Mú Carvalho bom de papo!
Músico fala do disco novo, A cor do Som...
O Pianista Mú Carvalho, Maurício Magalhães Carvalho – seu nome de batismo fez muito sucesso como tecladista nos anos 80, ao lado do irmão Dadi, quando causava histeria entre as meninas que apreciavam A Cor do Som, emblemática banda brasileira dos anos 70 e 80. Hoje, Mú além de músico é produtor musical da TV Globo e especialista em composições de trilhas sonoras e belos arranjos. É também empresário e dono do selo Boogie Woogie. Com uma carreira solidificada, o pianista lança o terceiro disco de carreira solo – Ao Vivo Mú Carvalho. Carioca de Ipanema, certo do que gosta em termos de musicais, mantém o padrão de qualidade desde os anos 70 quando iniciou sua carreira. Ele não titubeia em dizer: “Tenho saudades dos anos 70, quando se fazia música boa. Hoje em dia a qualidade da música é item sem a menor importância”. Em entrevista ao International Magazine, Mú que estará se apresentando dia 22 de novembro na cidade Montpellier no sul da França para um piano solo, fala da concepção do disco novo e adianta “Ano que vem lanço um CD só com músicas de Ernesto Nazareth”. Deixemos o pianista falar.
Texto e fotos
por Elias Nogueira
- Como se deu a gravação do disco ao vivo?
- Quis fazer um registro ao vivo de minha história, de tudo fiz lá atrás. Então, peguei um pouco do Pianista do Cinema Mudo, um pouco de Óleo Sobre Tela e, também, fiz uma homenagem A Cor do Som com três músicas que são minhas.
- É um registro, quase, biográfico?
- São releituras de músicas minhas ao vivo. Coisa que nunca tinha feito antes em trabalho solo. É outra energia!
- Como foi que se deu o clik de fazer um disco ao vivo?
- Depois que gravei – Pianista do Cinema Mudo e Óleo Sobre Tela – não fiz show nenhum em ambos os lançamentos. Achei que estava na hora de fazer um show e também divulgar, de certa forma, os dois trabalhos. Estava na hora de fazer um registro e tocar! Quando comecei a procurar o lugar para o show, pensei no Mistura Fina que ainda estava na Lagoa. Pensei assim: nunca fiz um show solo, sempre tocando com grupo, A Cor do Som, ou acompanhando outros artistas. Mas trabalho meu solo, nunca havia feito... Tenho três discos solos e nunca tinha feito um show sobre eles. Isso foi em 2006 quando resolvi fazer.
- Você falou em três discos.
- Tenho aquele disco que foi lançado em 1985 e que foi produzido pelo Egberto Gismonti – Meu Continente Encontrado saiu em LP. Juntei os amigos que haviam trabalhado comigo nos dois últimos CDs. Quando pensei em fazer o show, quis fazer uma coisa bacana. Não gosto de fazer nada por fazer... Tínhamos gravado a Cor do Som no Canecão, e quando comecei a fazer - Óleo Sobre Tela veio à idéia de fazer show de lançamento. Comecei a projetar para 2006. Chamei o Marcelo Mariano, Zé Canuto, Cesinha. Claro, que todos que chamei, tem haver com meu trabalho e formou-se o quarteto, que pra mim, estava bacana. Comecei a convidar pessoas e junto, veio à idéia de filmar. O Rodrigo Junqueira, um amigo que trabalha na área de vídeo, disse que, se eu quisesse gravaria numa boa. Resolvi filmar e gravar, já que o Mistura Fina permite fazer. Convidei Chiquinho Chagas (Acordeom) que participa sempre de minhas gravações e como queria homenagear A Cor do Som, quis gravar Frutificar, Apanhei-te Minimoog e Saudação a Paz. Com isso, tive que importar o Armandinho da Bahia. Contei pra ele o que era e, ele aceitou de imediato e chamei Jorginho Gomes e Dadi. Essa turma que participou das faixas da Cor do Som. Só que deu problemas no sistema de gravações e não conseguimos gravar nada! Teve problemas na mesa... Ou a gente parava para consertar ou fazia o show. Foi maravilhoso! Casa cheia e meu primeiro show solo. Aí, gostei tanto que resolvi fazer outro show solo e fazer tudo de novo e gravar. O primeiro show foi em fevereiro, o segundo em abril de 2006 e deu tempo de me preparar melhor.
- Então, o primeiro show serviu de teste?
