dezembro 14, 2007

Pitty


Em coletiva on-line - 20 de setembro de 2007- Pitty falou sobre seu novo trabalho, o CD/DVD {Dês}concerto vivo (Deckdisc). O disco traz a show da turnê “Anacrônico”, nome do álbum mais recente da roqueira baiana, lançado há pouco mais de dois anos. Veja os melhores momentos da coletiva.

Identidade Pitty.
- Cem por cento. Tudo que acontece no meu trabalho é feito na questão de parcerias. Se eu chamo a Joana - Mazzucchelli, diretora- pra dirigir esse DVD, tudo parte do principio de sentar e conversar pra ver como vai ser. ela tem a assinatura e jeito próprio de dirigi. Eu tenho também o meu conceito e agente precisa conciliar essas duas coisas. Desde o principio agente trocou muita idéia, viu referencias juntas, trocamos vídeos. Eu não conseguiria fazer nada na minha vida se não fosse assim.

Mistério.
- Existe um mistério mesmo, sempre fui atraída pelas sombras e sempre gostei muito desse conceito. E todas as bandas que eu gosto carregam isso. Existe muito mais mistério nisso, pensar que você viu… interpretar uma imagem. Eu me sinto mais confortável no escuro, mais protegida.

Auge.
- Se é auge eu não sei. Acho que auge é uma coisa que passa… não sei o que é auge. A gente resolveu fazer esse DVD agora pra suprir uma necessidade de fechar um ciclo. Estamos vindo de dois discos, uma turnê de cinco anos que praticamente emendou a primeira com a segunda sem parar. É óbvio que eu já penso em fazer o terceiro disco, mas me deu essa sensação que pra fazer esse terceiro disco e também, precisava dar uma reclicada. Quero ter um tempo de ócio pra poder “armazenar munição”. Ler mais livros, ouvir novas músicas, criar coisas novas. Dá pânico só de pensar que eu posso continuar repetindo o que eu já fiz só porque deu certo.

Sem convidados especiais.
- Não chamei ninguém porque é o primeiro da banda. Eu achei que tinha que ser só a gente mesmo, tocando as nossas músicas, sem cover nem nada. Eu queria que as pessoas vissem o show como ele é.

Novo som.
- Música é um aprendizado. Quando eu gravei o primeiro disco era a primeira vez que eu entrava num estúdio pra fazer um lance profissional. O que eu contava era com a experiência das pessoas que estavam comigo. Ao longo desse tempo, além da experiência dessa galera, a gente vai somando a nossa pegada de já entrar sabendo o que vai fazer. Quando eu faço música eu não penso nisso de “formato”. A entrada do Martin (guitarra) na banda tem a ver com isso também.
A novidade fica por conta de duas novas canções no repertório.

Influenciar seus fãs.
- Eu não sei por que partem do principio que artista é educador, que a gente tem de ser didático. A gente não tem que ser didático. A gente tem que se expressar. No caso de “Pulsos”, essa coisa de cortar os pulsos no final como uma saída de emergência é uma metáfora. Isso pode ser interpretado em milhões de formas. Se você desiste de alguma coisa você às vezes diz “vou ali cortar os pulsos e já volto”. As pessoas precisam ir além da superficialidade e interpretar as coisas de uma forma mais profunda. E não só as músicas, mas também os livros que elas lêem e os programas que elas assistem.

DVD fora dos padrões atuais.
- Queríamos que o produto final fosse independente no sentido que a gente tivesse liberdade pra fazer do nosso jeito. Em termos estéticos, sonoros. Tinha que ser nosso.

DVD/CD ao vivo após, apenas, dois.
- Enquanto as pessoas estão pensando em “apenas” dois discos eu já estou pensando em “já” dois discos. Hoje em dia tudo é muito mais rápido e as pessoas aqui no Brasil estão presas a uma mentalidade que não entendo. Elas pensam que gravar DVD ao vivo é uma tábua de salvação para uma banda que está decadente. Isso talvez seja por causa dessa leva de DVD´s ao vivo e acústicos. Às vezes, a banda nem existe mais e faz acústico. Eu acho que isso deixou o público com uma má impressão do formato. Enquanto isso, lá fora, toda banda fodona e no auge encerra a turnê com DVD. Por conta desse pensamento que eu consegui ver a última turnê do Muse, do Queens of the Stone Age.

As canções preferidas - ao vivo.
- Eu gostei muito de “Ignorin´U”. Adorei também “Na sua estante”. “Pulsos” ficou legal, levando em consideração que é uma música nova e a gente ainda tava testando ela em alguns shows.

Referências.
- Uma referência: Tive a oportunidade de ver ao vivo, naquele esquema bem noir, o show do Nine Inch Nails no Brasil. O clima do show dos caras é um absurdo. É só luz de contra. Por mim, eu faria um show inteiro só com luz de contra. Mas aí já é “The Cure” demais. Eu gosto muito desse estilo Bauhaus.

Crise do mercado fonográfico.
- Quando assinei com a Deckdisc, a coisa já era muito diferente do que a gente ouvia falar. Assinou com a gravadora? Vai ter limusine na porta, banho de champagne, rockstar… isso não existe. Você precisa coordenar melhor às coisas e agir de acordo com o que você tem. Na Deck, a galera tem a mentalidade de independente, embora tenha um poder de fogo um pouco maior. E isso é muito bacana porque você vai fazendo as coisas conforme o resultado. Você não viaja em coisas astronômicas. Eu não sei o que vai acontecer com o mercado. O que sei é que: Vou continuar fazendo música e me adaptando as circunstâncias que aparecerem. Chegamos a pensar esse DVD em pen drive. Buscamos sempre alternativas novas.
Relação com fãs.- O contato acontece mais pela internet. Existem listas de discussão sobre a banda no site, onde tem um blog também. Pro DVD a gente criou um site para facilitar a vida dos fãs que queriam participar da gravação. Disponibilizamos “Pulsos” no site.

Experiência desse período.
- Fico feliz de olhar para trás e ver que todas as escolhas que fizemos por mais arriscadas que fossem, mas deram certo. Fizemos coisas, que teoricamente, não era pra fazer. O primeiro single da banda, Poe exemplo, era uma música de cinco minutos com parte em inglês. Loucura! Tenho muito orgulho das coisas que a gente fez.

Interpretação da mídia.
- Tem uma galera que não se deixa levar por essa coisa meio - adolescente e cult - de meter o pau no que está dando certo. Se tocar no rádio, é ruim. Legal é o Klaxons? E tem outra linha que já pensa: Gostando ou não, o trabalho daquela pessoa está rolando. Qualquer pessoa tem o direito de não gostar. O que acho chato é quando a pessoa é leviana, quando não tem embasamento nenhum pra falar.

30 anos, mas permanece no universo típico pós-adolescente.
- Claro! Minha idade mental é de 13 anos! Eu não faço música pensando em quem vai me ouvir. Pode ser um moleque de 15 ou um cara de 45 anos de idade. Eu faço música para expressar o que eu sinto e penso. Um paradigma que existe e é difícil de ser quebrado é o seguinte: O rock é tipicamente uma música jovem. O fato de se convencionar que o rock é uma música de adolescente acaba afastando um monte de adulto. Se alguém diz “Você ouve Pitty? Música de criança né?”. A pessoa já pensa que pode não gostar. Adulto tem que gostar de Burt Bacharach ou qualquer coisa cult.

- Carreira internacional.
- Já tocamos duas vezes em Portugal, fizemos dois shows no Japão e agora estamos indo para Buenos Aires fazer dois shows. Nunca fizemos projeções internacionais. Sempre fizemos a coisa passo a passo. Se rolar a oportunidade de lançar o disco por algum selo em outro país, legal.

Publicado na jornal International Magazine (capa) edição 138, novembro de 2007.

dezembro 13, 2007

Os Canibais


2007-12-12

Os Canibais, emblemático grupo musical da Jovem Guarda, tornando-se ao lado de The Fevers e Renato e Seus Blue Caps, uma das mais populares bandas de baile do Rio de Janeiro. Formado por Aramis de Barros e Fernando nas guitarras, Elydio no baixo, Horácio nos vocais, Roosevelt no órgão e Max Pierre na bateria, seu repertório trazia excelentes instrumentais e uma vasta coleção de versões de sucessos internacionais. Esta era de fato a real concepção de show de rock daquela época! Em atividade, Os Canibais lançaram Vintage - A Máquina do Tempo em 2005. Aramis (guitarra e voz), Roosevelt (piano, órgão e vocais), Mauro Machado Jr. (guitarra, violão e vocais), Michel Barros (baixo e vocais), Cosme de Abreu (bateria) e Roberto Lopes (teclado e vocais), é a atual formação dos Canibais que prepara seu próximo disco que em breve será lançado. Em entrevista exclusiva, Aramis Barros conta ás novidades, carreira e outras coisas.


Por Elias Nogueira

- Vamos começar pelo disco novo. Fale o que vem de novidades.
Têm regravações?
- Tem sim Elias, várias!
Nós sempre tivemos vontade de rever a gravação daquela demo de “Hoje Ainda é Dia de Rock” que fizemos para a antiga Polygram nos anos 70. Esta nossa versão do sucesso do Sá, Rodrix & Guarabyra ficou inédita desde então. Por conta disso chegamos até a ser bastante cobrados para regravar ou lançar a demo. Optamos por atualizar a nossa interpretação sem, no entanto perder, a essência do conteúdo original. Deu muito certo como comprova a benção que recebemos dos seus criadores Sá e Guarabyra no nosso site. Mais duas regravações de sucessos que já interpretamos ao vivo nos foram sugeridas pelos nossos fãs: “Você Me Acende” (You Turn Me On) do Erasmo Carlos e Erva Venenosa (Poison Ivy) - Golden Boys, Erva Doce, Rita Lee, Hollies, Rolling Stones. Em “Você Me Acende”, nós resgatamos a mesma levada de uma música que está no nosso primeiro Lp de 1966: “Descubram Onde o Meu Bem Está” (I Wonder Where My Baby is Tonight - Kinks), que é a mesma onda da original You Turn Me On que teve seu auge em “Menphis Tennesse” do Chuck Berry nas versões do The Animals e Johnny Rivers nos anos 60. Em “Erva Venenosa” partimos do arranjo da base instrumental do sucesso da Erva Doce (Bubbles, Bolha) dos anos 80 e acrescentamos o toque de vocais sugerindo a gravação do Golden Boys. É algo realmente novo e assustador, porque criamos um ambiente mágico e fantasmagórico, cujo personagem principal acaba em purpurina no final. Ouçam! Já “A Primeira Lágrima”, sucesso original do Renato e Seus Blue Caps, é uma música, que eu particularmente, sempre quis interpretar, por ser fã incondicional da banda. Considero essa música marcante dos anos a Jovem Guarda. Caprichamos no arranjo (cordas à lá George Martin na volta do primeiro verso), incrementamos os vocais ao estilo do Beach Boys, atualizamos e modernizamos a estrutura original da composição para uma linguagem mais próxima da compreensão desta geração. Renovamos a moldura, mas o conteúdo sempre foi muito atual. Mostrei para o Renato Barros que me agradeceu a sincera homenagem e aprovou a nossa versão. Estou devendo um MP3 que fiquei de enviar para ele. Também regravamos “Jovem Guarda” do Leno. Uma música que ele me mostrou a cerca de uns 15 anos atrás, mas que só lançou agora neste seu recente disco “Idade Mídia”. Esta gravação estava nos nossos planos há anos, mas só agora criamos as condições necessárias para isso. Vou mixar esta música na próxima semana. Espero que ele também aprove.

- Inéditas.
- Bem este é um capítulo muito especial porque hoje envolve certa estratégia de resgate de sonoridades e idéias, renovação da linguagem poética e ao mesmo tempo a nossa intenção de nos comunicarmos com a nova geração também, além dos nossos contemporâneos que sempre nos incentivaram. Como você sabe, nós tivemos o “LP Bango”, um trabalho nosso de 1970, relançado recentemente pelo selo alemão Shadoks Music e que acabou se tornando cult por conta de várias matérias classificando-o como rock-psicodélico e raridade do rock brasileiro. Na ocasião da criação deste trabalho, eu estava muito engajado com as coisas do meu tempo e pude dar partida a uma nova cara para a banda ousando mais nas composições. Porém, devido aos problemas que tivemos que enfrentar na época com a nossa gravadora, a divulgação deste trabalho parou e acabamos não dando prosseguimento à criação de músicas inéditas daquela forma que nós estávamos nos propondo e paramos literalmente de compor, só voltando a fazer nova tentativa em 74 num último compacto. Pois bem, agora nós estamos voltando a sonhar e a acreditar nas nossas criações autorais independente do que isso possa resultar comercialmente.

