roqueira baiana, lançado há pouco mais de dois anos. Veja os melhores momentos da coletiva.

Identidade Pitty.
- Cem por cento. Tudo que acontece no meu trabalho é feito na questão de parcerias. Se eu chamo a Joana - Mazzucchelli, diretora- pra dirigir esse DVD, tudo parte do principio de sentar e conversar pra ver como vai ser. ela tem a assinatura e jeito próprio de dirigi. Eu tenho também o meu conceito e agente precisa conciliar essas duas coisas. Desde o principio agente trocou muita idéia, viu referencias juntas, trocamos vídeos. Eu não conseguiria fazer nada na minha vida se não fosse assim.

Mistério.
- Existe um mistério mesmo, sempre fui atraída pelas sombras e sempre gostei muito desse conceito. E todas as bandas que eu gosto carregam isso. Existe muito mais mistério nisso, pensar que você viu… interpretar uma imagem. Eu me sinto mais confortável no escuro, mais protegida.

Auge.
- Se é auge eu não sei. Acho que auge é uma coisa que passa… não sei o que é auge. A gente resolveu fazer esse DVD agora pra suprir uma necessidade de fechar um ciclo. Estamos vindo de dois discos, uma turnê de cinco anos que praticamente emendou a primeira com a segunda sem parar. É óbvio que eu já penso em fazer o terceiro disco, mas me deu essa sensação que pra fazer esse terceiro disco e também, precisava dar uma reclicada. Quero ter um tempo de ócio pra poder “armazenar munição”. Ler mais livros, ouvir novas músicas, criar coisas novas. Dá pânico só de pensar que eu posso continuar repetindo o que eu já fiz só porque deu certo.

Sem convidados especiais.
- Não chamei ninguém porque é o primeiro da banda. Eu achei que tinha que ser só a gente mesmo, tocando as nossas músicas, sem cover nem nada. Eu queria que as pessoas vissem o show como ele é.

Novo som.
- Música é um aprendizado. Quando eu gravei o primeiro disco era a primeira vez que eu entrava num estúdio pra fazer um lance profissional. O que eu contava era com a experiência das pessoas que estavam comigo. Ao longo desse tempo, além da experiência dessa galera, a gente vai somando a nossa pegada de já entrar sabendo o que vai fazer. Quando eu faço música eu não penso nisso de “formato”. A entrada do Martin (guitarra) na banda tem a ver com isso também.
A novidade fica por conta de duas novas canções no repertório.

Influenciar seus fãs.
- Eu não sei por que partem do principio que artista é educador, que a gente tem de ser didático. A gente não tem que ser didático. A gente tem que se expressar. No caso de “Pulsos”, essa coisa de cortar os pulsos no final como uma saída de emergência é uma metáfora. Isso pode ser interpretado em milhões de formas. Se você desiste de alguma coisa você às vezes diz “vou ali cortar os pulsos e já volto”. As pessoas precisam ir além da superficialidade e interpretar as coisas de uma forma mais profunda. E não só as músicas, mas também os livros que elas lêem e os programas que elas assistem.

DVD fora dos padrões atuais.
- Queríamos que o produto final fosse independente no sentido que a gente tivesse liberdade pra fazer do nosso jeito. Em termos estéticos, sonoros. Tinha que ser nosso.

DVD/CD ao vivo após, apenas, dois.
- Enquanto as pessoas estão pensando em “apenas” dois discos eu já estou pensando em “já” dois discos. Hoje em dia tudo é muito mais rápido e as pessoas aqui no Brasil estão presas a uma mentalidade que não entendo. Elas pensam que gravar DVD ao vivo é uma tábua de salvação para uma banda que está decadente. Isso talvez seja por causa dessa leva de DVD´s ao vivo e acústicos. Às vezes, a banda nem existe mais e faz acústico. Eu acho que isso deixou o público com uma má impressão do formato. Enquanto isso, lá fora, toda banda fodona e no auge encerra a turnê com DVD. Por conta desse pensamento que eu consegui ver a última turnê do Muse, do Queens of the Stone Age.

