novembro 11, 2008

Cactus Cream



















A banda, carioca, Cactus Cream - Paulo Metello (vocal, guitarra e violão), Arthur Brasil (baixo), Beto Callado (guitarra) e Leandro Vairo (bateria), é ativa na cena independente desde 1998. Desde então, eles lançaram vários discos. Com elementos indie, rock, pop, melódicos e poéticos, às vezes pesados e psicodélicos, dançante ou apenas ouvir. As influências são diversas e incluem Velvet Underground, Beatles, David Bowie, Kraftwerk, Scott Walker, Leonard Cohen, Mutantes, Los Hermanos, Echo and the Bunnymen, Jesus and Mary Chain, Strokes, Interpol, Arctic Monkeys, Rapture, CSS, The Cure e outros. Eles compõem em Português e Inglês. Em entrevista com Paulo Metello, fundador da banda, fala da história, discos e novidades do grupo. Pude conferir o ensaio, dos rapazes, em Copacabana dentro de um estúdio frio! Veja os melhores momentos da conversa.

Fotos: Elias Nogueira


- Gostaria que falasse como foi criado o Cactus Cream. Como surgiu a idéia de fazer a banda?
- Bom. Isso começou em meados dos anos 90, quando eu começava a tocar baixo junto com o guitarrista Francisco, um amigo de infância que fundou a banda junto comigo. No começo a gente tirava umas músicas do Cure, Smiths, Beatles, Pink Floyd entre outros e ensaiava no quarto mesmo.

Logo começamos a fazer nossas próprias composições e chamamos alguns amigos da faculdade para completar o time. Pensamos em vários nomes e demorou até chegar em “Cactus Cream". O nome resume bem a proposta da alternância entre melodia pop, climas mais suaves e peso experimental.

Na verdade, a banda chegou a se chamar “Medellin” e o som era uma espécie de “Noise Punk” - uma mistura de Sonic Youth com Sex Pistols, bem pesado e barulhento, mas era difícil explicar pra polícia o nome da banda e resolvemos mudar tanto o nome quanto o estilo musical! (risos)

Lembro que fizemos o primeiro show em uma festa de aniversário em uma churrascaria em Niterói. Foi um show muito estranho e etílico. Terminamos bem bêbados à noite, mas o público gostou. Depois fomos fazendo mais shows e a coisa começou a engrenar e a se consolidar.

- Logo de cara arremessam “Envelhecido em Barris de Memória”, produzido pelo Tom Capone. Como foi isso?
- Isso foi em 1998. Na verdade o Tom produziu uma das músicas do CD (a faixa “Onde Penso Estar”) e deu uns toques no geral.
O cara ouviu a música gostou e resolveu fazer uma mixagem que ficou muito legal e fez toda a diferença. O cara era uma grande figura! Muito talento e simplicidade! Foi uma grande perda!

A maior parte da produção ficou a cargo do Vitor e do Junior Tostoi que tocavam na banda Vulgue Tostoi. Hoje o Jr toca guitarra com o Leninne. Eles fizeram a mixagem e deram toques na produção do material que foi gravado num gravador de rolo de oito canais no estúdio Estação do Som em Botafogo.

- Fale do segundo disco?
- O segundo disco se chama “Elefante Be Bop” e foi gravado em 2003 e lançado em início de 2004 pelo selo independente Ettorerock e conta com 12 músicas. Na verdade chegamos a lançar o single “Alegria Espectrônica” no final de 2002 antes de gravar o Elefante. A música também entrou no repertório do disco.

O Marcelo Teófilo (produtor e dono do selo) recebeu um material da gente e gostou muito. Ele quis lançar um CD nosso pelo selo dele e começou a produção com a gente. Fizemos uma pré no estúdio caseiro do amigo e compositor de mão cheia Fernando Pennafort. Lá fomos delineando e marcando as bases das músicas que iríamos gravar. Nessa época, o Beto Callado, que estava tocando baixo e hoje toca guitarra no Cactus, e o Adriano Farias (bateria) estavam entrando pra banda. Fizemos muitos ensaios no apartamento do Adriano em Copacabana antes de ir para o estúdio gravar.

Gravamos as músicas ao vivo e colocamos as vozes e “overdubs” depois. A captação também foi no estúdio Estação, mas agora, com um equipamento bem mais moderno e com mais possibilidades.

Uma parte do material foi produzida no próprio estúdio Estação pelo Rogério Furtado e pela banda. A outra, parte, foi no estúdio do Ricardo Depresound nosso amigo e ótimo produtor. Lá buscamos dar um ar mais psicodélico e etéreo ao disco, cheio de referências e samples com sons variados. A idéia era dar um tom, tanto de bandas ácidas dos anos 60 (Mutantes, Beatles e Pink Floyd), quanto de bandas pós-punk dos 80 (Violeta de Outono, Jesus And Mary Chain e Echo And The Bunnymen). Por outro lado, a gente estava ouvindo muito o primeiro CD do Strokes, que influenciou no lado mais energético e direto do trabalho.