Assim sendo, eu tive a felicidade de compor “Flores Partidas”, que é uma celebração da vida e novas esperanças. Resumindo: Trechos do texto desta canção, as nossas marcas no espelho vieram pra ficar e o que passou, passou: Num espelho sob a luz/ as marcas que vieram pra ficar/ Imagens de avatar são desejos demais/ imagens que não voltam nunca mais... As coisas que estão acontecendo agora serão somente memórias amanhã e uma nova vida se renova a cada dia: Cada dia que se vai/ será memória a cada amanhecer/ a luz do sol virá outra vez/ e outra vez, um novo dia logo nascerá... Esta canção já está sendo muito bem aceita em sites de relacionamento pela Internet como o Orkut, Gazzag e My Space, e através das muitas mensagens que estão sendo postadas diretamente no nosso site. Apenas como referência, procuramos ser coerentes com o nosso tempo adaptando os arranjos ao estilo do The Traveling Wilburys, banda formada nos anos 80 por George Harrison, Roy Orbison, Bob Dylan, Tom Petty, Jeff Lynne e Jim Keltner.

Na mesma onda criamos também “Amigos do Peito” que é uma composição minha antiga e que só agora eu e o Mauro fizemos uma letra definitiva, para homenagear todos os nossos amigos e celebrar esta união que nos mantém próximos há tanto tempo na banda. Não só os que estão atualmente na ativa, como também os demais como o meu irmão Elydio, Max, Wagner, Horácio, Sergio e Fernando. Acabou se tornando um hino no Orkut. Das dedicatórias de amizade e aniversariantes por conta de um vídeo que está no Youtube, criado pela Claudia Patrícia que nos assessora em nosso site e promoções na Internet.

Outra inédita feita objetivamente para a nova geração é, “Tão Perfeito, Tão Real”. É um pouco da nossa trajetória desde que optamos por abraçar a carreira musical na nossa juventude: Se alguém me visse agora/ depois de tanto tempo/ largo tudo mas os meus sonhos jamais.../ e ainda quero mais. Acho que exprime bem este momento de volta, de manter acesa uma chama. Estamos dando uma dica de perseverança: Se você não sai agora/ ou qualquer dia desses/ perde o bonde e o tempo não volta atrás.../ Eu sonho sempre mais...
Adotamos nos arranjos diversas citações de Beatles e Mutantes a Eric Clapton para reforçar a idéia de liberdade de imaginação e opção profissional, mas sem nunca se perder o chão.

“Quero Você” é a minha primeira parceria com o meu filho Michel, que hoje é o baixista dos Canibais. Criamos uma aura esotérica com o uso de efeitos de instrumentos indianos tradicionais, como a tabla e a cítara para sublinhar um texto de cunho religioso que exalta a paz e a fé em Deus. A nossa vivência e admiração pelo estilo indiano dos sucessos de George Harrison, nos levaram a seguir este caminho para a concepção deste arranjo em sua homenagem.

“Se Manda, Vai à Luta, Sai Daqui”, é uma composição bem humorada minha e do Roosevelt em homenagem à Jovem Guarda. Porque não se gravam músicas inéditas da Jovem Guarda, assim como tem sido feito com o rock dos anos 80. A Jovem Guarda é precursora de tudo o que aconteceu depois no cenário do pop-rock tupiniquim. Os artistas consagrados da Jovem Guarda até hoje são grande sucesso de público onde quer que se apresentem com o seu repertório, mas o mercado de discos ficou limitado a se repetir, só lançando os seus sucessos originais ou as suas ótimas regravações dos mesmos sucessos e vetando músicas inéditas. Nós achamos muito importante e coerente e estamos propondo que se criem novas canções mantendo o mesmo clima daqueles anos, sem inventar. Porque não uma nova “Prova de Fogo”, “Gatinha Manhosa”, “Nossa Canção” ou “Quero Que vá Tudo pro Inferno”? Novas criações com a mesma estrutura de antes. Sem modernismos desnecessários, que não façam parte da própria experiência e característica destes artistas. Nesta música procuramos mixar vários elementos de composição e arranjos que marcaram os principais hits dos anos 60, com detalhes técnicos vocais e harmônicos mais recentes, inerentes ao estilo da nossa banda. Você pode reconhecer, por exemplo facilmente à levada de Taxman dos Beatles, que havia sido usada em “Quando” do Roberto Carlos e mais recentemente no tema “Yen On A Carroussel” do filme Doze Homens e um Segredo. Também é evidente a marca registrada dos solos de órgão do Lafayette que o Roosevelt tão bem relembrou, bem como os metais e solos de guitarra tradicionais de bandas como Jet Blacks, Jordans e The Pop's, finalizado pelos efeitos de escala e overdrive de guitarra mais atual incrementados pelo Mauro.
Taí uma dica!

“Tão Pouco Pra Ser Feliz” é outra canção antiga do Mauro que só agora ajudei e terminar. É uma mensagem até certo ponto saudosista da nossa juventude, mas sem qualquer tipo de preconceito. De uma época que não tínhamos qualquer tipo de preocupação maior do que ir ao cinema, à praia, estudar e sonhar. Sonhar muito! Tempos mais leve que nos permitiam sair à rua a qualquer hora, sem medo do que está depois da próxima esquina ou cruzamento. Sem medo de aids, bala perdida ou guerra do tráfico de drogas, seqüestros, assaltos em bancos...
É portanto uma festa para sacudir novos e antigos, tirar o pé do chão e cantar muito: Ah, tudo que eu sempre quis/ tão pouco pra ser feliz...

“Dias de Sol e Finais Felizes” Até Que Enfim Tá Chegando A Hora/ Na Minha História Não Vai Chover/ Dias De Sol E Finais Felizes/ Só Quando Eu Estou Com Você. Nesta música do Mauro procuramos relembrar uma outra antiga gravação dos Canibais: “Reencontro”, lançada no final dos anos 60 e das coisas românticas do Bango. O clima é mais acústico com violões e acordeom na onda das melhores baladas de Paul McCartney dos Beatles com leves toques de MPB. É ver para crer, ou melhor, ouvir para crer!

Ainda tem “A Estrada” é uma versão bastante radiofônica e muito comercial de The Way da banda Fastball, que é muito semelhante também a nossa história de vida. Pegamos as malas pusemos o pé na estrada sem olhar pra trás e foi a melhor coisa que fizemos na vida... Tudo o mais só veio a somar: a família, os filhos, os amigos, e a carreira profissional. Apesar de ainda não termos um Cd físico, as mixagens que vão sendo finalizadas, eu tenho exposto no site da banda, na Trama Virtual, Bandas de Garagem e Reverbnation. Até finalizarmos tudo e conseguirmos uma boa distribuição do CD!
Alô-ow!! He,he,he...

- No disco, anterior, a banda fez releituras de clássicos internacionais.
Diferentemente de hoje, durante os anos 60 e grande parte dos anos 70, o repertório das bandas de baile era principalmente de sucessos internacionais. Foram estes hits que deram (régua e compasso) aos precursores do rock nacional e tudo o mais que aconteceu daí por diante. Como estávamos comemorando cerca de 40 anos de amizade entre os componentes dos Canibais, havíamos parado em 1975, portanto não seria o aniversário da banda, nós procuramos reunir um repertório significativo para relembrar o nosso tempo. Claro que não daria para exprimir em apenas 15 faixas tudo o que tocamos em 10 anos, de 1965 a 1975, até porque teríamos que realizar uma série, com vários volumes, apenas para arranhar superficialmente uma era tão rica de tantos sucessos. Mas o “Vintage, A Máquina do Tempo”, está cumprindo o seu objetivo de dar uma idéia do que Os Canibais são capazes de realizar ao vivo! O reconhecimento a este trabalho é excelente. Apesar de não ser um CD destinado á grande execução pública, já que está fora dos parâmetros atuais das rádios de ponta. É sido bastante executado nas rádios web e está bem divulgado em todas as regiões do país. Tenho recebido muitas manifestações de apoio e elogios de Porto Alegre a Manaus! A partir deste trabalho conseguimos chegar até você, Marcelo Fróes, Cirilo Reis (Rádio Nacional e Manchete), David Rangel (Globo), William Travassos (Manchete), Sonia Monte e Ângela Cristina (Band), Haroldo de Andrade, Maurício Menezes e Luiz Campos (Rádio Tupi), Alexandre Amorim (Paradiso), Antena Um, Rádio Uol, Programa Contra Mão... Cedemos várias e importantes entrevistas contando esta trajetória toda, inclusive até para a revista italiana Misty Lane. Está tudo lá documentado no nosso site.

- Como foi o retorno dos Canibais?
- Nos anos 90, por força de uma grande saudade dos nossos tempos de baile, começamos a nos reencontrar musicalmente, apesar de nunca termos nos afastado pessoalmente. Realizamos nossas festas de aniversário, de filhos, amigos... enfim, qualquer desculpa era o suficiente para montarmos o equipamento. Daí começaram a aparecer propostas para tocar em diversos lugares pela cidade. Foi assim no Teatro João Caetano e Clube Bonsucesso para o programa do Roberto Canazio, então na Rádio Manchete, Na Magique, Governador Iate Club, Boate Bicão (La Playa) e Jequiá Iate Club na Ilha do Governador, Festas de final de ano para a Som Livre. Isso foi reavivando a nossa vontade de voltar a tocar profissionalmente.

- Quais são os integrantes da primeira formação? Quem saiu e quem entrou?
- Essa história é longa! A primeira formação de 1965: Aramis, Elydio, Max Pierre e Wagner. O power trio – Aramis, Elydio e Max – guitarra, baixo e bateria, permaneceu na banda do início ao fim. Ainda no primeiro ano, o Wagner que era o baixista original saiu e trouxemos outro amigo do Colégio Souza Aguiar, o Sergio Ferraz para a guitarra solo e o meu irmão Elydio assumiu desde então o baixo. Em 1966, com a necessidade de termos um organista que também vocalizasse conosco, trouxemos o Horácio por intermédio da Denise Barreto. Ele acabou sendo a voz solo de “Gina” nosso primeiro grande sucesso. No ano seguinte, porém, o Horácio seguiu carreira solo e trouxemos o Roosevelt para assumir os teclados. Gravamos o primeiro LP que tinha “Garota teimosa” ainda em 1966 iniciando com o Horácio e terminando com o Roosevelt. Esta formação: Aramis, Elydio, Max, Sergio e Roosevelt permaneceu até 1969. Durante este tempo fomos, uma das principais, banda de apoio de todos os artistas da Jovem Guarda nos principais musicais de TV como a Festa do Bolinha do Jair De Taumaturgo, José Messias, Rio Hit Parade, A Grande Parada, Um Instante Maestro, Show Barra Limpa do Carlos Imperial, etc e tal. Em 1969, por divergências artísticas o Sergio saiu e trouxemos o Fernando Borges para a guitarra solo, que nos acompanhou durante toda a nossa grande fase de bailes até 1973, quando saiu e entrou o Mauro Machado até 1975 e que está na atual formação também. Durante aquelas festas dos anos 90, o Fefê, ex-baterista do Roupa Nova esteve conosco também. Hoje somos eu, meu filho Michel no baixo, o Mauro na guitarra solo, Roosevelt nos teclados e o Cosme de Abreu na bateria. De vez em quando o Serginho Barros do The Sunshines também tem assumido a bateria.

- Quantos discos lançados?
- Com o “Vintage...” são dez discos e mais três participações em compilações, inclusive na novela Explode Coração da Tv Globo.

- Agenda de shows. Como anda?
- Temos feito uma média de dois shows por mês desde o lançamento do Vintage, o que para quem não está na mídia á tanto tempo, e para os nossos objetivos tem sido satisfatório. Temos nos apresentado em casas significativas como o Teatro Odisséia, Mistura Fina, FNAC, Rio Rock & Blues Club, Nova Estudantina (com Lafayette e Os Tremendões), Espaço Constituição (com Érika Martins, Gabriel Thomaz, Brazilian Bitles, Sunshines, Getúlio Cortes e The Pop’s) New Books, Modern Sound (part. de Leno, Ed Wilson, Jerry Adriani, Fevers e Getúlio Cortes), Café Etílico, Pontal Country Club, Icaraí Iate Club, A. A. Portuguesa na Ilha, Espaço Marlene (com a part. de Sunshines, Brazilian Bitles, Edson Wander e Getúlio Cortes). Para empresas como a TVA (Rio Othon), Clube do BNDS, Shopping Tijuca, Siqueira e Castro Advogados (Porção Rio’s)... A convite do Cirilo Reis (valeu Cirilo!) também tivemos a grata oportunidade de realizar um especial dos Canibais ao vivo no auditório da Rádio Nacional – “Acústico Jovem Guarda”, com a participação dos Sunshines, Getúlio Cortes, Paulinho Pereira e Edson Wander. Para o próximo ano, estamos criando também parcerias para realizarmos shows com bandas dos anos 60 como Os Credenciados, Sunshines, The Pop’s e Brazilian Bitles e já temos novos contatos para nos apresentarmos em novas casas de show do Rio de Janeiro como, em breve, no Cavern Club, na nova sede do Rio Rock & Blues Club no Centro e demais casas que ainda não estivemos ao vivo.