As canções preferidas - ao vivo.
- Eu gostei muito de “Ignorin´U”. Adorei também “Na sua estante”. “Pulsos” ficou legal, levando em consideração que é uma música nova e a gente ainda tava testando ela em alguns shows.

Referências.
- Uma referência: Tive a oportunidade de ver ao vivo, naquele esquema bem noir, o show do Nine Inch Nails no Brasil. O clima do show dos caras é um absurdo. É só luz de contra. Por mim, eu faria um show inteiro só com luz de contra. Mas aí já é “The Cure” demais. Eu gosto muito desse estilo Bauhaus.

Crise do mercado fonográfico.
- Quando assinei com a Deckdisc, a coisa já era muito diferente do que a gente ouvia falar. Assinou com a gravadora? Vai ter limusine na porta, banho de champagne, rockstar… isso não existe. Você precisa coordenar melhor às coisas e agir de acordo com o que você tem. Na Deck, a galera tem a mentalidade de independente, embora tenha um poder de fogo um pouco maior. E isso é muito bacana porque você vai fazendo as coisas conforme o resultado. Você não viaja em coisas astronômicas. Eu não sei o que vai acontecer com o mercado. O que sei é que: Vou continuar fazendo música e me adaptando as circunstâncias que aparecerem. Chegamos a pensar esse DVD em pen drive. Buscamos sempre alternativas novas.
Relação com fãs.- O contato acontece mais pela internet. Existem listas de discussão sobre a banda no site, onde tem um blog também. Pro DVD a gente criou um site para facilitar a vida dos fãs que queriam participar da gravação. Disponibilizamos “Pulsos” no site.

Experiência desse período.
- Fico feliz de olhar para trás e ver que todas as escolhas que fizemos por mais arriscadas que fossem, mas deram certo. Fizemos coisas, que teoricamente, não era pra fazer. O primeiro single da banda, Poe exemplo, era uma música de cinco minutos com parte em inglês. Loucura! Tenho muito orgulho das coisas que a gente fez.

Interpretação da mídia.
- Tem uma galera que não se deixa levar por essa coisa meio - adolescente e cult - de meter o pau no que está dando certo. Se tocar no rádio, é ruim. Legal é o Klaxons? E tem outra linha que já pensa: Gostando ou não, o trabalho daquela pessoa está rolando. Qualquer pessoa tem o direito de não gostar. O que acho chato é quando a pessoa é leviana, quando não tem embasamento nenhum pra falar.

30 anos, mas permanece no universo típico pós-adolescente.
- Claro! Minha idade mental é de 13 anos! Eu não faço música pensando em quem vai me ouvir. Pode ser um moleque de 15 ou um cara de 45 anos de idade. Eu faço música para expressar o que eu sinto e penso. Um paradigma que existe e é difícil de ser quebrado é o seguinte: O rock é tipicamente uma música jovem. O fato de se convencionar que o rock é uma música de adolescente acaba afastando um monte de adulto. Se alguém diz “Você ouve Pitty? Música de criança né?”. A pessoa já pensa que pode não gostar. Adulto tem que gostar de Burt Bacharach ou qualquer coisa cult.

- Carreira internacional.
- Já tocamos duas vezes em Portugal, fizemos dois shows no Japão e agora estamos indo para Buenos Aires fazer dois shows. Nunca fizemos projeções internacionais. Sempre fizemos a coisa passo a passo. Se rolar a oportunidade de lançar o disco por algum selo em outro país, legal.

Publicado na jornal International Magazine (capa) edição 138, novembro de 2007.

dezembro 13, 2007

Os Canibais


2007-12-12

Os Canibais, emblemático grupo musical da Jovem Guarda, tornando-se ao lado de The Fevers e Renato e Seus Blue Caps, uma das mais populares bandas de baile do Rio de Janeiro. Formado por Aramis de Barros e Fernando nas guitarras, Elydio no baixo, Horácio nos vocais, Roosevelt no órgão e Max Pierre na bateria, seu repertório trazia excelentes instrumentais e uma vasta coleção de versões de sucessos internacionais. Esta era de fato a real concepção de show de rock daquela época! Em atividade, Os Canibais lançaram Vintage - A Máquina do Tempo em 2005. Aramis (guitarra e voz), Roosevelt (piano, órgão e vocais), Mauro Machado Jr. (guitarra, violão e vocais), Michel Barros (baixo e vocais), Cosme de Abreu (bateria) e Roberto Lopes (teclado e vocais), é a atual formação dos Canibais que prepara seu próximo disco que em breve será lançado. Em entrevista exclusiva, Aramis Barros conta ás novidades, carreira e outras coisas.