- Digamos que tenha sido um ensaio (risos). Na verdade nem tínhamos ensaiado muito, foram quatro dias, que pra mim, é muito pouco. Sou paranóico com esse negócio de som. Gosto de tudo certinho. A data teve que ser vista para não ficar ninguém de fora, porque todos têm suas agendas. A Filmagem do primeiro deu certa e quis usar alguns takes do show anterior e com a filmagem do segundo show. Foi no dia do aniversário de minha mãe que estava fazendo 80 anos. Sei que consegui reunir todos novamente. Teve a participação da guitarrista Ana Zingoni. Deu tudo certo!
- Notei que não entrou no repertório nada do primeiro disco solo.
- Ele estava tão distante de minha cabeça e aquele repertório nunca mais toquei. Não fiquei muito a vontade para fazer e nem tempo hábil para tal.
- Mudando de assunto: gostaria que você falasse sobre A Cor do Som. Teve aquele show do Canecão, foi gravado em DVD e depois vocês sumiram! Não teve continuidade no trabalho. O que houve?
- O que aconteceu foi o seguinte, Elias. Estávamos todos empolgados. Procurou-nos uns empresários, são dois irmãos: Bernardo e Juka Muller. O Juka havia feito aquele DVD do Roupa Nova que vendou bastante. Um dia me ligou o Bernardo dizendo que gostaria de reunir A Cor do Som. Chegou aqui no estúdio, conversamos e nisso ele já falou do irmão dele que produziu o Roupa Nova e que tinha dado certo e coisa e tal... Foi me interessando e aquilo aconteceu, exatamente, numa época que o Dadi tinha encontrado com Armandinho. As coisas parecem meio que mágicas. Tudo conspirando com o tempo com encontros casuais dos integrantes da banda. Ao mesmo tempo em que os irmãos Muller falavam do retorno da A Cor do Som, o Dadi encontrava casualmente com Armandinho que se dizia saudoso e dando a idéia de reativar A Cor do Som. Eu liguei para o Dadi e ele me contou do encontro. Chamamos o Armandinho para conversar com Bernardo e Juka. Fomos ao Leblon e batemos um papo. Fechamos! Isso era o começo de 2005. Conseguimos fazer, dentro do tempo que tínhamos um registro bacana. Conseguimos fazer um som legal e teve aquelas participações especiais. Ficou o seguinte: o Juka cuidaria do selo e o Bernardo dos shows. Assinamos um contrato de dois anos de exclusividade com Bernardo. Eu impus uma condição. A coisa de ir para estrada é outro negócio. Já fizemos muito isso e não quero ficar fazendo show em tudo que é buraco. Sei que a banda estava fora do mercado, mas prefiro fazer uma quantidade menor de shows, mas sair de casa com mínimo de piso X para todos integrantes igualmente. Todos integrantes tem vida própria... Agenda de outros trabalhos. Então eu falei: vamos com muita calma, devagar com a louça! Teve a conversa e tudo OK. Vamos lá! Fizemos show em Salvador - Festival de Verão. Tudo certo. Fizemos o Teatro Rival três shows lotados – ganhamos zero! Não entendi nada! Alegaram que tiveram um custo muito alto e etc. Aquilo já ficou meio estranho em minha cabeça. Mas todos estavam empolgados e queríamos colocar A Cor do Som na ativa. Aí, ele veio com a conversa de que não poderia vender os shows por esse preço. Eu ainda falei que não temos pressa em fazer shows, mas fazer uma coisa legal. Mas ele queria diminuir o valor do cachê. O Valor nem era muito e o que ele queria, seria um valor de músico que acompanha um cantor de terceira categoria. Entendeu? Eu não vou sair do meu estúdio que construir com muito trabalho, para começar do nada como se estivesse começando do zero! E não é verdade! A Cor do Som tem uma história! Ele não se conformou com nossa posição, que foi firme! É isso aí ou nada! Sei dizer que: ele sumiu e não quis desfazer o contrato. Ainda tentamos conversar, dizendo que assim não iríamos a lugar nenhum e sugerir abrirmos o contrato e ele não quis. Ficamos presos a eles por dois anos sem pode fazer nada e nem divulgar nosso trabalho. Sei que o DVD esteve entre os dez ou quinze mais vendidos naquele ano. Nunca recebi um tostão por ele. Aí, o Mariozinho Rocha quando viu agente no jornal com a possibilidade de gravar um disco ao vivo, falou que adorou o projeto e que não tinha nada o que inventar e fazer o nosso trabalho, com as musicas conhecidas. E depois poderia lançar pela Som Livre que teria uma visibilidade grande... Comprei essa idéia e disse para o Juka que, com a Som Livre seria ótimo. Mas ele fechou com a Sony e nem me pergunte por que. Foi isso que aconteceu.