- Shows fora do Rio de Janeiro?
- Niterói!! (risos) Nossa recente excursão pela Europa e Ásia não conta... (Londres, Paris, Amsterdã, Lisboa, Roma, Berlim, Madrid, Japão...) risos!!! Mas falando sério, temos feito vários contatos para o interior do Rio, São Paulo e nordeste. Teve até um certo empresário, especializado em Jovem Guarda e nordeste, que solicitou o nosso material, site etc. Mas ainda não aconteceu nada. Talvez ele não tenha gostado do que viu e ouviu...

dezembro 11, 2007

Trícia


As cores formam a inspiração básica da obra da artista plástica Trícia Penna, com influências acadêmicas vinda da família, mais precisamente de seu bisavô Carlos Abriatta. Com o passar do tempo, suas pesquisas e o contato com pessoas e artistas, que buscavam aperfeiçoamento, fez com que Trícia e Zdipace (sua mãe) criassem a Pacearte Studio. Hoje a Pacearte completa 14 anos de existência e têm em seu upgrade cursos para crianças, adolescentes, adultos iniciantes ou para aperfeiçoamento, em pintura, desenho, escultura ou aquarela. Para homenagear sua herança artística, a Pacearte Studio criou o Salão de Artes Plásticas Carlos Abriatta no qual todo fim de ano os alunos expõem suas obras realizadas durante o período e que freqüentaram em sala de aula. Foi em uma dessas exposições que, eu, pude conhecer de perto a obras e também, conversar e fazer uma entrevista com Trícia. Artista plástica dedicada ao que faz demonstrando talento em suas obras. Acompanhe em entrevista, exclusiva, com a artista responsável pelo desenvolvimento, educação e divulgação das Artes Plásticas. Senhoras e senhores! Com vocês! Trícia!

- Como senhora se descobriu na arte? Vem de família?
- Minha história na pintura começa com meu bisavô vindo do norte da Itália de Turim fugindo das confusões com o fascismo. Ele já era pintor nesta época. No Brasil instalou-se em Ribeirão Preto onde até hoje alguns de seus afrescos estão nas paredes da Igreja Matriz no centro da cidade. Cresci vendo minha mãe pintar com hobby e no decorrer de sua vida foi entrando no mercado artístico através da cidade de Embu das Artes, onde meus pais tiveram por muitos anos uma galeria de arte.

- Quais os cursos que a senhora fez dentro do segmento?
- Cursei bacharelado e licenciatura pela em artes plásticas na FEBASP e outros vários cursos.

- A Trícia já exibiu sua arte em diferentes lugares?
- Sim , já expus no Centro Cultural São Paulo, MAC do Ibirapuera, Galeria Gerot, Jocal, na Pacerate Gallery no Embu, Clube Espéria, Clube Pinheiros, Clube Paulistano, dentre outros.

- Gostaria que a senhora falasse da Pacearte Studio.
- Bem, a Pacearte é a realização de um sonho, onde o objetivo, através da arte, poder informar, conscientizar e concretizar a cultura e a realização interior das pessoas nesta sociedade tão necessitada de novos horizontes. A arte tem uma linguagem universal onde a expressão é capitada independentemente da cor, do credo ou da cultura do observador. O estúdio foi inaugurado em 1995, na zona sul de São Paulo, um bairro de classe média. Eu e minha mãe vivenciamos a falta de um curso em São Paulo, o qual tivesse como metodologia de ensino o desenho, a pintura, a plástica e a técnica. Todos caminhando juntos abreviando a evolução de cada aluno. Tornando o aprendizado mais fácil e accessível financeiramente a todos.

- Onde a senhora encontra inspiração para criar?
- Tudo me inspira! Acho que o artista enxerga aquilo que aos olhos da maioria passa desapercebido. Sou desde pequena muito observadora e, as imagens as cores, as formas do cotidiano me tocam! A natureza em zoom, por exemplo. Nos Estados Unidos descobri o hiper realismo. Adoro! Porque une o clássico á precisão técnica do renascimento e a modernidade de nossos dias.

- Se a senhora tivesse que citar nomes de artistas plásticos, quais os três primeiros da lista?
- Michelangelo, Monet, Dali.

- Exposição no Rio de Janeiro e em outras capitais poderá acontecer?
- Eu tenho uma paixão pelo Rio, a Lili Carvalho, minha aluna, sabe disso! É que meu marido trabalhou durante três anos lá e eu ia quase todo final de semana. Não vejo problema algum, gosto do meu país, já participei de muitos salões pelo Brasil mas na maioria das vezes só enviei as obras.

- Hoje muitos artistas colocam suas obras em livro. Já pensou na idéia?
- Tenho despendido um cuidado em relação a isso! Acho importante incentivar o artista, o crítico, o designer, o arquiteto e todos os amantes das artes a buscar o conhecimento de uma forma criativa e dinâmica, através de anuários de artes, revistas, revistas virtuais e porque não livros?

- No Brasil existem artistas, de vários segmentos, que não tem oportunidade de mostrar sua arte. A senhora acha que o país deveria dar mais valor, incentivo, apoio... Ao artista brasileiro?
- Sem duvida nosso país é falho em vários setores! Nas artes, nem se fala.... Não gosto de ficar esperando e acredito que devagar, mas de maneira perseverante, podemos desenvolver um senso crítico naqueles que buscam o conhecimento. Para ser mais clara o que a Pacearte faz para mudar? Ou melhor, influenciar o seu meio de atuação? São ministradas palestras de história da arte gratuitas sobre a vida e obras dos artistas. Para que ao final, se tenha um debate sócio, político e econômico sobre o assunto. Visitas a exposições em museus, com monitoramento, são feitas. Dessa maneira, você faz com que as pessoas passem a pensar por si próprias. Quando se finaliza uma obra, a auto-estima da pessoa em saber que ela criou e executou uma obra de arte, é maravilhosa! Você vê pessoas descobrindo um mundo novo que elas não sabiam que existia! Isso não tem preço! Precisamos de mais apoio sim! De uma política de incentivo com investimento financeiro mais sólida e concreta à nossa sociedade. Pois é difícil você formar e desenvolver um artista em uma pessoa sem cultura, onde a luta pela sobrevivência é maior. Por isso acho que nossos artistas são guerreiros utópicos numa sociedade em luta pela sobrevivência.

novembro 14, 2007

Autoramas, a máquina de fazer rock


Autoramas, Gabriel Thomaz (guitarra e voz), Bacalhau (Bateria) e Selma Vieira (baixo e voz) lançam, “Teletransporte”, quarto disco de carreira. Na bagagem, o trio carioca, carrega além do lançamento do quarto disco, compactos, coletâneas e prêmios. Em 2005 o videoclipe da música "Você Sabe" é lançado e é agraciado com três prêmios no VMB desse ano. Com dez anos de carreira, divididos entre agendas de shows, que são muitos, participações em especiais que vai de “Baú do Raul”, passando por tributo ao rock “Rockin Days” e chegando ao “Renato Russo - Uma Celebração”, ao lado de feras da música. Encontramos um espaço na agenda dos integrantes “Gabriel e Bacalhau” para que eles concedessem a primeira entrevista ao International Magazine para falar da carreira, discos, mercado e muito mais! Com vocês! AUTORAMAS!

Por Elias Nogueira e Marcelo Fróes - 03/07/2007


Como foi preparado o repertório do disco?
Gabriel Thomaz - Juntamos 14 músicas que gostamos e gravamos. Na hora decidimos as músicas que vão dar pé e, rola. O engraçado é que foi a primeira vez que não sobrou música. Sempre fizemos na conta certa. E foi uma época muito doida pelo fato de a Simone ter saído. Vária dessas músicas, já havia ensaiado com ela, pelo menos umas três ou quatro. Aí fizemos tudo na conta para gravar, era um processo que tinha que ser mais rápido, a gente tinha meio que correr atrás do prejuízo, já tinha o lance com a Selma e uma série de mudanças que a gente tinha que registrar, o ano de 2005 foi muito bom para nós e em 2006, nós já queríamos lançar outro assim mesmo! Só deu para lançar agora, mas a intenção era ter lançado antes.

É o primeiro cd feito com a nova formação?
Gabriel - Lançamos um disco com a Selma logo que ela entrou, fizemos o “Rockin’ Days”, o lance do Elvis, e foi logo que ela entrou.

Bacalhau - Teve o tributo ao Renato Russo!

Gabriel - E o compacto que saiu em Portugal também têm a Selma tocando uma música ao vivo.

Bacalhau – A música é: “Mundo moderno” ao vivo que só saiu no compacto em Portugal.

Por que a mudança? A entrada da Selma no lugar da Simone?
Gabriel - Foi um processo de seleção natural (Risos). A Simone estava dando muito problema, ela estava infeliz, queria fazer outra coisa na vida. Brigávamos o tempo inteiro. Era uma encheção de saco! O que para nós parecia óbvio, ela não concordava. Aí um dia, quando estávamos indo para a Argentina e Chile em 2004, pra passar dez dias, ela ligou, disse que não queria viajar e que queria sair da banda. Em vez de insistir, a gente já sabia que isso ia acabar acontecendo, que era uma situação sem volta.

Quantos discos ela gravou?
Gabriel - Ela gravou três, esse é o quarto cheio, sem contar com a coletânea. A coletânea foi o seguinte: a gente podia regravar as músicas dos dois primeiros discos que estavam fora de catálogo e não se achava mais. Tipo lá em Brasília ter em uma loja a R$120 do selo Astronauta com distribuição da Universal. O Leo nunca quis mostrar os contratos, mas eu acho que ele passou todos os direitos para lá (Universal). Não sei direito. E tinha muita gente que queria comprar o disco e tal. É o que a gravadora chama de catálogo. Eu acho uma besteira eles não relançarem, tanto é que nós pegamos as melhores músicas dos dois primeiros, as músicas que a gente já era dono, das demos, dos compactos, juntamos e fizemos o disco que saiu pelo selo Monstro. O nome do disco é o Roooock. Esse lance do roooock fomos nós que inventamos! Só que muita gente passou a usar! Então, aproveitamos e pegamos tudo que era nosso, fizemos um pacote e lançamos. O disco já saiu com tudo vendido. Se a Universal quisesse relançar todos os outros, dava para vender, tem gente querendo comprar. Se você for à comunidade dos Autoramas no Orkut, tem gente querendo comprar os dois primeiro discos o tempo inteiro! Quando ocorre isso de a gravadora não querer relançar, eles poderiam colocar no site um download pago, e seria beleza, colocar tudo. É só questão de autorização.


No disco anterior teve um single que foi premiado. Gostaria que vocês falassem sobre isso também.
Gabriel - Foi do “Nada pode parar os Autoramas”. Foi muito bom pra gente. O clipe, “Você sabe”, foi uma das últimas coisas que a Simone fez. Fizemos o clipe num domingo e na quinta-feira, ela estava me ligando dizendo que estava fora da banda. Fiquei morrendo de medo! Tipo: Pó! Neguinho não vai levar a sério. O clipe vai ser animal, legal pra caramba! Só que com uma formação antiga! Graças a Deus, não rolou nada disso. Foi uma coisa que a gente passou, mas que não teve problema nenhum. Então, o clipe realmente era muito bom. Era o melhor do ano de 2005! O cara que fez, o Luiz, é um gênio. Saímos do VMB como a banda independente mais premiada do ano! Os grandões, ali, se matando, e quem saiu ganhando fomos nós!

Isso foi surpresa?
Gabriel – Total! O Bacalhau não esperava porque ele já havia feito uma previsão (risos).

Bacalhau - Quando eu vi o clipe pela primeira vez eu pensei: Vai ganhar! Aí, eu comecei a chutar, lembrando das categorias que a gente poderia vir a concorrer e falei: pelo menos cinco. Dos cinco que concorremos, ganhamos três!