Por Elias Nogueira

- Vamos começar pelo disco novo. Fale o que vem de novidades.
Têm regravações?
- Tem sim Elias, várias!
Nós sempre tivemos vontade de rever a gravação daquela demo de “Hoje Ainda é Dia de Rock” que fizemos para a antiga Polygram nos anos 70. Esta nossa versão do sucesso do Sá, Rodrix & Guarabyra ficou inédita desde então. Por conta disso chegamos até a ser bastante cobrados para regravar ou lançar a demo. Optamos por atualizar a nossa interpretação sem, no entanto perder, a essência do conteúdo original. Deu muito certo como comprova a benção que recebemos dos seus criadores Sá e Guarabyra no nosso site. Mais duas regravações de sucessos que já interpretamos ao vivo nos foram sugeridas pelos nossos fãs: “Você Me Acende” (You Turn Me On) do Erasmo Carlos e Erva Venenosa (Poison Ivy) - Golden Boys, Erva Doce, Rita Lee, Hollies, Rolling Stones. Em “Você Me Acende”, nós resgatamos a mesma levada de uma música que está no nosso primeiro Lp de 1966: “Descubram Onde o Meu Bem Está” (I Wonder Where My Baby is Tonight - Kinks), que é a mesma onda da original You Turn Me On que teve seu auge em “Menphis Tennesse” do Chuck Berry nas versões do The Animals e Johnny Rivers nos anos 60. Em “Erva Venenosa” partimos do arranjo da base instrumental do sucesso da Erva Doce (Bubbles, Bolha) dos anos 80 e acrescentamos o toque de vocais sugerindo a gravação do Golden Boys. É algo realmente novo e assustador, porque criamos um ambiente mágico e fantasmagórico, cujo personagem principal acaba em purpurina no final. Ouçam! Já “A Primeira Lágrima”, sucesso original do Renato e Seus Blue Caps, é uma música, que eu particularmente, sempre quis interpretar, por ser fã incondicional da banda. Considero essa música marcante dos anos a Jovem Guarda. Caprichamos no arranjo (cordas à lá George Martin na volta do primeiro verso), incrementamos os vocais ao estilo do Beach Boys, atualizamos e modernizamos a estrutura original da composição para uma linguagem mais próxima da compreensão desta geração. Renovamos a moldura, mas o conteúdo sempre foi muito atual. Mostrei para o Renato Barros que me agradeceu a sincera homenagem e aprovou a nossa versão. Estou devendo um MP3 que fiquei de enviar para ele. Também regravamos “Jovem Guarda” do Leno. Uma música que ele me mostrou a cerca de uns 15 anos atrás, mas que só lançou agora neste seu recente disco “Idade Mídia”. Esta gravação estava nos nossos planos há anos, mas só agora criamos as condições necessárias para isso. Vou mixar esta música na próxima semana. Espero que ele também aprove.

- Inéditas.
- Bem este é um capítulo muito especial porque hoje envolve certa estratégia de resgate de sonoridades e idéias, renovação da linguagem poética e ao mesmo tempo a nossa intenção de nos comunicarmos com a nova geração também, além dos nossos contemporâneos que sempre nos incentivaram. Como você sabe, nós tivemos o “LP Bango”, um trabalho nosso de 1970, relançado recentemente pelo selo alemão Shadoks Music e que acabou se tornando cult por conta de várias matérias classificando-o como rock-psicodélico e raridade do rock brasileiro. Na ocasião da criação deste trabalho, eu estava muito engajado com as coisas do meu tempo e pude dar partida a uma nova cara para a banda ousando mais nas composições. Porém, devido aos problemas que tivemos que enfrentar na época com a nossa gravadora, a divulgação deste trabalho parou e acabamos não dando prosseguimento à criação de músicas inéditas daquela forma que nós estávamos nos propondo e paramos literalmente de compor, só voltando a fazer nova tentativa em 74 num último compacto. Pois bem, agora nós estamos voltando a sonhar e a acreditar nas nossas criações autorais independente do que isso possa resultar comercialmente.