O CD foi muito bem recebido no geral e ainda rendeu o clipe da música “Antes e Depois”. Dirigido pelo nosso amigo e DJ Richard Fuzz. O clipe, feito em película, circulou pela programação da MTV e tinha esse tom viajante do CD. Tem também o clipe da música “Ponto de Fuga” dirigido e animado por Intervalo Produções, estúdio renomado de animação do nosso amigo Levi Luz.

O trabalho, uma intrigante animação feita com desenhos aquarelados feitos à mão livre, levou um bom tempo e ficou muito legal.
Será lançado oficialmente na MTV em breve. Algumas músicas também foram tocadas em algumas rádios e pistas de dança pelo Brasil. O CD ficou de ser relançado remasterizado pelo selo Pisces Records.

- Vocês lançaram dois EPs?
- É verdade, um em 2005 “Pequena Sinfonia de Bolso” e outro em 2006 “Disco Punk Drunk”. Fizemos também o pré-lançamento no MySpace este ano de um terceiro EP antes de lançarmos oficialmente. O EP se chama “Dance Surreal Studio” e estamos remasterizando para lançamento oficial nos próximos dias. Uma das músicas deste CD “Nuvens de Hortelã” entrou na trilha sonora do Filme “Rainhas” que foi exibido no mais recente Festival de Cinema do Rio.

O EP “Pequena Sinfonia de Bolso” foi produzido pelo músico e produtor Claudio Lyra, sobrinho do Carlos Lyra, ícone da Bossa Nova.
Apesar de transitar no terreno da música brasileira, ele gosta, também, de Rock e fez um trabalho mais limpo buscando a clareza das melodias. Esse foi o primeiro CD gravado já com o Arthur Brasil que já vinha tocando baixo com a gente desde o ano anterior.

No ano de 2006, o grupo deu um intervalo e fiquei compondo algumas músicas no meu estúdio caseiro. Depois que tinha algumas músicas, levei tudo até o estúdio do Arthur, que domina muito os programas de gravação e, tem um excelente equipamento. Ali fizemos a base do EP “Disco Punk Drunk”, e com calma, pudemos explorar vários timbres e idéias de produção. Depois levamos para o estúdio e fizemos o arremate. Algumas músicas do CD foram tocadas também em rádios e pistas de casas noturnas cariocas, principalmente a música “Disco Punk”. Essa música, também, rendeu um clipe feito pela Intervalo Produções. Uma incrível animação com monstros e robôs lutando e que serviu de abertura para o Filme Mega Powers. Na trilha do filme podemos encontrar várias músicas do Cactus Cream de várias fases da banda.

- Quantas formações o Cactus Cream já teve? Você é o único da primeira formação?
- Tivemos umas quatro formações básicas. A atual está muito legal. O som está fluindo como nunca e a galera pensa, muito, parecido sem perder a individualidade. Estou desde o início, mas acredito que todos contribuíram, ao longo do caminho, com suas parcelas nos arranjos das composições que venho desenvolvendo desde então.

O Arthur toca na banda desde 2004 e o Beto voltou esse ano pra banda, assumindo a guitarra. Eu estou no vocal, violão e guitarra.
Na bateria entrou o Leandro Vairo. O engraçado é que eu o chameiele pra tocar no meio de uma pelada no Colégio Santo Agostinho, que é o lugar de encontro dos músicos que gostam de jogar uma bola. Todos da banda batem uma bolinha no Santo Agostinho. O Leandro entrou muito bem na banda e fez a liga. Algumas vezes contamos com a participação especial do Kiko Ramos e Alberto Mattos que tocam com o Nervoso.

- A banda está lançando uma caixa com três discos. Gostaria que comentasse.
- Estamos lançando uma caixa ainda intermediária com parte do material que lançamos nos últimos anos. A idéia, mais tarde, é lançar todos CDs gravados até o momento, em uma caixa maior e mais completa. Estamos estudando algumas opções de lançamento.

- Nova formação, novo disco e novos horizontes? Pode-se falar que é um retorno do Cactus Cream?
- Acho que a banda veio se reformulando no decorrer desse ano e acho que estamos num momento muito legal de evolução e inspiração! Fizemos um show de estréia muito bacana no Cine Lapa e estamos com outros marcados. Muitos contatos legais, através do nosso, www.myspace,com/cactuscream, foram feitos também. Nossas músicas foram e estão sendo tocadas em rádios norte-americanas, inglesas e brasileiras. O público em geral vem recebendo muito bem nossas músicas, tanto no Brasil, quanto no exterior.

Acho que poderíamos encarar como uma evolução continuada. Vejo um Cactus Cream com muita mais química, vontade de tocar e real paixão pela música. Estamos com muitas possibilidades reais pela frente e disposição de trabalhar com empenho para vencer as dificuldades que permeiam o meio musical atual. Estamos avançando para alcançar o que almejamos.