Quais foram os que vocês ganharam?
Bacalhau - Foi melhor clipe independente, direção e edição. Mas concorremos também em fotografia e direção de arte.

E bateu na trave, né?
Bacalhau - Mas tudo bem. Eu acho que os melhores nós ganhamos. Se a gente também ganhasse tudo... Imagina se a gente ganha os cincos! Ia ser demais, cara! Ia ser loucura!

Gabriel - Eu tinha conversado com o Bacalhau, que um dia vinha o MVB, que o clipe estava tão bom e tinha que concorrer! Mas eu não sei como é esse esquema todo! As gravadoras estão ali lutando pelo espaço delas e tal! Eles investem muito nos artistas. Mas pensei que a gente deveria concorrer a alguma coisa de independente, mas que iria concorrer. Mas aí, o Bacalhau falou que íamos ter umas cinco indicações. Eu cair na risada! Aconteceu que: um dia me ligam da MTV e falam assim: Olha, você vai ter de estar em um telefone fixo que você vai dar uma entrevista ao vivo para a MTV, tal hora à noite. Pensamos que fosse no jornal, mas aí estávamos ligados e vimos: Jornal da MTV, especial indicados do VMB. Cara, aí eu lá... Já fiquei nervoso... Quando ouvi na televisão falando indicação. . . Autoramas! Pô! Estamos indicados! Beleza! Aí dois, três, quatro, cinco! Veio a minha entrevista e eles só entrevistaram os mais indicados, que foram os Autoramas, Ira e Nando Reis. E aí, eles ligaram pra falar isso, a gente já tinha entrado como um dos três mais indicados e depois ser o mais premiado, foi maravilhoso! Pra nós foi muito bom por uma questão de show. Porque os artistas queiram dizer ou não, nesse lance de propriedade intelectual. O artista ganha dinheiro mesmo é em show e a gente já sabia disso. A gente já tinha feito nossa engrenagem pra banda ser a nossa profissão para que a gente ganhasse o nosso dinheirinho nos shows já que a banda não tinha uma gravadora investindo. Resolvemos fazer o nosso próprio caminho ou então desistir. E quando ganhamos esse prêmio, no dia seguinte, tinha um monte de gente querendo contratar nosso show! Era gente que nosso empresário já tinha feito contato anos ou meses antes e que não confiaram nos Autoramas. Quando rolou isso, nosso circuito de show se fortaleceu muito.

Com quantos anos a banda está atualmente?
Gabriel - Vai fazer dez anos.

Os Autoramas é de fato uma banda carioca?
Gabriel - Foi formada no Rio. A banda é carioca. Eu sou de Brasília, formei minha banda Little Quail, quando eu era ainda moleque e já fazia música e já tinha umas idéias loucas e tal. O Little Quail foi uma banda que ficou muito famosa em Brasília. Era um sucesso regional! Era como as bandas Dibob e Forfun, aqui no Rio todo mundo conhece, vai para Curitiba ninguém conhece! O Little Quail era assim em Brasília. Lá era uma loucura, nossos shows levavam no mínimo, duas mil pessoas em salão de clube, que era uma parada gigante. E era assim: Brasília tinha tido aquela coisa toda nos anos 80 e nos anos 90 quando veio aquela coisa do grunge e tal gente e várias outras banda que lotavam os lugares. Mas o Little Quail foi à primeira banda a lotar os lugares. Depois vieram outras como Raimundos, Câmbio Negro... Abrimos as portas para essa geração! Quando começaram a rolar as paradas, a banda já tinha três ou quatro anos, começamos bem moleques e a banda já estava fortalecida. Em Brasília tem uma coisa louca que é a seguinte: Tem que ter uma confirmação do Rio ou de São Paulo, sabe? De repente quando a gente começou a sair nas revistas, jornais, resenha da nossa demo e tal, Brasília virou uma loucura.

Quantos discos o Little Quail lançou?
Gabriel - Como banda, dois. Aí veio à história do Banguela. A gente lançou o Banguela (Antigo selo que não existe mais que era dos Titãs) e a prioridade deles eram os Raimundos. Eles estouraram, foi aquela loucura também. Nós já tínhamos ido embora de Brasília e fizemos uma opção, sabe? Ficar em Brasília como “Reizinhos” ou cair no Rio de Janeiro e São Paulo e mergulhar no Brasil para ver no que dava. A gente optou por isso e na época parecia que a gente tinha investido errado, mas depois vimos que acertamos muito! Porque todos nós nos demos bem no que queríamos fazer e o Little Quail acabou sendo uma ponte para profissionalização na área da música. Desde então, fizemos muitas coisas. Fomos morar juntos, começamos a brigar muito, aquela coisa toda. Aconteceu que e o Banguela acabou e ficamos sem gravadora no meio da história. O Planet Hemp, por exemplo, ia assinar com o Banguela, mas eles foram para na Sony, se deram bem e a gente estava ali com um contrato que não valia mais nada e a situação se inverteu totalmente. Então, ficamos vendo a galera toda que também estavam ali gravando o primeiro disco na mesma época. O Planet Hemp, Pato Fu, Chico Sciense, Mundo Livre S/A, Raimundos... Foi isso. Assinamos com a Virgin que na época era um selo da EMI, uma subdivisão, até no mesmo prédio, e no meio do caminho a Virgin decidiu mudar tudo para São Paulo e todos os artistas tiveram o contrato cortado. Recebemos um telegrama, e aí a gente se deu mal nessa história de novo. Foi uma frustração muito grande! Começamos a brigar muito e aí a banda acabou. Primeiro o Bacalhau (baterista homônimo ao atual dos Autoramas), saiu da banda. A gente ainda fez uns outros shows que estavam marcados com outro baterista, o Rodrigão, que na época tocava no P.U.S. Era um antigo amigo nosso de Brasília. Quando cumprimos o último show, na viagem de volta, eu falei: Agora sou eu que estou saindo, vou fazer outra coisa! Acabei ficando em São Paulo, tentei trabalhar lá no estúdio com o Carlinhos Bartolini, mas a grana apertou e eu não quis voltar para Brasília como o Bacalhau fez. O Zé Ovo ficou em São Paulo. O Bacalhau foi pra Brasília e fundou o Rumbora e voltou para São Paulo. Eu já vim direto pro Rio e encontrei a galera na night e uns dois dias depois o Kassím me ligou perguntando se eu queria entrar para a banda Acabou La Tequila. Aí eu topei e a gente fez um monte de shows com o Tequila, que foi contratado pela Abril e depois descontratado e o disco ficou perdido. As histórias são inacreditáveis! O disco do Tequila foi gravado, levou cinco anos para sair e aí eu já tinha dado minha contribuição, mas estava com outras idéias. Fui falar com a Simone primeiro. A primeira formação dos Autoramas foi: Eu, Simone e Nervoso. O Nervoso era baterista do Tequila. A Simone namorava o Donida, baixista do Tequila. Então, a gente andava junto o tempo inteiro. Chamei a Simone, tinha vontade de montar uma banda com vocal masculino e feminino. Eu já era fã da Simone quando ela tocava no Dash. Achava ela muita engraçada, muito legal, achava que ia ser divertido viajar e tal. Porque banda também é isso, tem uma coisa de amigo, não é pra fazer só um projeto, tem que ter um astral! Se não tiver, não tem dinheiro que pague. São muitos horas e dias juntos e tal e começamos a ensaiar. Eu sozinho já tinha gravado umas músicas demo lá no Carlinhos, virou a demo dos Autoramas. O Alex Werner, que até hoje é produtor do Los Hermanos, marcou um show dos Autoramas e Los Hermanos no Empório. Estávamos mal entrosados, mal ensaiados, mas se não tivesse sido forçado por ele para fazer o show, talvez a gente estivesse só ensaiando até hoje. Aí rolou o primeiro show, deu uma animação, fomos para o Sul e para Brasília, já com o Nervoso.

Tudo isso sem lançar disco?
Gabriel - Só com a demo que estava vendendo bastante. O Little Quail já tinha um público muito grande e essa galera foi lá ver os Autoramas ver qual era. Os comentários dos fãs eram os mais diferentes em comparação com o Little Quail. Uns achavam bom ou ruim porque eram parecidos, outros gostavam ou não porque achavam diferentes. Mas aí a gente foi trabalhando, se entrosando e tal...

Isso foi em que ano?
Gabriel - O primeiro show foi em 1998. Até que o Tequila assinou com a Abril, que estava começando. Rolou uma pressão por parte da gravadora, no Tequila, que cada um tinha optar e ficar só com uma banda. Eu optei por ficar nos Autoramas e o Nervoso optou por ficar no Tequila e saiu. Foi engraçado: O Nervoso foi lá em casa, me chamou para tomar uma cerveja num boteco e começou a falar que tinha uma notícia para me dar... A gente tem que bater um papo sério... Parecia um fora de namorada. (risos).

Isso para avisar que estava saindo?
Gabriel - É, pra avisar que estava saindo. Eu morava com umas meninas e elas contaram a fofoca da saída do Bacalhau do Planet Hemp. Eu encontrava com as caras do Planet, comentava que eles estavam bem, shows pra caramba, cachê maneiro. (risos) E eles falavam: Também, meu irmão..Você quer ser preso?

O Nervoso era um bom baterista?
Gabriel - É um ótimo baterista. Nervoso toca tudo. O cara é multi-instrumentista.

Ele chegou a gravar com os Autoramas?
Gabriel - Só a demo e um compacto. Com o Tequila, Nervoso gravou tudo. Bacalhau gravou algumas faixas.

Bacalhau - Eu gravei uma faixa no primeiro e duas no segundo disco.

Gabriel - No segundo disco do Tequila eu toquei na maioria das músicas. Está nos créditos, só não aparece na foto da capa. Eu era membro da banda e toquei tudo, mas com essa pilha de sair, de mudar... Bacalhau também tocou no Tequila.

Bacalhau – Eu era do Tequila na primeira formação. Nós formamos uma banda no colégio: Era eu, Donida, Renato (do Canastra), Calado que hoje toca cavaquinho com a Teresa Cristina (ele sempre teve essa coisa do samba) e o Perna que hoje em dia é advogado. Depois entrou Kassim e a banda foi ficando maior. Eu saí em 1995 e tive que fazer uma opção entre o Tequila que já estava fazendo coisas legais. Na época já havia assinado com a Sony e tinha que fazer o disco, shows... Acabei levando o Nervoso para me substituir no Tequila.

Bacalhau, porque você saiu do Planet Hemp?
Bacalhau - Porque o Planet Hemp acabou! Na verdade a banda tinha parado de tocar e o Marcelo me tirou da banda. Não teve brigas nenhuma, só rolaram umas intrigas, umas fofocas loucas que inventaram... Tem gente faz o diabo para tirar as pessoas, que para eles são problemas em sua vida, por pensar diferente. Toda história que os Autoramas tem hoje em dia é o que eu queria fazer com o Planet. Eles preferiram fazer um caça-níquel. O Planet podia fazer tudo o que fez os Autoramas no Brasil, só que não fez...Chutou uma bola aí falando sobre maconha, discriminação, problemas sociais e poderia ter feito mais coisas, só que não fez...

Foi porque o Marcelo era mais voltado para um outro lado da música que não era o rock?
Bacalhau - Realmente, o Marcelo já tinha essa coisa do samba, já vinha encurtando com o rock. A gente achava isso chato demais, porque não era a veia principal e o que era rock foi ficando cada vez menos rock e o que era samba foi ficando cada vez mais samba. O que era uma banda ficou um lance de dj e um rapper.

Gabriel - Engraçado que eu como fã do Planet Hemp, acho que os dois discos que o Bacalhau toca, são os que você pode colocar no lado do rock. Depois que ele saiu isso mudou totalmente, virou um lance de dj e tal...

Bacalhau - O terceiro disco ficou um negócio fake, pastiche, uma cópia de si próprio, meio bomba...

Gabriel - Na verdade, depois que o Bacalhau deixou o Planet Hemp, desde então, todos os discos do Planet pareceram discos solos do Marcelo, essa que é a parada!

Como surgiu o convite para entrada do Bacalhau nos Autoramas?
Gabriel – Isso aconteceu três dias depois numa sexta-feira após eu saber da noticia. As meninas que moravam comigo falaram dele e o Nervoso também veio conversar comigo... Eu saí com a Simone, o Marco André, namorado dela, Donida. Todo mundo achou que Bacalhau ia ser legal, me animaram a falar com ele... Bacalhau já era amigo da night, de sair, conversar de bandas, festivais e tal... Pensei antes de conversar com ele, que poderia ser uma briga passageira com Planet. Como marido e mulher que depois ficam na boa! (risos) Mas para fazer uma parada profissional é outra coisa, não é zoação! Tem a zoação, mas o outro lado conta mais.