Assim sendo, eu tive a felicidade de compor “Flores Partidas”, que é uma celebração da vida e novas esperanças. Resumindo: Trechos do texto desta canção, as nossas marcas no espelho vieram pra ficar e o que passou, passou: Num espelho sob a luz/ as marcas que vieram pra ficar/ Imagens de avatar são desejos demais/ imagens que não voltam nunca mais... As coisas que estão acontecendo agora serão somente memórias amanhã e uma nova vida se renova a cada dia: Cada dia que se vai/ será memória a cada amanhecer/ a luz do sol virá outra vez/ e outra vez, um novo dia logo nascerá... Esta canção já está sendo muito bem aceita em sites de relacionamento pela Internet como o Orkut, Gazzag e My Space, e através das muitas mensagens que estão sendo postadas diretamente no nosso site. Apenas como referência, procuramos ser coerentes com o nosso tempo adaptando os arranjos ao estilo do The Traveling Wilburys, banda formada nos anos 80 por George Harrison, Roy Orbison, Bob Dylan, Tom Petty, Jeff Lynne e Jim Keltner.

Na mesma onda criamos também “Amigos do Peito” que é uma composição minha antiga e que só agora eu e o Mauro fizemos uma letra definitiva, para homenagear todos os nossos amigos e celebrar esta união que nos mantém próximos há tanto tempo na banda. Não só os que estão atualmente na ativa, como também os demais como o meu irmão Elydio, Max, Wagner, Horácio, Sergio e Fernando. Acabou se tornando um hino no Orkut. Das dedicatórias de amizade e aniversariantes por conta de um vídeo que está no Youtube, criado pela Claudia Patrícia que nos assessora em nosso site e promoções na Internet.

Outra inédita feita objetivamente para a nova geração é, “Tão Perfeito, Tão Real”. É um pouco da nossa trajetória desde que optamos por abraçar a carreira musical na nossa juventude: Se alguém me visse agora/ depois de tanto tempo/ largo tudo mas os meus sonhos jamais.../ e ainda quero mais. Acho que exprime bem este momento de volta, de manter acesa uma chama. Estamos dando uma dica de perseverança: Se você não sai agora/ ou qualquer dia desses/ perde o bonde e o tempo não volta atrás.../ Eu sonho sempre mais...
Adotamos nos arranjos diversas citações de Beatles e Mutantes a Eric Clapton para reforçar a idéia de liberdade de imaginação e opção profissional, mas sem nunca se perder o chão.

“Quero Você” é a minha primeira parceria com o meu filho Michel, que hoje é o baixista dos Canibais. Criamos uma aura esotérica com o uso de efeitos de instrumentos indianos tradicionais, como a tabla e a cítara para sublinhar um texto de cunho religioso que exalta a paz e a fé em Deus. A nossa vivência e admiração pelo estilo indiano dos sucessos de George Harrison, nos levaram a seguir este caminho para a concepção deste arranjo em sua homenagem.