- Recentemente você esteve envolvido num projeto chamado: Doces Cariocas? Pode falar sobre? Que aconteceu?
- Essa historia foi assim: Eu costumo alugar uma casa em Araras, região de Petrópolis, sempre em finais de ano. E foi no réveillon de 2006 para 2007, que convidei o Marcelo Costa Santos (Abre Coração), amigo meu de longa data, e também o Pierre Aderne e Alexia (cujo pai mora em Petrópolis), pra ficarem conosco. Eu e Ana (minha esposa e guitarrista), munidos de teclado e violões, (chovia muito nesses dias), acabamos nos concentrando ao redor da lareira, sempre com alguma garrafa de vinho por perto. E foi isso. Eu e Marcelo, já somos parceiros de muitas canções desde os anos 70. O Pierre estava com muita disposição pra “letrar” e a Alexia também, muito musical e criativa. Enfim, as melodias nasciam. E nasciam realmente com uma grande fluidez. Lembro de uma noite, a Ana estava já dormindo, mas em algum momento ela chega à sala com uma melodia inteiramente pronta na cabeça... e das boas..
E quando nos demos conta, estávamos com mais de 10 músicas, com uma onda muito boa. A partir daí, a história tomou outro rumo. O Pierre querendo muito que esse trabalho fosse gravado e a partir daí constituíssemos uma banda. Só, que aquele momento mágico foi se perdendo. Por conta talvez de uma “urgência” do Pierre e também de, um, certo desespero dele de tomar as rédeas dessa história. Pra mim, ficou descartada a hipótese, que enquanto estávamos ao redor da lareira eu considerava, realmente, seguir com a idéia da banda. O Pierre ainda insistiu pra eu participar das gravações, mas eu falei pra ele, que só gravaria, no caso de eu produzir e arranjar aquelas canções. Mas ele tinha pressa, e como isso não aconteceu, preferi não participar desse projeto, um tanto confuso pra minha concepção, e com muita gente que não estava ao redor daqueles vinhos e daquela lareira. Desejo sucesso, mas acho uma pena à forma como as músicas foram tratadas no estúdio. Elas mereciam arranjos a altura das boas melodias que são.
Músico fala do disco novo, A cor do Som...
O Pianista Mú Carvalho, Maurício Magalhães Carvalho – seu nome de batismo fez muito sucesso como tecladista nos anos 80, ao lado do irmão Dadi, quando causava histeria entre as meninas que apreciavam A Cor do Som, emblemática banda brasileira dos anos 70 e 80. Hoje, Mú além de músico é produtor musical da TV Globo e especialista em composições de trilhas sonoras e belos arranjos. É também empresário e dono do selo Boogie Woogie. Com uma carreira solidificada, o pianista lança o terceiro disco de carreira solo – Ao Vivo Mú Carvalho. Carioca de Ipanema, certo do que gosta em termos de musicais, mantém o padrão de qualidade desde os anos 70 quando iniciou sua carreira. Ele não titubeia em dizer: “Tenho saudades dos anos 70, quando se fazia música boa. Hoje em dia a qualidade da música é item sem a menor importância”. Em entrevista ao International Magazine, Mú que estará se apresentando dia 22 de novembro na cidade Montpellier no sul da França para um piano solo, fala da concepção do disco novo e adianta “Ano que vem lanço um CD só com músicas de Ernesto Nazareth”. Deixemos o pianista falar.
Texto e fotos
por Elias Nogueira
- Como se deu a gravação do disco ao vivo?
- Quis fazer um registro ao vivo de minha história, de tudo fiz lá atrás. Então, peguei um pouco do Pianista do Cinema Mudo, um pouco de Óleo Sobre Tela e, também, fiz uma homenagem A Cor do Som com três músicas que são minhas.
- É um registro, quase, biográfico?
- São releituras de músicas minhas ao vivo. Coisa que nunca tinha feito antes em trabalho solo. É outra energia!
- Como foi que se deu o clik de fazer um disco ao vivo?
- Depois que gravei – Pianista do Cinema Mudo e Óleo Sobre Tela – não fiz show nenhum em ambos os lançamentos. Achei que estava na hora de fazer um show e também divulgar, de certa forma, os dois trabalhos. Estava na hora de fazer um registro e tocar! Quando comecei a procurar o lugar para o show, pensei no Mistura Fina que ainda estava na Lagoa. Pensei assim: nunca fiz um show solo, sempre tocando com grupo, A Cor do Som, ou acompanhando outros artistas. Mas trabalho meu solo, nunca havia feito... Tenho três discos solos e nunca tinha feito um show sobre eles. Isso foi em 2006 quando resolvi fazer.