Bacalhau - Ele foi lá em casa checar minha coleção de discos!

Gabriel – O Bacalhau ainda fez um charminho, pediu uns dias para pensar. Quando vi o que ele escutava, percebi que ele ia entender.

Bacalhau - Eu já ouvia surf music, new wave e Jovem Guarda antes dos Autoramas!

Você sabia que o Bacalhau já gostava da Jovem Guarda antes de entrar para o trio?
Gabriel – Não sabia.

Como é essa relação com a Jovem Guarda e new wave?
Bacalhau - O Tequila foi formado num colégio, quando a gente começou a ouvir muito Roberto Carlos. Então a gente formou uma banda só pra tocar cover do Roberto Carlos e isso foi numa época em que o Roberto Carlos estava em baixa! Ele cantava pra gordinha, baixinha, aquela coisa terrível! Estava em uma fase ruim! Começamos a comprar os discos antigos, pesquisar, e nessa época não tinha internet, era mais difícil. Mas descobrimos na banca de jornal aqueles calhamaços que você aprende a tocar violão. E numa dessas saiu todas as músicas do Roberto Carlos que posteriormente viemos chamar de Bíblia. A gente pegou todas as músicas, todas as fases do Roberto Carlos, de 62 até 70, nós tocávamos de tudo. Antes do colégio a gente já ia ensaiar no Sarau, no Centro Educacional da Lagoa. Esse foi à primeira célula pro Tequila. Nós íamos lá para sala de ensaio, levava umas cervejas e colocava o pessoal pra cantar e tocar Roberto Carlos. Depois saímos para formar o Acabou La Tequila. Depois fui pesquisar Erasmo, Jerry Adriani... Fui querendo descobrir todos os caras da Jovem Guarda...Renato, todo mundo...

Os colegas da night deviam achar vocês malucos?
Bacalhau - Olha, é porque andávamos muito juntos e a galera ouvia Roberto Carlos direto.

Gabriel - Nos anos 90 tinha o seguinte: Quanto mais louca era a música que você ouvia, era mais legal.

Bacalhau - Eu falava assim: Eu adoro Roberto Carlos! Mas muitos colegas achavam que era uma maneira de eu aparecer! Todos estranhavam. Bicho, eu adoro o Erasmo, Wanderléa, Waldirene, Lafayette... Essa história do Lafayette tem uma coisa curiosa. Desde que eu entrei nos Autoramas, eu falava pro Gabriel: Nós precisamos chamar o Lafayette pra gravar um disco. Era um tal de Lafayette pra cá, Lafayette pra lá... Foi um tal de comprar disco do Lafayette... Até que foi a pilha de encontrar com ele e aconteceu. Nesse novo disco que lançamos, ele participou de uma faixa do disco novo “Panair do Brasil” que ficou muito bacana!

Além dos Autoramas, você age como músico, cantor, compositor, tem outras bandas como empresário. Você está com outros projetos, o que é?
Gabriel - Tenho um selo, uma parada que já venho pensando há muitos anos, desde Brasília, esse nome, Gravadora Discos, existe há muitos anos e rolou o seguinte: Primeiro a gente lançou um EP do Little Quail póstumo, em 1998, que foi a Gravadora Discos junto com a Tamborete, depois ficou parado. A demo dos Autoramas, era feito pela Gravadora Discos. Eu fazia um catálogo pra vender esses dois discos. Tinha o disco do Dash e camisetas dos Autoramas. Mandava para as pessoas pelo correio. Era o início da internet. Era uma outra coisa, uma outra fonte de renda. Era mais para pessoal que morava em Barbacena, Piauí, que era difícil comprar, então a gente vendia pelo correio. Isso já era a Gravadora Discos, só que não tinha muitos produtos. Depois disso não continuei porque os Autoramas dava muito trabalho, tinha muita coisa pra fazer, e pintou o lance com o Lafayette e Os Tremendões. Pensei em fazer um compacto pela Gravadora Discos, arrumei uma grana emprestada, já foi tudo devolvido e pago e, fizemos Gravadora Discos novamente. Reacendeu a chama de fazer com uma galera diferente. As pessoas que comprarem os discos da Gravadora Discos terá que arrumar um outro lugar pra guardar sua coleção. Fizemos os lance do The Feitos que é um SMD com pôster, saiu o compacto do Lafayette e vai sair um do Daniel Beleza e Seus Corações em Fúria, Móveis Colônias de Acaju e outras coisas. O problema é a produção toda e depois a promoção que é o mais brabo. Vinil é fácil de vender, não tem pressão, não é um produto caro, e eu quero fazer isso, as coisas em formatos bonitos. Acho que é isso que falta na indústria de discos. Adoro encarte, o cheiro do disco, a coisa toda e além do mais tem só música boa. Tem que ser só coisa legal, todos os estilos. Um dia numa entrevista me perguntaram: Qual era o direcionamento da Gravadora Discos e eu respondi: Só Música boa!

Bacalhau - As gravadoras com esse negócio de cd zero. Você vê: O Gabriel o Pensador lançou um cd com 14 faixas a R$5, muito barato! Eu acho a idéia boa, não é ruim. Tem gente que compra cinco músicas e tem gente que não compra.

Gabriel - Eu sei muito bem que tem neguinho que cuida, de três ou quatro faixas, com muito amor e carinho e o resto é encheção de lingüiça! Você para R$40 por isso. Rola mesmo! Antigamente o Elvis, um dos maiores artistas de todos os tempos, só lançava um compacto por vez. Não é inédito! Lado a e lado b. Todos os artistas da época fizeram isso. A compilação de compactos ainda te dava a certeza de que todas as músicas eram boas. O álbum, conceito feito lá atrás, com Sgt Peppers e Pet Sounds. Tem uns artistas de samba dos anos 50 que lançavam um disco com todos os nomes de mulheres. Isso sim era álbum! Hoje em dia isso seria um por cento dos cds. O que rola, é isso! Neguinho só se concentra em duas ou três... Isso é jogar dinheiro fora, o cara ficar dois meses gravando e já abe que não vale nada, que não vai tocar no show, a gravadora não vai investir pra tocar no rádio, não vai nada... Você pega um disco do Canastra, eles preparam o show e tocam o disco inteiro, esse disco está valendo. Agora o disco do cara que toca duas músicas do disco novo e o resto cover.

Bacalhau – Isso é não acreditar no próprio trabalho! Nem o cara acredita no disco dele...

Gabriel - Nos anos 80. Imagina se não tivesse lançado os compactos do Ultraje a Rigor, do kid Abelha... A galera tendo que comprar o LP a preço alto como vemos hoje... Não é assim, cara...

No show dos Autoramas vocês tocam o disco inteiro?
Gabriel - Tocamos a maioria. É porque a gente é uma banda que tem quatro discos e algumas não podem faltar no show. Se a gente ficasse duas ou três horas tocando, dava pra tocar o disco inteiro. Eu tocaria o disco inteiro. Agora, não rola, não é possível fazer. Nos shows da Europa, que a galera não conhecia, a maioria das músicas eram do disco novo.

Não é primeira vez que vocês fazem uma turnê internacional.
Gabriel - Primeiro foi à turnê no Japão, depois voltamos e fizemos Uruguai, Argentina. Voltamos pra Argentina, e fomos pro Chile também. Mas foi no Japão que a nossa cabeça abriu total. Como a maioria dos artistas brasileiros, achávamos que o nosso mercado era só aqui, que as pessoas só iriam gostar da gente aqui, porque nós cantamos em português, a gente fazia rock... Então, só quem iria entender o som seriam os brasileiros. Na real é o que colocam na nossa cabeça, que lá pra fora tem que fazer um som exótico aos olhos dos gringos. Não sei quem foi que inventou isso e que colou! Porque é a maior mentira! O que rola é que a gente chegou lá no Japão e vimos um outro mundo, uma outra parada. A gente cantando em Português, mas se fosse em francês, alemão, pra eles não estavam fazendo diferença alguma! Eles estavam ouvindo a música, doze músicas em cada show e na quarta ou quinta música o público já estava aderindo. Foi maravilha! Não teve problema nenhum.

Isso foi um termômetro pra vocês?
Gabriel - Depois recebemos muitos e-mails de pessoas querendo comprar nossos discos, saber da banda, do site e tal... Gente do mundo inteiro! Comecei a fazer contatos com pessoas de outros países. Nunca houve problema nenhum em relação a isso, nenhuma barreira e agente conseguiu marcar shows, fazer as turnês. Uruguai é um país que a gente vai toda hora... O último show nosso no Uruguai foi num festival com vários palcos. É um festival enorme em volta do estádio Centenário que no total do festival deu 80.000 pagantes. É gigante, e a galera curtiu, aplaudiu, se animou, colocaram até o vídeo até no Youtube. Não há problemas quanto a isso. Aí, no ano passado fomos convidados pra tocar em Londres. Fizemos dois shows lá e a Pitty. Aproveitamos pra fazer um show em Portugal, voltamos para Londres só pra pegar o avião. A gente podia ter curtido uma night em Londres, mas preferimos fazer um show em Portugal. Esse show em Portugal semeou outra turnê inteira. Foi isso que rolou! Fizemos Portugal inteiro, de ponta a ponta.

A primeira experiência de vocês foi numa multinacional. Digamos que a carreira de vocês tem uma história quase que atípica. Começaram em uma multinacional e foram acontecer no mercado independente. Hoje, você pega o globo e o cara escreve que os Autoramas é a principal banda independente do Brasil. Em que momento dessa história tão diferente vocês realmente perceberam que vocês haviam se profissionalizado?
Gabriel - Quando fechou o mês à gente pagou as contas todas! (Risos)

Eu imagino que com a ficha técnica que vocês tem, com o trabalho que vocês desenvolvem. Financeiramente os Autoramas já está em um caminho legal, não é?
Gabriel - Sim é totalmente viável. A gente faz um trabalho legal e vê as coisas acontecerem.

Então, se uma gravadora bater na porta não interessa?
Gabriel - Interessa sim, pelo seguinte: Primeiro, falarei bastante do nosso selo “Mondo 77”. A gente foi pra lá, fez uma série de exigências, eles toparam tudo com o maior carinho. Mas eles também sabem disso. A gente tem assessoria de imprensa, divulgador de rádio, tem uma distribuição legal, temos um empresário muito legal. Temos uma estrutura, uma pequena estrutura, mas tem e a gente é uma das bandas que mais faz show no Brasil. Agora, bicho, fazer um clipe que a gente tem que filmar tudo num dia porque o aluguel da câmera é caro demais e eles cobram por diária e o diretor vai sem ganhar um centavo só porque é nosso camarada, nosso amigo e se amarra na banda, quer que a gente se dê bem, ele acha que ter o nome ligado aos Autoramas é um ótimo negócio e que a gente vai dormir na casa dele depois de filmar cansado o dia inteiro... Quer dizer, não há dinheiro para pagar isso tudo, diretor, diária... Isso pra fazer um clipe. Coloco isso como exemplo. Já uma gravadora grande tem dinheiro pra tocar isso e a gente precisa de produção. A gente banca tudo, mas não em sentido monetário. A gente conta com o favor de um monte de gente que se amarra, curte e que acha a nossa história legal. Curte o som, esse tipo de coisa. Fazemos o seguinte: Quando temos um show em São Paulo, ficamos um dia a mais pra filmar o clipe. A gente vai fazer um programa de televisão, sempre chegamos um dia antes pra dormir, só pra fazer o lance de uma forma que se torne viável. Esse tipo de coisa é que a gente sente muita falta. É uma coisa que a gente cruza com outras bandas que estão com divulgador e não sei o quê... E a gente está ali na nossa humildade misturada com praticidade. E vamos fazendo as coisas. A gente inventou um novo modelo de trabalho e a gente quer que um dia a guerrilha acabe e possamos ter tempo de paz. (risos) Isso não significa uma gravadora, mas de repente uma empresa telefônica investir nos Autoramas em troca de notas fiscais. Pronto, resolveu o problema! Essa é que é a parada. É muito doido isso, eu adoraria! A gente não é contra as gravadoras. Muita gente acha isso só porque tomou uma atitude por nós mesmos, por isso muitos acham que somos contra as gravadoras e não é verdade! Ontem encontrei o Paulo Junqueira, gente finíssima, bati o maior papo, não tem dessa, imagina! Cada artista que eu gosto, sei o disco, nem sei muito bem em quais gravadoras ele desenvolveu a carreira. Outra coisa que muita gente acha dos Autoramas é que os nossos primeiros discos foram por uma major e não foi bem assim. Saiu por um selo que tinha distribuição, um apoio, e que não estávamos ali como artistas. Saia aquele disco da Universal dos lançamentos do mês, a nossa faixa era a 29! Não era faixa um, dois ou três. É isso que rola. Chegamos a fazer um show no teatro que tem dentro da gravadora Universal para que os funcionários conhecessem a banda! A gente nunca teve regalias, a gente só se esforçou, mas isso é legal porque a gente tem uma carreira e sabe como as coisas funcionam.