“Se Manda, Vai à Luta, Sai Daqui”, é uma composição bem humorada minha e do Roosevelt em homenagem à Jovem Guarda. Porque não se gravam músicas inéditas da Jovem Guarda, assim como tem sido feito com o rock dos anos 80. A Jovem Guarda é precursora de tudo o que aconteceu depois no cenário do pop-rock tupiniquim. Os artistas consagrados da Jovem Guarda até hoje são grande sucesso de público onde quer que se apresentem com o seu repertório, mas o mercado de discos ficou limitado a se repetir, só lançando os seus sucessos originais ou as suas ótimas regravações dos mesmos sucessos e vetando músicas inéditas. Nós achamos muito importante e coerente e estamos propondo que se criem novas canções mantendo o mesmo clima daqueles anos, sem inventar. Porque não uma nova “Prova de Fogo”, “Gatinha Manhosa”, “Nossa Canção” ou “Quero Que vá Tudo pro Inferno”? Novas criações com a mesma estrutura de antes. Sem modernismos desnecessários, que não façam parte da própria experiência e característica destes artistas. Nesta música procuramos mixar vários elementos de composição e arranjos que marcaram os principais hits dos anos 60, com detalhes técnicos vocais e harmônicos mais recentes, inerentes ao estilo da nossa banda. Você pode reconhecer, por exemplo facilmente à levada de Taxman dos Beatles, que havia sido usada em “Quando” do Roberto Carlos e mais recentemente no tema “Yen On A Carroussel” do filme Doze Homens e um Segredo. Também é evidente a marca registrada dos solos de órgão do Lafayette que o Roosevelt tão bem relembrou, bem como os metais e solos de guitarra tradicionais de bandas como Jet Blacks, Jordans e The Pop's, finalizado pelos efeitos de escala e overdrive de guitarra mais atual incrementados pelo Mauro.
Taí uma dica!

“Tão Pouco Pra Ser Feliz” é outra canção antiga do Mauro que só agora ajudei e terminar. É uma mensagem até certo ponto saudosista da nossa juventude, mas sem qualquer tipo de preconceito. De uma época que não tínhamos qualquer tipo de preocupação maior do que ir ao cinema, à praia, estudar e sonhar. Sonhar muito! Tempos mais leve que nos permitiam sair à rua a qualquer hora, sem medo do que está depois da próxima esquina ou cruzamento. Sem medo de aids, bala perdida ou guerra do tráfico de drogas, seqüestros, assaltos em bancos...
É portanto uma festa para sacudir novos e antigos, tirar o pé do chão e cantar muito: Ah, tudo que eu sempre quis/ tão pouco pra ser feliz...

“Dias de Sol e Finais Felizes” Até Que Enfim Tá Chegando A Hora/ Na Minha História Não Vai Chover/ Dias De Sol E Finais Felizes/ Só Quando Eu Estou Com Você. Nesta música do Mauro procuramos relembrar uma outra antiga gravação dos Canibais: “Reencontro”, lançada no final dos anos 60 e das coisas românticas do Bango. O clima é mais acústico com violões e acordeom na onda das melhores baladas de Paul McCartney dos Beatles com leves toques de MPB. É ver para crer, ou melhor, ouvir para crer!

Ainda tem “A Estrada” é uma versão bastante radiofônica e muito comercial de The Way da banda Fastball, que é muito semelhante também a nossa história de vida. Pegamos as malas pusemos o pé na estrada sem olhar pra trás e foi a melhor coisa que fizemos na vida... Tudo o mais só veio a somar: a família, os filhos, os amigos, e a carreira profissional. Apesar de ainda não termos um Cd físico, as mixagens que vão sendo finalizadas, eu tenho exposto no site da banda, na Trama Virtual, Bandas de Garagem e Reverbnation. Até finalizarmos tudo e conseguirmos uma boa distribuição do CD!
Alô-ow!! He,he,he...

