julho 01, 2009

Forfun


Forfun lança seu esperado terceiro disco, Polisenso, composto e gravado ao longo de três anos nos quais, muita coisa aconteceu. Grupo que até então era de adolescentes começaram a tocar seus instrumentos – e que no momento seguinte já saíram correndo atrás de palcos que abrigassem o seu som insolente. Hoje mais maduros, vivem da música. Cresceram com a música e com ela criaram o seu próprio universo, repleto de sons, imagens, cores, idéias, percepções, etc. e tal. Polisenso nasceu de uma viagem. Os quatro rapazes alugaram uma casa no bairro carioca de Botafogo, fizeram as adaptações para montar um estúdio e não saíram mais de lá. Entre leituras, papos, descobertas, audições de discos e infindáveis jams, eles fizeram, entre março de 2007 e fevereiro de 2008, toda a composição e a pré-produção de Polisenso. Estive no estúdio Corredor 5 para conversar com a banda no dia 7 de abril no bairro carioca Leblon. Vejam o que Danilo, Vitor, Rodrigo e Nicolas falaram.

Por Elias Nogueira

- Terceiro disco. Mas é incluído aquele primeiro, que vocês lançaram antes do - Teoria Dinâmica Gastativa produzido por Liminha?

Danilo
- Nós lançamos o primeiro que era independente mesmo! Era nosso primeiro álbum. Abriu muitas portas para nós. Vendíamos em todos os shows que fizemos. Arrumávamos uma banca e vendíamos. Foram umas 3.000 cópias. Tocamos em alguns estados do Brasil. Vendia pela internet também. Isso já tem mais de seis anos.

Vitor
- Teoria Dinâmica Gastativa tem uma peculiaridade. Um pouco mais da metade, ele tem dezesseis faixas, são músicas do primeiro CD. Foi melhorando a qualidade de gravação e os arranjos mudaram um pouco. Teve o detalhe das letras que modificamos alguma coisa.

- Quando o Liminha pegou vocês para trabalhar, deu um impulso na carreira banda.

Danilo
- O Liminha veio somar. Aprendemos muito com ele. Técnicas, gravações... O estúdio Nas Nuvens é maravilhoso, grande tem de tudo. Até o fato de ter feito o selo foi bom demais. Tivemos uma exposição muito boa. Em termos de divulgação, conseguimos alcançar coisas que até então não havíamos conseguido. Nossa música tocou nas rádios e chegamos em, quase, todo o Brasil. Abriu as portas para aumentar o número de shows. A banda vinha numa crescente, internet e tal... A partir daquele momento foi um empurrão muito bom!

Vitor
- Em São Paulo, nunca tocamos em rádio, mas aparecemos muito bem na MTV. Teve uma assessoria de imprensa muito boa. No Rio rolou bastante coisa também! Foi nosso Carro-Chefe.

Nicolas
- Fizemos festivais como, Planeta Atlântico, Festival de Verão de Salvador, Ceará Festival... Podemos mostrar nossa cara para um público grande. Isso nos colocou mais em evidência.

Vitor
- Naquela época, final de 2005 e 2006, aparecemos na grande mídia. Coisa que até então, não havíamos conseguido, em termos de jornais e revistas, revistas eletrônicas. A internet nos ajudou muito. 2007 também foi um ano muito bom pra banda!

- E o Liminha? Como ficou a relação da banda com ele?

Danilo
- Tranqüilo. Na verdade, não teve briga, foi apenas incompatibilidade de tempo.

Vitor
- Idéias também. A banda começou ir para outro lado, prova disso é esse novo disco, fugindo do comum.

Danilo
- Acho que independente disso, ele gravaria também! O Liminha já produziu o Titãs, que cada disco era uma coisa diferente... Em minha opinião foi por causa de tempo. Acho que o interesse do selo era uma coisa, muito, mais focado para um público adolescente e isso já estava ficando desconfortável para nós e queríamos fugir disso. Outra coisa foi que começamos a colocar nas temáticas das músicas coisas mais maduras e tentando fugir do lugar comum. Tentamos fazer com mais conteúdo. E o interesse do selo era uma coisa mais pop. Ele estava produzindo, viajando para o exterior e coincidiu que a banda estava querendo gravar naquele momento e o tempo já estava no final. Então resolvemos gravar sozinhos. Mas está tudo numa boa.

- Teve um hiato de 2005 até 2009, até vocês lançarem novo disco.

Rodrigo
- Incrivelmente, conseguimos nos manter bem! Conseguimos nos segura legal. Fizemos muitos shows! Amadurecemos como banda e ficamos mais velhos. Com isso as idéias mudam.