Bacalhau - Temos uma carreira sólida. Esse é o quarto disco de inéditas, tem três coletâneas, sendo uma lançada no Japão, uma na Argentina, uma no mercado brasileiro. Temos o compacto que lançamos na Europa, fora à possibilidade da lançarmos um disco cheio Europa. Acho que será nosso próximo passo.

Gabriel - Agora, ser independente tem essa liberdade, como o Bacalhau está falando. A gente não depende do resultado de uma reunião onde o cara diz que não vai lançar o trabalho na Argentina e ponto e, temos que obedecer. E se você perguntar porque, eles nem argumentam. É engraçado, por exemplo, que o Raimundos é uma banda cultuada na Argentina e não tem um disco lançado por lá! Eles decidiram não lançar Raimundos lá e pronto, acabou e babau... E vai fazer seu show lá em Bragança Paulista!

Então vocês se dão bem no mercado independente?
Gabriel - Não é que nós nos damos bem no mercado independente, porque não existe mercado independente. A gente fez o nosso mercado, e se o nome disso é independente eu não sei. A gente tem um circuito de show no Brasil hoje que os Autoramas foi à primeira banda a ir lá. Um cara de uma banda, uma produtora de um estado mais longe teve confiança de chamar os Autoramas e aí foram chamando outras bandas. Outras bandas hoje estão em um circuito que a gente inaugurou. Todos esses festivais que tem pelo Brasil, a primeira banda foi os Autoramas. Não é mole ser deadline em um festival! As pessoas falam em renovação no rock, mas no meio independente também não há essa renovação não, de aparecerem bandas com cacife pra ficar lotando festival pelo Brasil. Não tem, não apareceu. E o que acontece é isso. Há dez anos isso era inexistente, e ainda tem gente acha que ser independente é ser amador, que é sinônimo de demo, mas vou fazer o quê? Roberto Carlos também passou por isso, sofreu preconceitos de gente que não sabia nada. Aliás, acho nossa história muito parecida com a do Roberto Carlos por causa disso também. O Roberto queria tocar bossa nova achou que ia se encaixar no negócio, não deu certo. Na hora que ele foi fazer o lance dele é que ele se deu bem. Batemos em portas de gravadoras, não deu, e quando a gente fez do nosso jeito, foi quando nos demos bem. É isso que rola! Existe muita gente que ainda torce o nariz pra essa coisa do independente. A coisa que mais ouço é: Vocês ainda são independentes? A pessoa que faz esse tipo de pergunta, eu já rotulo com um carimbo na testa dela assim: (Poin)! Está por fora!

Ser chamado de “A maior banda independente” é bom?
Gabriel – Lógico! A gente chega no Chile, por exemplo, e ouve anunciar na rádio: Hoje, ao vivo, Autoramas, a maior banda independente do Brasil.

Bacalhau – Eu lembro da primeira vez que fomos tocar no Uruguai quando fomos fazer divulgação, os caras de lá, achavam que rock no Brasil nem existia mais! A última coisa que eles ouviram falar de rock lá foi Paralamas e depois Cássia Eller, mas passa! Chega lá, mas não fica, não tem uma tradição.

Gabriel - O Brasil tem tradição de rock, mas a mídia não está interessada, ou é uma pilha de saber trabalhar... Também tem o lance de uma banda de rock de repente fazer uma coisa meio que farofa e querer que neguinho compre isso como uma banda de rock. Aí, realmente...


Publicada originalmente no International Magazine (capa) edição, 136, de setembro de 2007.

novembro 09, 2007

Gal Costa

Gal Costa é consagrada, mais uma vez, como diva no exterior

Cantora lança disco gravado na renomada casa nova-iorquina
Blue Note


Não lançar Gal Costa “Live at The Blue Note” seria um desperdício! Um álbum fantástico de Gal, gravado ao vivo em 19 de maio 2006 (quarto dos seis shows) no Blue Note, um dos templos do jazz em Nova York, gravado pelo selo DRG. O lançamento é da LGK Music que foi licenciada pela DRG, com distribuição da EMI Music.

Aos 62 anos de idade e mais de 40 de carreira, a cantora Gal Costa continua mais ativa do que nunca. É com esse gás que Gal lança no Brasil “Live at The Blue Note” confirmando o porquê dos norte-americanos serem fascinados pela sua voz

Com Jurim Moreira na bateria, Marcus Teixeira no violão, Adriano Giffoni no baixo acústico e Zé Canuto no sax soprano e flauta, um quarteto pra ninguém colocar defeito, e Gal com sua voz deixa o público extasiado. O repertório traz 17 músicas com releituras dos grandes clássicos da bossa nova, de compositores de primeira linha como Tom Jobim, Ari Barroso, Herivelto Martins, Carlos Lyra, Dorival Caymmi e Vinicius de Moraes, dentre outros.

Ela interpreta dezessete preciosidades musicais, dentre elas "Desafinado" (Tom Jobim/Newton Mendonça), "Chega de Saudade" (Tom Jobim/Vinícius de Moraes), "Corcovado", “Samba do avião”, “Triste”, "Fotografia" e "Wave" de (Tom Jobim), "Garota de Ipanema" (Tom Jobim/ Vinícius de Moraes), “Nada além” (Mario Lago/Custódio Mesquita), “Coisa linda” (Carlos Lyra/Vinícius de Moraes).

“Aquarela do Brasil”, “Camisa amarela” e “Pra machucar meu coração”, todas do lendário Ary Barroso.

De Dorival Caymmi e Carlos Guinle “Sábado em Copacabana” e segue com João de Barro e Alberto Ribeiro em “Copacabana”.Gal interpreta também "I Fall in Love Too Easily", de Chet Baker, e "As Time Goes By", o tema de "Casablanca".
Nem precisa falar mais. Então, deixo aqui as palavras do jornalista do New York Times, Bem Ratliff que escreveu a crítica que está no encarte do disco. “Gal Costa dominou fácil e alegremente a música, num espetáculo tranqüilo e catártico”.

A verdade é o seguinte: Quem uma vez é diva, nunca deixar de ser.

novembro 07, 2007

Nação Zumbi


Nação Zumbi, banda pernambucana que apareceu com total destaque no cenário musical a partir do movimento manguebeat, na década de 90, onde o destaque principal era o cantor e compositor Chico Science. Com ele, a Nação Zumbi gravou dois discos, "Da Lama ao Caos" (1994) e "Afrociberdelia" (1996). Com eles conquistaram a fama no Brasil e excursionaram no exterior. Alguns dos maiores sucessos foram "Rios, Pontes e Overdrives", "A Cidade", "Da Lama ao Caos", "Macô", "Corpo de Lama" e a versão para "Maracatu Atômico", de Jorge Mautner e Nelson Jacobina, grande sucesso na voz de Gilberto Gil na década de 70. Depois do falecimento de Chico Science, em acidente de automóvel em 1997, os integrantes da Nação Zumbi continuaram o trabalho, lançando em 1998 o álbum duplo "CSNZ" (ainda com o nome do ex-líder), incluindo um disco de músicas inéditas e ao vivo e lançou também outro só de remixes. Em 2000 o grupo gravou "Rádio S.AMB.A" (YBrazil?), conseguindo êxito com "Quando a Maré Encher", mostrando a capacidade de sobrevivência sem Chico Science. Jorge Du Peixe assumiu a voz, acompanhado pelos demais integrantes: Lúcio Maia (guitarra), Alexandre Dengue (baixo), Toca Ogam (percussão), Gilmar Bolla 8 (percussão) e Pupilo (bateria).

Em 2002, a banda é contratada pela gravadora Trama e lança seu disco homônimo, “Nação Zumbi”. Com canções poderosas como "Meu Maracatu Pesa Uma Tonelada”, neste disco a banda se firma como a mais importante banda da cena independente brasileira, em atividade. Em 2005, Nação Zumbi volta à ativa com “Futura”, seu sexto álbum. Um disco que flerta com a música regional, aposta em experimentações e texturas eletrônicas, coloca os tambores de maracatu em segundo plano e ousa fazer novos vôos. São 12 faixas, contando ainda com músicos convidados como Mauricio Takara, do Hurtmold, e de Fernando Catatau, do Cidadão Instigado.

Em tempo, a Nação Zumbi lança está lançando seu sétimo disco ''Fome de Tudo'' o primeiro pela gravadora Deckdisc. Produzido por Mario Caldato, o álbum tem a fome como tema principal, não apenas a da privação do alimento, mas a fome de ter uma vida digna e a fome de conquistar e de consumir passando por cima de tudo e de todos.

A Nação é formado por Jorge Du Peixe (voz, sampler e percussão), Lúcio Maia (guitarra e programação), Dengue (baixo), Gilmar Bola 8 (percussão), Pupillo (bateria e programações) e Toca Ogan (percussão e voz). Em 31 de outubro de 2007, o vocalista e letrista da banda, Jorge Du Peixe concedeu uma entrevista. Acompanhe o bate-papo a seguir.

- O que vem de novo em “Fome de Tudo”?
- Sétimo disco, gravadora nova! A Deckdisc mostrou novas possibilidades e nos ofereceu uma infra-estrutura maior. Já estava na hora de mudar!

- Quantos discos foram lançados pela outra gravadora?
- Fizemos dois discos. Este é o primeiro pela Deckdisc e está tudo indo muito tranqüilo. O pessoal da gravadora começou conversar com agente um diálogo muito transparente sem nenhuma imposição, sem meter a mão no processo criativo, que é o ponto alto.

- Como foi feita a seleção de repertório? É todo inédito?
- Totalmente inédito e autoral, contamos com algumas participações.
Essa é a segunda vez que acontece, com agente, de assinar um contrato sem mostrar nenhuma música. Aconteceu com a Trama e na Deck, não tínhamos nada pronto para mostrar e eles confiaram na idéia. Depois de um tempo fizemos a pré-produção, mas nada convencionado e nada finalizado, somente uma idéia do que poderia ser. Assinamos contrato e colocamos a mão na massa. Gravamos doze músicas, sendo que seis gravamos no estúdio da Deckdisc no Rio de Janeiro e o restante foi feito em São Paulo no estúdio YB. Foram 12 canções gravadas em nove dias. Percussão e tambores em um dia, as vozes levaram seis dias e as bases foram feitas pelo Mario, depois, porque, ele tinha um trabalho exterior. Fiquei em casa no computador e microfone pra poder maturar melhor a coisa. Esse disco vem mais cantado porque as harmonias pediram isso e porque não fazer um pouco mais de melodia no disco? Foi o que fizemos! Às vezes pensamos que estamos com controle total e acaba desandando para outros caminhos .... Então, fizemos o que o disco pediu!

- Você é letrista da banda. Todos colaboram?
- Sou letrista, músico... As opiniões são importantes! Todos sugerem, todos acabam mostrando isso ou aquilo outro... Um batuque aqui outro ali, um baixo diferente... Este disco nasceu basicamente em Recife. Alugamos um estúdio, em janeiro, por dois dias e registramos todos os ensaios para depois ouvir em todas as dimensões e escolher o que seria usado. Por tanto, este disco nasceu, a partir, em Recife!

- Qual o diferencial dos trabalhos anteriores para "Fome de Tudo"?
- A diferença é perceptível logo de cara para quem conhece os discos anteriores. “Fome de Tudo” está muito mais melódico, me desvencilhei um pouco das letras enormes, hiper texto O disco é mais falado e tentei levar mais para o lado melódico. O Mario teve participação como um todo no disco, desde a capitação... Até a arte gráfica ele gostou muito. Foi muito bom trabalhar com Mario, um cara muito tranqüilo que em momento algum quis desvirtuar ou levar para outro caminho, sempre teve boas idéias quando colocou a mão.

- Fale das participações especiais?
- Tem a participação de uma moça chamada Inferno que, ironicamente, faz participação na música “Céu”. O Junio Barreto, um conterrâneo nosso participou como cantor e dividiu a composição em “Toda Surdez Será Castigada”. O Rodrigo Branão de uma banda de hip-hop de São Paulo, dividiu comigo a letra de “Originais do Sonho”, o Lucas Raeli – trabalhou com Paulinho da Viola, Chico Buarque... Fez os arranjos de cordas na canção “No Olimpo”.