- Você falou em três discos.
- Tenho aquele disco que foi lançado em 1985 e que foi produzido pelo Egberto Gismonti – Meu Continente Encontrado saiu em LP. Juntei os amigos que haviam trabalhado comigo nos dois últimos CDs. Quando pensei em fazer o show, quis fazer uma coisa bacana. Não gosto de fazer nada por fazer... Tínhamos gravado a Cor do Som no Canecão, e quando comecei a fazer - Óleo Sobre Tela veio à idéia de fazer show de lançamento. Comecei a projetar para 2006. Chamei o Marcelo Mariano, Zé Canuto, Cesinha. Claro, que todos que chamei, tem haver com meu trabalho e formou-se o quarteto, que pra mim, estava bacana. Comecei a convidar pessoas e junto, veio à idéia de filmar. O Rodrigo Junqueira, um amigo que trabalha na área de vídeo, disse que, se eu quisesse gravaria numa boa. Resolvi filmar e gravar, já que o Mistura Fina permite fazer. Convidei Chiquinho Chagas (Acordeom) que participa sempre de minhas gravações e como queria homenagear A Cor do Som, quis gravar Frutificar, Apanhei-te Minimoog e Saudação a Paz. Com isso, tive que importar o Armandinho da Bahia. Contei pra ele o que era e, ele aceitou de imediato e chamei Jorginho Gomes e Dadi. Essa turma que participou das faixas da Cor do Som. Só que deu problemas no sistema de gravações e não conseguimos gravar nada! Teve problemas na mesa... Ou a gente parava para consertar ou fazia o show. Foi maravilhoso! Casa cheia e meu primeiro show solo. Aí, gostei tanto que resolvi fazer outro show solo e fazer tudo de novo e gravar. O primeiro show foi em fevereiro, o segundo em abril de 2006 e deu tempo de me preparar melhor.
- Então, o primeiro show serviu de teste?
- Digamos que tenha sido um ensaio (risos). Na verdade nem tínhamos ensaiado muito, foram quatro dias, que pra mim, é muito pouco. Sou paranóico com esse negócio de som. Gosto de tudo certinho. A data teve que ser vista para não ficar ninguém de fora, porque todos têm suas agendas. A Filmagem do primeiro deu certa e quis usar alguns takes do show anterior e com a filmagem do segundo show. Foi no dia do aniversário de minha mãe que estava fazendo 80 anos. Sei que consegui reunir todos novamente. Teve a participação da guitarrista Ana Zingoni. Deu tudo certo!
- Notei que não entrou no repertório nada do primeiro disco solo.
- Ele estava tão distante de minha cabeça e aquele repertório nunca mais toquei. Não fiquei muito a vontade para fazer e nem tempo hábil para tal.
- Mudando de assunto: gostaria que você falasse sobre A Cor do Som. Teve aquele show do Canecão, foi gravado em DVD e depois vocês sumiram! Não teve continuidade no trabalho. O que houve?
- O que aconteceu foi o seguinte, Elias. Estávamos todos empolgados. Procurou-nos uns empresários, são dois irmãos: Bernardo e Juka Muller. O Juka havia feito aquele DVD do Roupa Nova que vendou bastante. Um dia me ligou o Bernardo dizendo que gostaria de reunir A Cor do Som. Chegou aqui no estúdio, conversamos e nisso ele já falou do irmão dele que produziu o Roupa Nova e que tinha dado certo e coisa e tal... Foi me interessando e aquilo aconteceu, exatamente, numa época que o Dadi tinha encontrado com Armandinho. As coisas parecem meio que mágicas. Tudo conspirando com o tempo com encontros casuais dos integrantes da banda. Ao mesmo tempo em que os irmãos Muller falavam do retorno da A Cor do Som, o Dadi encontrava casualmente com Armandinho que se dizia saudoso e dando a idéia de reativar A Cor do Som. Eu liguei para o Dadi e ele me contou do encontro. Chamamos o Armandinho para conversar com Bernardo e Juka. Fomos ao Leblon e batemos um papo. Fechamos! Isso era o começo de 2005. Conseguimos fazer, dentro do tempo que tínhamos um registro bacana. Conseguimos fazer um som legal e teve aquelas participações especiais. Ficou o seguinte: o Juka cuidaria do selo e o Bernardo dos shows. Assinamos um contrato de dois anos de exclusividade com Bernardo. Eu impus uma condição. A coisa de ir para estrada é outro negócio. Já fizemos muito isso e não quero ficar fazendo show em tudo que é buraco. Sei que a banda estava fora do mercado, mas