- Como foi que deu o estalo de lançar disco novo?

Danilo
- Quando lançamos o Teoria Dinâmica Gastativa era uma época de transição, estávamos vindo de faculdade, a galera trabalhava em loja. O pessoal estava se desvencilhando dessas coisas para poder assumir uma carreira artística. Nós não tínhamos esquema de compor, de trabalho...

Vitor
- Foi fundamental para assumir o profissionalismo, quando alugamos uma casa, em Botafogo, no final de 2006. Fizemos um estúdio e marcamos uma rotina durante a semana e nos finais de semanas fazíamos shows e sempre renovávamos o roteiro da apresentação. Durante o intervalo, no disco, conseguimos manter nosso público de uma maneira que enchiam os lugares onde tocávamos.

Rodrigo
- Teve lugares que tocamos mais de quatro meses.

Vitor
- isso mesmo! Mas foi a maneira, que tivemos para dar uma renovada. Lançamos duas músicas novas ao vivo. Foi muito legal.

- Neste tempo, vocês foram convidados a participar de alguns projetos.

Danilo
- Trabalhos no Tributo ao Renato Russo – Renato Russo pra sempre. Inclusive, percebemos que você, Elias, trabalhou nesse dia! Foi muito importante para nossa carreira. Fizemos também uma participação com Charles Brown Jr. Conhecemos o Chorão num desses festivais. Ele escutou nosso som gostou e, nos convidou a fazer uma participação numa composição com eles, em seu último disco. Fizemos arranjos juntos - guitarra, baixo e bateria, nós fizemos mais uma guitarra. Dividimos uma parte da letra com Chorão e parte do arranjo. Foi muito bacana! Fomos para São Paulo gravar com ele. O disco saiu ano passado.

Rodrigo
- Teve o DVD da MTV com quatro bandas.

- Por falar em DVD, qual será a hora do Forfun lançar o seu? Vejo que vocês se apresentaram em festivais que poderia gerar registro em vídeo.

Rodrigo
- Acho que faltava material para fazermos um DVD. Acho muito cedo para isso.

Danilo
- Estamos esperando uma oportunidade, legal, para fazermos um DVD. Precisamos estar bem maduro para tal coisa. O show tem que estar bem amarrado. O último show que fizemos como lançamento do disco no Circo Voador (RJ), dia 28 de março, foi incrível. Estamos amadurecendo a idéia de fazer um DVD. A hora vai chegar.

- Como foi o processo de criação disco? Vocês fazem a letra pensando na música ou ao contrário?

Vitor
- Mais a letra pensando na música. Conforme te falamos, alugamos aquela casa, fizemos a reforma no quarto para se transformar num estúdio. Passou o Carnaval de 2007, nos enfurnamos na casa.

Nicolas
- Tinha um esquema de moradia. Dormíamos por lá.

Vitor
- Nós arrepiamos nas composições, fazendo uma pré-produção, oportunidade que nunca tínhamos tido. Gravamos tudo que vinha a cabeça. As idéias de arranjos, letras, músicas, timbres, incorporando elementos que nunca havíamos usado. Foi tudo troca de idéias. Foi ali que começou a criação do disco. Muita coisa foi mudando até finalizar.

- No inicio, vocês eram uma banda mais direcionada em um segmento de música. Era um rock mais pesado e continua sendo pesado. Polisenso tem uma miscigenação de ritmos. Rock, folk, reggae, latina, funk... Era uma banda adolescente. Como foi que aconteceu essa mudança?

Danilo
- Acho que isso foi em função de nossa maturidade. Coisas de nossas cabeças. Acho que esse lance de alugar a casa nos deu uma dimensão maior para que pudéssemos adquirir influências boas. Descobrimos Os Novos Baianos e são quatro pessoas trazendo e trocando idéias de outras bandas que admiramos e que nos influenciaram de certa maneira. Os Novos Baianos é um exemplo que gostamos e curtimos muito. Eles faziam uma salada de ritmos. Essa era a idéia mesmo. Curtimos muitos ritmos jamaicanos... Esses tipos, de groove, para dançar.

Rodrigo
- Fomos vivenciando os lugares que passamos a freqüentar e fomos para um lado, musical, mais dançante. É a mesma coisa de tempos passados, só que agora estamos com mais experiências e estamos descobrindo coisas boas.

Danilo
- Polisenso é a cara da banda e somos nós sem tirar nem por. Espero que o povo goste. Já estamos com grande receptividade nos shows. Tocamos músicas novas e o pessoal está curtindo bastante. Prova disso foi o show do Circo Voador.

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