- A formação da banda é a mesma desde o início?
- A única diferença é que éramos em oito. O Chico Science faleceu em 1997, o Gira saiu e agora somos em oito, contando com dois músicos contratados, que são de casa.

- Sem o Chico Science na banda, como você encarou isso?
- A prova foi á credibilidade a médio e longo prazo, para eu me dedicar naturalmente para isso. Fomos moldando aos poucos até chegar o que faço hoje. É difícil encarar tudo isso. Eu tenho uma voz similar á dele. Cheguei a ficar travado no palco porque sempre olhava e vinha ele em minha cabeça. Ele era meu amigo de adolescência, de sair pra comprar disco de vinil em sebo...

outubro 29, 2007

Patty Ascher


Desafio e idéia maravilhosa

Patty Ascher, cantora paulistana faz estréia em disco com ´Bacharach Bossa Club´. Desafio que muitos não tiveram coragem: transpor clássicos do compositor norte-americano, maestro, arranjador Burt Bacharach para a Bossa Nova. Bacharach, um dos grandes mestre da música pop e muito sofisticado, é conhecido pela maestria e beleza de suas canções elaborando harmonias impecáveis. Roberto Menescal, é quem chancela a produção e arranjos. Ele propôs à intérprete três projetos e ela, envolvida com a música de Bacharach desde a infância, não hesitou em escolher trabalhar com o songbook do compositor. Cantora de timbres vocais afinadíssimos com ilimitados recursos técnicos e com feeling de jazz não deixa nada a desejar se compararmos as divas reconhecidas internacionalmente. Patty é filha de Neno, ex-integrante dos Clevers, Incríveis e Jordans. Ou seja, cresceu ao som de boa música. O repertório de ´Barcharach Bossa Club´ é de primeira linha, com maravilhas como: I Say a Little Prayer, Do You Know The Way To San Jose, I’ll Never Fall In Love Again, Wives and Lovers, Raindrops Keep Fallin’ On My Head, (They Long To Be) Close To You, Walk On By e One Less Bell To Answer, entre outras. Em bate papo com o International Magazine, a nova diva do disco fala do lançamento, da carreira e outras coisas.

- Patty, gostaria que comentasse um pouco de sua carreira. Como começou, influências, o que você escuta...
- Por incrível que possa parecer, meu pai era ídolo na jovem guarda. Então, cresci ouvindo Beatles, Aretha Franklin, Doors...Só fui ouvir música brasileira depois dos 20 anos . Logo, tenho grande influência da música negra americana e acredito que seja uma marca importante na minha maneira de cantar.

- Quantos discos você têm lançado?
- Sempre cantei, venho de família de músicos...gravei jingles, trilhas, fiz coro.Gravei outros cds, mas sinceramente considero que somente agora – com este projeto – estou começando ma carreira musical. Salve Menescal

- Foram colocadas a você três amostras para um possível projeto. Porque você escolheu Burt Bacharach? Quais eram os outros dois?
- Escolhi Bacharach porque ele está entre nós e quero celebrar a vida. Acredito que homenagear os grandes mestres – como é o caso do Menescal – é muito melhor quando eles estão entre nós. Os outros dois projetos eram: Carpenters em Bossa ou Tom Jobim em língua inglesa. Projetos incríveis também...foi difícil escolher.

- Cantar Bacharach é uma tarefa difícil. Você deve saber que o maestro e compositor foi interpretado por vários artistas de renomes mundial. Até os Beatles gravaram canções de Burt Bacharach. Como você conviveu com essa responsabilidade? Você já conhecia a obra do maestro?
- Tenho uma memória afetiva com Bacharach, músicas da minha infância. Então, existe uma familiaridade grande. Aliás, nos shows o público canta junto comigo muitas músicas. Todo mundo tem histórias de vida com estas músicas. A responsabilidade foi enorme – você tem razão – principalmente pela produção e arranjos do Menescal. Para mim, ele também é um dos maiores músicos do mundo, com uma história incrível, uma carreira memorável...então, Bacharach ou Menescal...são grandes ídolos para mim.

- Você já havia feito alguma coisa com Roberto Menescal? Já o conhecia?
- Foi o primeiro projeto (espero que de muitos que virão). E não o conhecia pessoalmente. Foi amor à primeira vista.

- Como foi trabalhar com Menescal?
- Foi uma experiência deliciosa. Grande músico, calmo, entende muito da indústria e já dirigiu projetos memoráveis de grandes nomes. Ah: e adora bromélias, jardinagem, mergulho...um ser humano incrível.

- Como foi feita a seleção de repertório? Você teve participação na escolha?
- Bem, selecionei 50 músicas - só super sucessos. Aí, junto com Menescal, reduzimos para 25 e finalmente escolhemos, juntos, as 14 que estão no cd. Tarefa árdua e sobrou material para outro cd...volume 2...já pensou?

outubro 23, 2007

Sérgio Benchimol



Ele é fundador da banda de rock progressivo – Semente - lançou um disco de estúdio e um CD/DVD gravado ao vivo no Museu Nacional de BeLas Artes no Rio de Janeiro. Fundou também o grupo instrumental True Illusion - com dois discos lançados, sendo um ao vivo e, um DVD ainda inédito - grupo que foi revelação do ano de 2000, no segmento instrumental. Os dois grupos tiveram seus discos indicados para concorrer o prêmio (Laras), uma espécie de Grammy Latino. Em 2004, ele lança, em carreira solo, o bem sucedido “A Drop In The Ocean, An Ocean In A Drop” onde obteve boa aceitação da imprensa.
Em tempo: Ele arremessa “Ciclos Imaginários”, disco totalmente autoral onde conta com participações e produção requintada. Em entrevista exclusiva, o músico, compositor e surfista nas horas vagas, fala do mais novo trabalho. Com vocês! Sérgio Benchimol!

- Gostaria de que você falasse do disco “Ciclos Imaginários”. Como foi escolhido o título?

- A partir do título da última música composta para piano e grupo. A música remete às diversas fases da vida. Da infância a maturidade, em ciclos imaginários.

- Como foi feito o repertório?

- Ele foi elaborado para este disco ou você já vinha compondo?
É uma mistura de idéias antigas com composições novas que combinam bem entre si e que refletem momentos bem pessoais de minha vida.

- Como adquire inspiração para a criação?
- Toda inspiração vem do prazer de tocar. Se não há prazer em tocar, não rola.

- Vejo que você se cercou de ótimos músicos. David Ganc, Eduardo Morelenbaum, Jessé Sadoc, Rafael Barata, Lui Coimbra, dentre outros. Como você conseguiu reunir todos num único disco?
- Na verdade é uma continuação do disco anterior. Fui aluno e sou amigo do David há muitos anos. Os músicos foram indicações dele, com exceção do Rafael Barata que toca comigo há alguns anos

- Sendo o segundo disco solo, o que diferencia “Ciclo Imaginários” do anterior “A Drop In The Ocean, An Ocean In A Drop” de 2004?
- Este disco é totalmente acústico com arranjos de quarteto de cordas e sopros. Nele toco dois instrumentos, violão e piano.

- Fale-me como foi feito à produção.
- As gravações começaram logo que terminei o “Drop In The Ocean...”, ainda em 2004. A partir das gravações vieram os arranjos, mixes etc.. De acordar com a disposição e disponibilidade de tempo e sem stress.

- Você fez parte de duas bandas (Semente e True Illusion) que chegaram a fazer um reboliço no Rio de Janeiro, lançando discos e DVDs. Pretende lançar mais coisas dos grupos, ou virou passado?
- Pretendo lançar o CD/DVD do True Illusion com Márcio Montarroyos que não foi lançado na época.

- Vamos fazer um faixa a faixa?

Terral II.
- A fonte de inspiração foram os dias de surf, com aquele vento terral soprando, sol e altas ondas levando a pessoa a sentir a presença do criador na sua obra, o que nos dá uma alegria interior e uma gratidão por viver esses momentos.

Oregon Montains.
- Idem em relação às montanhas. Principalmente as nossas montanhas cariocas da Mata Atlântica.

Daqui pra li.
- Um momento de introspecção. Pra quem está num momento de solidão se fixa no dark side da vida mas depois se toca e percebe que nunca estamos completamente sós. Nada como um bom som para levantar o astral.

Depois da Praia.
- Essa faixa e a anterior estão ligadas. Se na primeira a referência é pessoal, essa é coletiva. Trata da percepção de um momento especial que está por vir em que todos vão sacar que o grande lance, é viver em paz. O que um dia de praia não faz...

Shadow Valley.
- A curtição do stress, da tensão, num naipe de sopros excepcional, solos de trompete, violino e sax da pesada. Um dia de surf com mar gigante e muita adrenalina.

Ciclos.
- Já falei no início. Vale destacar o arranjo num clima que me lembra os bons momentos de Charles Mingus

Haverá show de lançamento?
- Talvez...

outubro 18, 2007

Nectar apresenta: Festa Indiana & Tributo a George Harrison !

É com grande satisfação que estaremos realizando no dia 26 de Outubro - Sexta-feira - este maravilhoso e, imperdível, evento multi-cultural , gastronômico, místico, musical e de confraternização em torno da cultura oriental e do ex-beatle George Harrison.

PROGRAMA:
Inicio 19h: Exposição de um vasto acervo da obra de George Harrison: Livros, Lps, fotos, pôsteres, reportagens, cds, dvds etc...
Quitutes especiais lacto-vegetarianos da culinária indiana!

19h30: Cerimônia de abertura “Agnihotra”, ritual hindu do fogo para a purificação do karma individual e planetário!

20h: Desfile de trajes indianos.

20:15h: Apresentação de Dança Indiana.

20:30: Mantras & Bhajans com instrumentos orientais.

21h: Exibição no telão de imagens raras no documentário “Hare Krishna Temple” com George Harrison sua musica e ligação com a espiritualidade oriental.

23:00h: Show Tributo/Homenagem a George Harrison acontece com o grupo "Dark Horse Band" - Cleber Beckman: voz, violão e teclado; Ruben Fernandes: voz, violão, guitarra slide; Henrique Bonna: voz e guitarra; Sergio de Carvalho: baixo, sitar e tabla; Marcelo Rodrigues: bateria. A banda irá tocar canções de George Harrison em carreira solo e também de sua ex-banda The Bealtes.

Em 29 de Novembro de 2001, deixava este mundo um dois maiores músicos e guitarristas da história: GEORGE HARRISON. Antecipamos esta merecida homenagem a ele, onde os fãs nestes seis anos de saudades, poderão relembrar um pouco da grandiosa vida e obra de um ser humano diferenciado, sensível, quieto, introspectivo, místico, ecologista, talento musical extraordinário e que também, modestamente, gostava de ser conhecido e até mesmo se auto-intitulava como um simples e dedicado “jardineiro”.

George nunca se deixou dominar pela fogueira das vaidades reinante no meio artístico, ao contrario, utilizou sua fama, prestigio e recursos financeiros para realizar diversas obras a serviço da humanidade como no antológico e pioneiro evento beneficente “Concerto para Bangladesh”. Venha celebrar conosco no maior astral esta festa tão especial! Namastê! (Sergio Carvalho)

Local: NECTAR
Estrada dos Bandeirantes 22.774 * Vargem Grande * RJ
DATA: 26 de Outubro (Sexta-feira) 2007
ATENÇÃO: Inicio do Evento: 19h
ENTRADA FRANCA até às 22h.
Das 22h até às 23h, o ingresso custa: R$10 a partir da 23h é R$15.

Informações:
2428 13 87 e 9168 71 09 (Sergio)
3787 72 34 e 9832 33 36 (Narayana)


PRIMEIRO PLANO

Personagem da semana - George Harrison
O ex-beatle que dedicou sua vida à busca espiritual será tema de um documentário dirigido por Martin Scorsese

O melhor filme sobre a história dos Beatles, na opinião de George Harrison, foi o longa-metragem The Rutles, um documentário fictício estrelado pela trupe de comediantes Monty Python. Em uma hora e 16 minutos de piadas perfeitas, o filme destroça o mito da beatlemania e humilha os maiores astros da música pop. Até o subtítulo – “Você só precisa de dinheiro” – é um contraponto sádico à utopia dos Beatles, que certa vez cantaram: “Você só precisa de amor”. Harrison adorou a ironia. “É o filme que mais se aproxima da verdade”, disse.