prefiro fazer uma quantidade menor de shows, mas sair de casa com mínimo de piso X para todos integrantes igualmente. Todos integrantes tem vida própria... Agenda de outros trabalhos. Então eu falei: vamos com muita calma, devagar com a louça! Teve a conversa e tudo OK. Vamos lá! Fizemos show em Salvador - Festival de Verão. Tudo certo. Fizemos o Teatro Rival três shows lotados – ganhamos zero! Não entendi nada! Alegaram que tiveram um custo muito alto e etc. Aquilo já ficou meio estranho em minha cabeça. Mas todos estavam empolgados e queríamos colocar A Cor do Som na ativa. Aí, ele veio com a conversa de que não poderia vender os shows por esse preço. Eu ainda falei que não temos pressa em fazer shows, mas fazer uma coisa legal. Mas ele queria diminuir o valor do cachê. O Valor nem era muito e o que ele queria, seria um valor de músico que acompanha um cantor de terceira categoria. Entendeu? Eu não vou sair do meu estúdio que construir com muito trabalho, para começar do nada como se estivesse começando do zero! E não é verdade! A Cor do Som tem uma história! Ele não se conformou com nossa posição, que foi firme! É isso aí ou nada! Sei dizer que: ele sumiu e não quis desfazer o contrato. Ainda tentamos conversar, dizendo que assim não iríamos a lugar nenhum e sugerir abrirmos o contrato e ele não quis. Ficamos presos a eles por dois anos sem pode fazer nada e nem divulgar nosso trabalho. Sei que o DVD esteve entre os dez ou quinze mais vendidos naquele ano. Nunca recebi um tostão por ele. Aí, o Mariozinho Rocha quando viu agente no jornal com a possibilidade de gravar um disco ao vivo, falou que adorou o projeto e que não tinha nada o que inventar e fazer o nosso trabalho, com as musicas conhecidas. E depois poderia lançar pela Som Livre que teria uma visibilidade grande... Comprei essa idéia e disse para o Juka que, com a Som Livre seria ótimo. Mas ele fechou com a Sony e nem me pergunte por que. Foi isso que aconteceu.
- Recentemente você esteve envolvido num projeto chamado: Doces Cariocas? Pode falar sobre? Que aconteceu?
- Essa historia foi assim: Eu costumo alugar uma casa em Araras, região de Petrópolis, sempre em finais de ano. E foi no réveillon de 2006 para 2007, que convidei o Marcelo Costa Santos (Abre Coração), amigo meu de longa data, e também o Pierre Aderne e Alexia (cujo pai mora em Petrópolis), pra ficarem conosco. Eu e Ana (minha esposa e guitarrista), munidos de teclado e violões, (chovia muito nesses dias), acabamos nos concentrando ao redor da lareira, sempre com alguma garrafa de vinho por perto. E foi isso. Eu e Marcelo, já somos parceiros de muitas canções desde os anos 70. O Pierre estava com muita disposição pra “letrar” e a Alexia também, muito musical e criativa. Enfim, as melodias nasciam. E nasciam realmente com uma grande fluidez. Lembro de uma noite, a Ana estava já dormindo, mas em algum momento ela chega à sala com uma melodia inteiramente pronta na cabeça... e das boas..
E quando nos demos conta, estávamos com mais de 10 músicas, com uma onda muito boa. A partir daí, a história tomou outro rumo. O Pierre querendo muito que esse trabalho fosse gravado e a partir daí constituíssemos uma banda. Só, que aquele momento mágico foi se perdendo. Por conta talvez de uma “urgência” do Pierre e também de, um, certo desespero dele de tomar as rédeas dessa história. Pra mim, ficou descartada a hipótese, que enquanto estávamos ao redor da lareira eu considerava, realmente, seguir com a idéia da banda. O Pierre ainda insistiu pra eu participar das gravações, mas eu falei pra ele, que só gravaria, no caso de eu produzir e arranjar aquelas canções. Mas ele tinha pressa, e como isso não aconteceu, preferi não participar desse projeto, um tanto confuso pra minha concepção, e com muita gente que não estava ao redor daqueles vinhos e daquela lareira. Desejo sucesso, mas acho uma pena à forma como as músicas foram tratadas no estúdio. Elas mereciam arranjos a altura das boas melodias que são.
- Mú e a guitarrista Ana Zingoni
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