maio 10, 2007

MarthaV

Depois de passear pelo underground e conquistar o público carioca, a cantora, compositora e guitarrista MarthaV, detona seu primeiro disco de inéditas pela gravadora, especializada em rock, T-Rec dos músicos Roberto Lly, Fernando Magalhães e Marcelo Guapyassu. Com onze faixas autorais do mais puro rock, o disco passeia pela franqueza e originalidade de uma compositora que destila do seu mundo um rico e admirável som, com letras pessoais que deixam o público descobrir por si mesmo a mensagem enviada por MarthaV. Em sua primeira entrevista, a cantora revela tudo sobre seu primeiro lançamento e outras coisas.


Por Elias Nogueira


1) Quanto tempo de estrada você tem?

MarthaV: Contando a partir do meu primeiro show num palco. Isso já tem uns 15 anos, no total. Mas contando a partir da época em que comecei a realmente achar minha identidade artística, o que considero a verdadeira estrada, tem uns oito anos.

2) Antes de sair esse disco oficial, você já havia lançado outros trabalhos? Mesmo que independente?

MarthaV: Participei de uma coletânea muito legal chamada "Tributo ao Inédito II e III". Lancei também um disco chamado “Pop Rock Acústico” distribuído pela Sony, onde interpreto sucessos de cantoras internacionais dos anos 70 até os anos 90 (voz e violões). Este último gravei em casa sem muito recurso nem experiência de gravação, que hoje tenho bem mais.

3) Esse disco é todo inédito? Não tem regravações?

Te pergunto porque hoje em dia, diferentes artistas que estão começando, sempre colocam uma faixa regravada de algum artista já conhecido. MarthaV: Neste disco não tem regravações, mas tenho vontade de gravar algum dia. E não como cover e sim releitura, como já faço nos shows. A releitura me faz ter liberdade de criar e, criando eu interpreto com mais verdade.

4) Você toca quais instrumentos além de cantar?

MarthaV: Em shows eu toco guitarra e violão. Mas em gravações, o que vier eu traço. É claro que com bom senso! Jamais vou deixar algo que perturbe os ouvidos, se essa não for à proposta. Mas posso dizer que gosto muito de bateria; pretendo voltar a ter uma e estudar bastante a ponto de eu me sentir segura até pra tocar com meus amigos

5) Você estudou música?

MarthaV: Estudei um pouco de harmonia, porém percebi que na época, isso estava me levando muito para lado MPB. Gosto de MPB, mas sentia que, naquele momento, precisava resgatar minha identidade de compor como autodidata. Foi assim que comecei na adolescência. Com o violão! Aí, parei e, propositalmente desaprendi 70%. Hoje sinto falta um pouco. Quando eu realmente sentir necessidade, volto a estudar, sim.

6) As composições do disco são próprias? Onde você arruma inspiração para compor?

MarthaV: São próprias com algumas parcerias. A inspiração vem de dois lugares: de fatos da vida que me fazem questionar (isso mais pro lado da letra) e da necessidade de extravasar tudo o que é vivido e sentido. E também, tenho um desejo muito grande de me comunicar, mesmo que seja de um modo abstrato (a música); mesmo que seja falando comigo mesma (risos).

7) Você recebe ajuda de alguém para compor? E os arranjos?

MarthaV: De vez em quando peço uma ajuda em harmonia e arranjo pro meu guitarrista Daniel Martins (baixista da Benflos, Rockz, Lobão...) e para grande Mariana Davies (cantora, compositora, guitarrista e tecladista). Esta última então, foi a pessoa que mais colaborou e participou deste disco em termos de arranjo, execução de vários instrumentos e produção musical. Mas gosto muito de contar com a participação de todos os músicos, quando se fala em arranjo. Gosto desse clima de banda; de somar idéias. Acho que rola uma boa troca de experiências, de ambos os lados.

8) Tem alguma música que você acha que vai se destacar das demais?

MarthaV: Percebo que a música “Enquanto” é a que alcança o maior número de pessoas e de diferentes gostos musicais. Mas músicas como "Pra quem quiser”, “Super 8” e “Tema livre”, músicas mais lado B, se destacam para as pessoas que curtem sons mais alternativos, que dão importância aos arranjos e sonoridade tanto quanto a própria canção.

9) Fale um pouco do repertório.

MarthaV: Escolhi algumas canções mais antigas que são bem atuais e outras mais novas. Esse processo de espera do lançamento do CD me fez temer sentir que as músicas já estejam “velhas” pra mim. Mas, felizmente, as vejo como fotos que você revê e sente tudo de novo. Continua sendo um prazer cantá-las e tocá-las.10) Quais as suas influências musicais?MarthaV: Têm muitas: Interpol, The Arcade Fire, Spoon, The Queen of the Stone Age, The Smiths, The Cure, U2, Radiohead, Portishead, Bjork, Coldplay, Aimee Mann, Fionna Apple, Norah Jones, Depeche Mode, Tracy Bonham, PJ Harvey, Sheryl Crow, Ani DiFranco, Suzanne Vega, Cranberries, The Cardigans, Imogen Heap, Skunk Anansie, Yeah, Yeah, Yeahs, The Killers, Blonde Redhead, Metric, Barão Vermelho, Legião Urbana, Elis Regina, Etta James, Aretha Franklin, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Guilherme Arantes e Lulu Santos (anos 80), Madonna (todas as décadas), Michael Jackson (até Thriller), Luanda Jones, Mariana Davies, Benflos e THE BEATLES, BEATLES e BEATLES!!!

11) Nas composições, vejo que compõe sozinha. Entretanto, você divide com parceiros algumas faixas. Têm parceria com a gaúcha Luciana Pestano, a cantora e guitarrista Mariana Davies... Fale um pouco do processo de criação?

MarthaV: Sempre gosto de colaborações para as músicas. Acho válido somar criatividade. Mas confesso que é mais fácil quando é com arranjo musical. A composição é um pouco mais complexa. Geralmente, a parceria autoral vem espontaneamente. Ou eu começo a letra e tenho algum "bloqueio" e a outra pessoa continua. Foi assim com a letra do refrão da “Dama de plástico” com a Luciana Pestano - agora seu nome artístico é Tigra. Quando tenho uma música pronta somente com harmonia e melodia, começo a fazer a letra junto e, às vezes, mudando os acordes e, com isso, acrescentando novas melodias - foi assim em "Os 3 lados" com Mariana “Miss” Davies. Uma música já iniciada e eu terminando música e letra... foi assim em “Quando a noite cai” com Luanda Jones e na faixa “Clube dos 5” com Tata Pierry. Faço também no formato antigo que é cada vez mais difícil, que é mandar a música com melodia para alguém pôr letra, foi neste esquema em "Indecisão” a parceria com Leo Shanty. Nesta letra, participei apenas do refrão. Cada vez mais prefiro fazer a letra sozinha ou, pelo menos, fazer junto. E se não for assim, a pessoa precisa conhecer muito minha maneira de pensar ou eu preciso ter muita afinidade de idéias e sonoridade de palavras com a mesma. Pois tenho cada vez mais necessidade de cantar com verdade os meus próprios sentimentos e com palavras que consigam traduzi-los. Minha “fórmula” geralmente é sempre começar com os acordes, em seguida, quase que nascendo junto, vem à melodia que guia o resto dos acordes e depois a letra. É mais difícil na hora da letra, pois tenho que escolher as palavras certas para encaixar na métrica da melodia. E preciso ter um senso de resumo muito grande para um espaço limitado por mim mesma. Mas é o modo que mais me satisfaz, no final de tudo.

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