Na terça-feira, o diretor Martin Scorsese anunciou que fará um documentário sobre George Harrison. Não será uma paródia, como The Rutles. George, vitimado por um câncer na garganta em 2001, será assunto para um dos mais influentes cineastas vivos e aquele que mais entende de rock-‘n’-roll. Em 1978, Scorsese filmou a última apresentação do grupo The Band. O resultado, A Última Valsa, é considerado o melhor filme sobre o gênero. Nos últimos anos, lançou documentários sobre Bob Dylan e Rolling Stones.

“A música e a busca espiritual de Harrison ressoam ainda hoje”, disse Scorsese no anúncio da empreitada. “Estou ansioso para mergulhar mais fundo.” Ele terá acesso ao vasto arquivo de família e fará entrevistas com os ex-beatles sobreviventes. A expectativa é que Scorsese traga à tona lados menos conhecidos da personalidade do músico, como seu grande senso de humor.

George, o mais novo dos quatro beatles, ficou conhecido como o “beatle quieto”. Filho de um motorista de ônibus, ele nasceu em 1943 e foi criado na Inglaterra entre as severas restrições do pós-guerra. A escola não o interessava. Foi buscar empolgação no ritmo skiffle, um gênero parecido com o rock. Varava madrugadas ruminando as notas, de violão em punho, até os dedos sangrarem. Na escola, conheceu Paul McCartney, que o convidou a integrar a bandinha The Quarrymen. John Lennon, o líder do grupo, não aprovava a idéia de ver um pirralho seguindo seus passos. Apesar de o convite ter partido de Paul, foi com Lennon que George mais se identificou. Ele adorava o senso de humor sardônico e as atitudes desvairadas do colega. Eles se tornariam grandes amigos.

Mesmo à sombra de dois talentos inigualáveis, George se destacava pelo bom gosto e pela economia, criando frases musicais lembradas com a mesma facilidade que a melodia principal. Compôs clássicos como “While My Guitar Gently Weeps” e “Taxman”. Mas tudo deve passar.

Alguns anos e muitos sucessos depois, George estava amargurado com as duas músicas a que tinha direito. “Eu tinha tantas músicas que precisaria de cem discos para lançar o que eu tinha guardado em 1965”, disse. A atmosfera das gravações se tornara irrespirável. Nas sessões de Let It Be, as câmeras captaram uma discussão entre George e Paul. “O que você quiser que eu faça, eu faço. Se você quiser, eu não toco mais nada”, disse George. Lennon olhava, impávido, preso no estupor da heroína que corria em suas veias. A presença de Yoko Ono também não ajudava. A maior banda de todos os tempos morria ali.

O jovem ávido por respostas espirituais encontrou o que queria no som da cítara, instrumento que deu origem à guitarra. O instrumento indiano levou George a se interessar pelo hinduísmo, religião que seguiu até o fim da vida. Adepto da meditação transcendental, ele defendia a espiritualidade como alternativa às drogas.

A filosofia da impermanência, um dos pilares das religiões orientais, tornou-se um segundo dialeto para ele. O desapego com que encarou as mudanças reflete-se em cada segundo de All Things Must Pass, seu primeiro LP pós-Beatles, lançado em 1970. Dali saiu o single de maior sucesso em sua carreira: “My Sweet Lord”, uma canção em que os gritos de “aleluia” se transformam em “Hare Krishna”. Era uma canção de amor a Deus.

Em 1971, no auge do sucesso, George reuniu Bob Dylan, Ringo Starr e Eric Clapton num show cuja renda seria revertida para a população de Bangladesh, que vivia o flagelo da guerra civil. Foi o primeiro concerto beneficente envolvendo celebridades, fenômeno que se repete com freqüência de lá para cá.

George passou a década de 1970 afastando rumores da sonhada reunião com os beatles. Concentrou-se nos próprios trabalhos, uma coleção de seis LPs cravejados de faixas memoráveis. Na década seguinte, produziu filmes. Não deu certo. Sem problemas. Voltou à música e conquistou a geração MTV com Cloud Nine, em 1989.

Silenciosamente, George saiu de cena e se dedicou à jardinagem, em seu castelo em uma região nobre da Inglaterra. Foi ali que viveu o drama de ser esfaqueado por um fã enlouquecido, em 1999. Já diagnosticado com câncer, ficou ainda mais recluso do que era. As palavras escolhidas pela viúva, Olivia, para anunciar sua morte, coroaram a busca espiritual do grande homem: “Ele se foi deste mundo como viveu, consciente da existência de Deus, sem medo da morte e em paz”. (Texto extraído da Revista Época - dia 8 de outubro de 2007) - autor: Marcelo Zorzanelli

outubro 10, 2007

StereoMoog

A mais nova revelação do pop/rock, StereoMoog vem da Bahia, Rio de Janeiro e Paraná – Chris Duk no vocal , Rafael Oliveira na percussão, Gabriel Mariano na guitarra e Rafael Fiúza na bateria, detonam o primeiro disco de carreira e totalmente autoral “Pra Frente é que se Anda” e vira trilha sonora do seriado Malhação 2007 com a música “Quando se Quer Alguém”. Com dois anos de formação, o StereoMoog se deu ao luxo de ter na produção musical, o experiente e lendário, músico e produtor, Roberto Lly com quem eles mantém um relacionamento pra lá de amigos. “O Roberto é pai do StereoMoog”, brinca o vocalista Chris Duk. A estréia da banda, não poderia ser melhor. Com uma personalidade musical marcante, produção requintada e música em seriado, a banda cai na estrada e concede, com exclusividade, a primeira entrevista de sua carreira. Com vocês! StereoMoog!

Como vocês descobriram a arte musical?
Rafael - Sozinho, ninguém na minha família é muito ligado em musica. Mas acredito que os inúmeros carnavais, passados em salvador desde minha infância, tenham contribuído bastante pela minha paixão aos tambores. Meus pais e avós são baianos, portanto, meu destino nas férias sempre foi à Bahia. Lembro-me quando era muito pequeno de ficar hipnotizado com aquele batuque!

Gabriel - Comecei na musica desde cedo. Tive aulas de violão no colégio e depois aula particular, mas não levava muito a serio. Foi em 1995 quando comprei minha primeira guitarra de compensado que tudo mudou e comecei a levar realmente os estudos a serio.

Chris Duk - Descobrir a arte musical na infância de uma forma indireta. Não tinha a certeza que quando me tornasse adulto fosse trabalhar com música. Venho de uma família, um pouco, ortodoxa e me tornar um músico parecia uma coisa um pouco louca, já que eu não tinha nenhum parente músico. Durante a faculdade de Direito, pude perceber não tinha feito uma escolha profissional na qual me deixava feliz e realizado profissionalmente. A música completou todas as lacunas.

Guilo - Desde criança fui apresentado à boa música. Cresci ouvindo tudo dosBeatles, Led Zeppelin e muito da onda ‘disco’ que acontecia na décadade 70. Meu interesse pela bateria veio quando vi pela primeira vez um clipe da musica One do Metallica. Tinha 14 anos na época.

Todos estudaram música?
Rafael - Não em faculdade. Mas sempre fiz aulas particulares com grandes músicos. Entre eles: Rui Motta, Nilson Batata, etc. Mas não podemos esquecer o mais importante: O caráter autodidata de cada um.

Gabriel – Tive sorte de encontrar um ótimo professor de guitarra, Renato Ribeiro, que é realmente um guitarrista de Rock. Ele mostrou o rumo a tomar na música! Depois, tive outros dois professores, que considero muito importantes na minha vida, o Eduardo Ponti que é um cara que sabe realmente tudo de musica e o Vini Rosa que é um dos guitarristas mas requisitados do Brasil. Esse cara grava tudo que está rolando! O que só você sabe, já está dentro de você.

Chris Duk - Fiz aula de canto, mas nunca estudei música.

Guilo - Comecei a estudar música com 18 anos com um grande musico da Bahia chamado Zacarias. Foram dois anos de aulas que fazem a diferença até hoje. Mas sinto que preciso voltar a estudar.

Como se deu à reunião para formar a banda?
Rafael - Tinha acabado de voltar de Londres de uma temporada de sete meses. Estava num momento indeciso de voltar ao mercado formal de trabalho ou continuar na música, mas sempre com a certeza de que a música ia me levar. Logo depois, encontrei o Chris - já nos conhecíamos através de um amigo de infância em comum - na rua em Ipanema (RJ) e trocamos idéias sobre a música e percebemos que estávamos no mesmo momento querendo fazer um trabalho autoral. Foi o Chris quem trouxe Gabriel e o Guilo, o segundo baterista que ensaiou com agente.

Chris Duk - Já conhecia o Gabriel através do Felipe que tocava comigo em uma banda que eu tive chamada "Duk". Conheci o Rafael através de um amigo em comum e o Guilo foi indicado através de um conhecido. Logo de cara nos identificamos com a sonoridade e o som que fizemos. Aos poucos a banda foi se tornando cada vez mais séria e alcançando objetivos comuns.

Guilo - No meu caso, fui convidado para uma jam pelo antigo baixista da banda. No primeiro ensaio, rolou uma 'vibe' legal e estou na banda até hoje.


Quais as influências de um modo geral.
Rafael - Se tivesse que fazer uma escala, diria que o Chris e o Guilo trouxeram uma influência mais rock, mais pesado! Eu e Gabriel curtimos um rock com um clima, às vezes um reggae, quem sabe... Mas se tiver que citar nomes diria que escutamos bastante Red Hot Chili Peppers, Bob Marley, Lenny Kravitz, Jamiroquai, Gilberto Gil…

Gabriel – As influências da banda são muitas porque cada um tem gosto particular! Red Hot Chili Peppers, Marron 5, Incubus, John Mayer e etc......

Vocês finalizaram o primeiro disco com uma produção requintada do Roberto Lly. Como vocês chegaram até ele?
Rafael - Foi o Chris quem fez essa ponte. Sem dúvida, ele é um dos maiores produtores do Brasil e um grande amigo.

Chris Duk – Quando cheguei de volta ao Rio em 2003, tive a sorte e felicidade de conhecer esta pessoa ímpar e produtor que dispensa comentários! Naturalmente, nos tornamos amigos e o convidei para produzir nosso disco. O Roberto tem tanto mérito quanto cada um da banda. Ele sempre acreditou em nossas canções e na banda, além de produzir com muita maestria!

Falem do repertório. Como é feito? Todos compõem?
Rafael – Sim. Mas nesse primeiro trabalho, tivemos muitas músicas do Chris. Mas quem manda é sempre a música boa!

Chris Duk - O repertório é escolhido por todos. Quando temos músicas novas, levamos para o ensaio e tocamos. Ficando legal, está dentro! Este disco tem composições minhas - Deixa, Eu Tô na Sua, Quando Você For e Hoje á Noite. Têm outras em parceria com o Gabriel - Quando Se Quer Alguém - a música que foi escolhida para o cd do seriado Malhação 2007, Todo Dia e Teu Cheiro que teve a participação, do nosso amigo, Vinimax. Tua Cidade, uma parceria minha com, grande amigo baiano, Ricardo Barata. Outra parceria bacana, foi com Renato Ribeiro - Pé na Estrada e em Metade de Mim. Por fim, Alto Astral uma parceria com o Dj Roque.

Quem faz os arranjos?
Rafael - Fizemos os arranjos nos ensaios. Geralmente às harmonias já vem com Gabriel e Chris. Trabalhamos em cima disso. Aparamos as arestas nos ensaios e mudamos o que for necessário.

Chris Duk - Os arranjos quem faz é a banda, com algumas pitadas de alguns aqui e outros ali. Sendo que para o disco todos foram conferidos pelo produtor Roberto Lly.
Guilo - Tem dedo de todos no produto final.

Sendo o primeiro trabalho de vocês, banda jovem com pouco tempo de estrada, já colocaram uma canção como tema de seriado da TV Globo. Como isso aconteceu?
Rafael - Enviamos CD com as seis primeiras músicas gravadas e DVD com vídeo release para alguns contatos de gravadoras. Por surpresa nossa, a Som Livre gostou e incluiu a faixa - Quando se Quer Alguém, na trilha da Malhação. A partir daí, algumas portas se abriram e estamos nessa batalha para finalizar o CD e colocar, de fato, a música nas rádios.

Chris Duk - Distribuímos nosso EP com seis músicas em alguns lugares, um deles foi a "Som Livre". Depois de um tempo, recebemos a feliz notícia que música Quando Se Quer Alguém, tinha sido escolhida para entrar na trilha sonora do seriado de televisão Malhação 2007. E por causa disso as coisas estão acontecendo. Tudo á seu tempo! Terminamos nosso disco com 12 faixas autorais e estamos fazendo shows de divulgação.