- No disco, anterior, a banda fez releituras de clássicos internacionais.
Diferentemente de hoje, durante os anos 60 e grande parte dos anos 70, o repertório das bandas de baile era principalmente de sucessos internacionais. Foram estes hits que deram (régua e compasso) aos precursores do rock nacional e tudo o mais que aconteceu daí por diante. Como estávamos comemorando cerca de 40 anos de amizade entre os componentes dos Canibais, havíamos parado em 1975, portanto não seria o aniversário da banda, nós procuramos reunir um repertório significativo para relembrar o nosso tempo. Claro que não daria para exprimir em apenas 15 faixas tudo o que tocamos em 10 anos, de 1965 a 1975, até porque teríamos que realizar uma série, com vários volumes, apenas para arranhar superficialmente uma era tão rica de tantos sucessos. Mas o “Vintage, A Máquina do Tempo”, está cumprindo o seu objetivo de dar uma idéia do que Os Canibais são capazes de realizar ao vivo! O reconhecimento a este trabalho é excelente. Apesar de não ser um CD destinado á grande execução pública, já que está fora dos parâmetros atuais das rádios de ponta. É sido bastante executado nas rádios web e está bem divulgado em todas as regiões do país. Tenho recebido muitas manifestações de apoio e elogios de Porto Alegre a Manaus! A partir deste trabalho conseguimos chegar até você, Marcelo Fróes, Cirilo Reis (Rádio Nacional e Manchete), David Rangel (Globo), William Travassos (Manchete), Sonia Monte e Ângela Cristina (Band), Haroldo de Andrade, Maurício Menezes e Luiz Campos (Rádio Tupi), Alexandre Amorim (Paradiso), Antena Um, Rádio Uol, Programa Contra Mão... Cedemos várias e importantes entrevistas contando esta trajetória toda, inclusive até para a revista italiana Misty Lane. Está tudo lá documentado no nosso site.

- Como foi o retorno dos Canibais?
- Nos anos 90, por força de uma grande saudade dos nossos tempos de baile, começamos a nos reencontrar musicalmente, apesar de nunca termos nos afastado pessoalmente. Realizamos nossas festas de aniversário, de filhos, amigos... enfim, qualquer desculpa era o suficiente para montarmos o equipamento. Daí começaram a aparecer propostas para tocar em diversos lugares pela cidade. Foi assim no Teatro João Caetano e Clube Bonsucesso para o programa do Roberto Canazio, então na Rádio Manchete, Na Magique, Governador Iate Club, Boate Bicão (La Playa) e Jequiá Iate Club na Ilha do Governador, Festas de final de ano para a Som Livre. Isso foi reavivando a nossa vontade de voltar a tocar profissionalmente.

- Quais são os integrantes da primeira formação? Quem saiu e quem entrou?
- Essa história é longa! A primeira formação de 1965: Aramis, Elydio, Max Pierre e Wagner. O power trio – Aramis, Elydio e Max – guitarra, baixo e bateria, permaneceu na banda do início ao fim. Ainda no primeiro ano, o Wagner que era o baixista original saiu e trouxemos outro amigo do Colégio Souza Aguiar, o Sergio Ferraz para a guitarra solo e o meu irmão Elydio assumiu desde então o baixo. Em 1966, com a necessidade de termos um organista que também vocalizasse conosco, trouxemos o Horácio por intermédio da Denise Barreto. Ele acabou sendo a voz solo de “Gina” nosso primeiro grande sucesso. No ano seguinte, porém, o Horácio seguiu carreira solo e trouxemos o Roosevelt para assumir os teclados. Gravamos o primeiro LP que tinha “Garota teimosa” ainda em 1966 iniciando com o Horácio e terminando com o Roosevelt. Esta formação: Aramis, Elydio, Max, Sergio e Roosevelt permaneceu até 1969. Durante este tempo fomos, uma das principais, banda de apoio de todos os artistas da Jovem Guarda nos principais musicais de TV como a Festa do Bolinha do Jair De Taumaturgo, José Messias, Rio Hit Parade, A Grande Parada, Um Instante Maestro, Show Barra Limpa do Carlos Imperial, etc e tal. Em 1969, por divergências artísticas o Sergio saiu e trouxemos o Fernando Borges para a guitarra solo, que nos acompanhou durante toda a nossa grande fase de bailes até 1973, quando saiu e entrou o Mauro Machado até 1975 e que está na atual formação também. Durante aquelas festas dos anos 90, o Fefê, ex-baterista do Roupa Nova esteve conosco também. Hoje somos eu, meu filho Michel no baixo, o Mauro na guitarra solo, Roosevelt nos teclados e o Cosme de Abreu na bateria. De vez em quando o Serginho Barros do The Sunshines também tem assumido a bateria.

- Quantos discos lançados?
- Com o “Vintage...” são dez discos e mais três participações em compilações, inclusive na novela Explode Coração da Tv Globo.

- Agenda de shows. Como anda?
- Temos feito uma média de dois shows por mês desde o lançamento do Vintage, o que para quem não está na mídia á tanto tempo, e para os nossos objetivos tem sido satisfatório. Temos nos apresentado em casas significativas como o Teatro Odisséia, Mistura Fina, FNAC, Rio Rock & Blues Club, Nova Estudantina (com Lafayette e Os Tremendões), Espaço Constituição (com Érika Martins, Gabriel Thomaz, Brazilian Bitles, Sunshines, Getúlio Cortes e The Pop’s) New Books, Modern Sound (part. de Leno, Ed Wilson, Jerry Adriani, Fevers e Getúlio Cortes), Café Etílico, Pontal Country Club, Icaraí Iate Club, A. A. Portuguesa na Ilha, Espaço Marlene (com a part. de Sunshines, Brazilian Bitles, Edson Wander e Getúlio Cortes). Para empresas como a TVA (Rio Othon), Clube do BNDS, Shopping Tijuca, Siqueira e Castro Advogados (Porção Rio’s)... A convite do Cirilo Reis (valeu Cirilo!) também tivemos a grata oportunidade de realizar um especial dos Canibais ao vivo no auditório da Rádio Nacional – “Acústico Jovem Guarda”, com a participação dos Sunshines, Getúlio Cortes, Paulinho Pereira e Edson Wander. Para o próximo ano, estamos criando também parcerias para realizarmos shows com bandas dos anos 60 como Os Credenciados, Sunshines, The Pop’s e Brazilian Bitles e já temos novos contatos para nos apresentarmos em novas casas de show do Rio de Janeiro como, em breve, no Cavern Club, na nova sede do Rio Rock & Blues Club no Centro e demais casas que ainda não estivemos ao vivo.

- Shows fora do Rio de Janeiro?
- Niterói!! (risos) Nossa recente excursão pela Europa e Ásia não conta... (Londres, Paris, Amsterdã, Lisboa, Roma, Berlim, Madrid, Japão...) risos!!! Mas falando sério, temos feito vários contatos para o interior do Rio, São Paulo e nordeste. Teve até um certo empresário, especializado em Jovem Guarda e nordeste, que solicitou o nosso material, site etc. Mas ainda não aconteceu nada. Talvez ele não tenha gostado do que viu e ouviu...

dezembro 11, 2007

Trícia


As cores formam a inspiração básica da obra da artista plástica Trícia Penna, com influências acadêmicas vinda da família, mais precisamente de seu bisavô Carlos Abriatta. Com o passar do tempo, suas pesquisas e o contato com pessoas e artistas, que buscavam aperfeiçoamento, fez com que Trícia e Zdipace (sua mãe) criassem a Pacearte Studio. Hoje a Pacearte completa 14 anos de existência e têm em seu upgrade cursos para crianças, adolescentes, adultos iniciantes ou para aperfeiçoamento, em pintura, desenho, escultura ou aquarela. Para homenagear sua herança artística, a Pacearte Studio criou o Salão de Artes Plásticas Carlos Abriatta no qual todo fim de ano os alunos expõem suas obras realizadas durante o período e que freqüentaram em sala de aula. Foi em uma dessas exposições que, eu, pude conhecer de perto a obras e também, conversar e fazer uma entrevista com Trícia. Artista plástica dedicada ao que faz demonstrando talento em suas obras. Acompanhe em entrevista, exclusiva, com a artista responsável pelo desenvolvimento, educação e divulgação das Artes Plásticas. Senhoras e senhores! Com vocês! Trícia!

- Como senhora se descobriu na arte? Vem de família?
- Minha história na pintura começa com meu bisavô vindo do norte da Itália de Turim fugindo das confusões com o fascismo. Ele já era pintor nesta época. No Brasil instalou-se em Ribeirão Preto onde até hoje alguns de seus afrescos estão nas paredes da Igreja Matriz no centro da cidade. Cresci vendo minha mãe pintar com hobby e no decorrer de sua vida foi entrando no mercado artístico através da cidade de Embu das Artes, onde meus pais tiveram por muitos anos uma galeria de arte.

- Quais os cursos que a senhora fez dentro do segmento?
- Cursei bacharelado e licenciatura pela em artes plásticas na FEBASP e outros vários cursos.

- A Trícia já exibiu sua arte em diferentes lugares?
- Sim , já expus no Centro Cultural São Paulo, MAC do Ibirapuera, Galeria Gerot, Jocal, na Pacerate Gallery no Embu, Clube Espéria, Clube Pinheiros, Clube Paulistano, dentre outros.

- Gostaria que a senhora falasse da Pacearte Studio.
- Bem, a Pacearte é a realização de um sonho, onde o objetivo, através da arte, poder informar, conscientizar e concretizar a cultura e a realização interior das pessoas nesta sociedade tão necessitada de novos horizontes. A arte tem uma linguagem universal onde a expressão é capitada independentemente da cor, do credo ou da cultura do observador. O estúdio foi inaugurado em 1995, na zona sul de São Paulo, um bairro de classe média. Eu e minha mãe vivenciamos a falta de um curso em São Paulo, o qual tivesse como metodologia de ensino o desenho, a pintura, a plástica e a técnica. Todos caminhando juntos abreviando a evolução de cada aluno. Tornando o aprendizado mais fácil e accessível financeiramente a todos.

- Onde a senhora encontra inspiração para criar?
- Tudo me inspira! Acho que o artista enxerga aquilo que aos olhos da maioria passa desapercebido. Sou desde pequena muito observadora e, as imagens as cores, as formas do cotidiano me tocam! A natureza em zoom, por exemplo. Nos Estados Unidos descobri o hiper realismo. Adoro! Porque une o clássico á precisão técnica do renascimento e a modernidade de nossos dias.

- Se a senhora tivesse que citar nomes de artistas plásticos, quais os três primeiros da lista?
- Michelangelo, Monet, Dali.

- Exposição no Rio de Janeiro e em outras capitais poderá acontecer?
- Eu tenho uma paixão pelo Rio, a Lili Carvalho, minha aluna, sabe disso! É que meu marido trabalhou durante três anos lá e eu ia quase todo final de semana. Não vejo problema algum, gosto do meu país, já participei de muitos salões pelo Brasil mas na maioria das vezes só enviei as obras.

- Hoje muitos artistas colocam suas obras em livro. Já pensou na idéia?
- Tenho despendido um cuidado em relação a isso! Acho importante incentivar o artista, o crítico, o designer, o arquiteto e todos os amantes das artes a buscar o conhecimento de uma forma criativa e dinâmica, através de anuários de artes, revistas, revistas virtuais e porque não livros?

- No Brasil existem artistas, de vários segmentos, que não tem oportunidade de mostrar sua arte. A senhora acha que o país deveria dar mais valor, incentivo, apoio... Ao artista brasileiro?
- Sem duvida nosso país é falho em vários setores! Nas artes, nem se fala.... Não gosto de ficar esperando e acredito que devagar, mas de maneira perseverante, podemos desenvolver um senso crítico naqueles que buscam o conhecimento. Para ser mais clara o que a Pacearte faz para mudar? Ou melhor, influenciar o seu meio de atuação? São ministradas palestras de história da arte gratuitas sobre a vida e obras dos artistas. Para que ao final, se tenha um debate sócio, político e econômico sobre o assunto. Visitas a exposições em museus, com monitoramento, são feitas. Dessa maneira, você faz com que as pessoas passem a pensar por si próprias. Quando se finaliza uma obra, a auto-estima da pessoa em saber que ela criou e executou uma obra de arte, é maravilhosa! Você vê pessoas descobrindo um mundo novo que elas não sabiam que existia! Isso não tem preço! Precisamos de mais apoio sim! De uma política de incentivo com investimento financeiro mais sólida e concreta à nossa sociedade. Pois é difícil você formar e desenvolver um artista em uma pessoa sem cultura, onde a luta pela sobrevivência é maior. Por isso acho que nossos artistas são guerreiros utópicos numa sociedade em luta pela sobrevivência.