Big Gilson, bluesman brasileiro com carreira internacional solidificada de onde recentemente regressa de sua última turnê pela Europa, onde se apresentou em 42 shows durante dois meses, trazendo na mala o apoio dos amplificadores Marshall. Guitarrista, cantor e compositor, Big Gilson, elogiado pela imprensa internacional especializada e também por ninguém menos do que BB King (Quando vejo um jovem tocando blues tão bem assim e tão longe da América, sinto que minha missão nesta vida está cumprida) e Buddy Guy (De quem tem convite para retornar ao seu clube em Chicago a hora que quiser), lança seu mais novo trabalho “Chrysalis”. O resultado de “Chrysalis” (Blues Time Records) é sua parceria com o cantor inglês The Wolf, contemporâneo de Eric Clapton, Mick Jagger e Peter Green, com os quais formou bandas no inicio de suas carreiras e compôs várias músicas. Eles se encontraram em uma das turnês do Big pela Europa... Desse momento em diante, estabeleceu-se uma grande amizade e afinidade musical. Em entrevista exclusiva concedida a Elias Nogueira, Big Gilson fala da carreira, disco e turnês. Deixemos “O orgulho nacional do blues” falar!
Big Gilson, como você foi parar na música?
- Ouvi muito som quando era moleque, meu pai me apresentou os três primeiros LPs que eu ouvi muito na minha vida. Meu pai ainda falou que música era aquilo pra ele. Os discos que ele me apresentou foram: Do Oscar Peterson que não me lembro o título, Flowers dos Rolling Stones e o Sargent Peppers dos Beatles. Aí eu me amarrei! Os Beatles foi o que mais me impressionou na época. Até que eu vi o Johnny Winter tocando numa festa.
Você já tinha alguma experiência?
- Não, eu não tinha nem tentando tocar guitarra. Eu tinha 13, 14 anos, por ai. Comecei a tocar toda tarde com uma turma de amigos perto da minha casa em Copacabana, na Rua Dias da Rocha. Eu ia lá, tocava, mas ainda não tinha instrumento e meu pai nunca tinha me dado uma guitarra. Tinha condições de dar, mas não quis dar, achava que música era coisa de drogado, vagabundo, porque era assim que os músicos eram vistos naquela época. Juntei gibis usados, vendia na rua e comprei meu primeiro violão com o meu dinheiro. Fui aprendendo a tocar, mas minha primeira guitarra mesmo eu comprei quando tinhas uns 25 anos. Não tinha grana, não tinha apoio da família, então foi só quando eu comecei a trabalhar, depois de me casar que comprei uma guitarra. Antes, eu pedia emprestada. Eu sempre via a música mais para o rock, e eu não queria tocar música dos outros, não queria ser contratado para ser músico da Joanna, da Ângela Ro Ro, dentre outros. Respeito à posição deles, mas para mim, a música é a minha arte. E para sobreviver com a minha arte eu precisava fazer outra coisa por prazer, por diversão. E foi assim durante um bom tempo, até que surgiu a Blitz, o Rock in Rio I, teve essa abertura pro rock já nos anos 80. Depois que eu casei, aos 23 anos, fiquei uns cinco anos sem tocar. Mas com o Rock in Rio, eu me animei, comprei a minha primeira guitarra, já trabalhava, já estava casado, e comecei a tocar, procurar uma banda. Mas o pessoal que eu conhecia que tocava, estava todo mundo comprometido tocando profissionalmente com outros artistas. Nessa época eu conheci o Jornal O Balcão. Lá tinha a seção de Atividades Artísticas. Fui procurar banda ali! Passei por várias bandas, até chegar numa banda chamada: Terceiro Vagão. Eu sempre tinha a sorte de ser aprovado, e fui aprovado! Fui o último teste que fiz. Os caras se amarraram, me colocaram na banda, o nome da banda mudou para Emoções Baratas. Tocamos durante um tempo, passamos por várias formações, e a última formação dos Emoções Baratas, foi eu na guitarra, o Beto na bateria, Ricardo cantando, Marquinhos que depois saiu, no baixo.
O Marcos Yallouz que é um baixista que toca em Mato Grosso do Sul?
- É isso mesmo! O Marcos Yallouz. A gente estava nessa formação e surgiu uma idéia de tocar muito blues que já estava pegando na época. Nós tocávamos muito rock, mas também gostava de blues. Surgiu à oportunidade fazermos um trabalho com um empresário que tinha lançado os Etílicos - Renato Arias. Ele tinha outra banda chamada: Gato Negro, que ele gostava muito. Então ele fez uma fusão dessas duas bandas, Gato Negro e Emoções Baratas. Em pouco tempo rolou uma ruptura dessa nova banda. Chamamos de volta o Ricardo Werther que tinha saído e no final ficou: Eu, Beto e Allan Warszavsky (tecladista). Precisávamos de um baixista e chamamos o Ugo Perrota, que tinha tocado conosco no Gato Negro com quem tinha rolado uma química muito boa. O Ricardo tinha parado de cantar, trabalhava na Varig, estava difícil conciliar. Fechamos em torno da banda, ensaiamos durante vários meses, mudamos repertório. A cara da banda mudou totalmente. O nome Emoções Baratas não cabia mais, quebramos a cabeça e achamos o nome Big Allambik e começou a história.
O Big Allambik lançou quantos discos?
- Oficialmente quatro. Um inédito ainda que algum dia vai sair. Dois de estúdio e um ao vivo “Destilado ao vivo”.
E ai?
- As coisas começaram a acontecer muito rápido para o Big Allambik. Com oito meses de banda já estávamos lançando o primeiro disco: O “Blues special reserve” que acabou se tornando um clássico do blues nacional. Lançamos o segundo disco, “Black coffee” no ano seguinte. Tivemos uma carreira de sete anos.
Big Gilson, como você foi parar na música?
- Ouvi muito som quando era moleque, meu pai me apresentou os três primeiros LPs que eu ouvi muito na minha vida. Meu pai ainda falou que música era aquilo pra ele. Os discos que ele me apresentou foram: Do Oscar Peterson que não me lembro o título, Flowers dos Rolling Stones e o Sargent Peppers dos Beatles. Aí eu me amarrei! Os Beatles foi o que mais me impressionou na época. Até que eu vi o Johnny Winter tocando numa festa.
Você já tinha alguma experiência?
- Não, eu não tinha nem tentando tocar guitarra. Eu tinha 13, 14 anos, por ai. Comecei a tocar toda tarde com uma turma de amigos perto da minha casa em Copacabana, na Rua Dias da Rocha. Eu ia lá, tocava, mas ainda não tinha instrumento e meu pai nunca tinha me dado uma guitarra. Tinha condições de dar, mas não quis dar, achava que música era coisa de drogado, vagabundo, porque era assim que os músicos eram vistos naquela época. Juntei gibis usados, vendia na rua e comprei meu primeiro violão com o meu dinheiro. Fui aprendendo a tocar, mas minha primeira guitarra mesmo eu comprei quando tinhas uns 25 anos. Não tinha grana, não tinha apoio da família, então foi só quando eu comecei a trabalhar, depois de me casar que comprei uma guitarra. Antes, eu pedia emprestada. Eu sempre via a música mais para o rock, e eu não queria tocar música dos outros, não queria ser contratado para ser músico da Joanna, da Ângela Ro Ro, dentre outros. Respeito à posição deles, mas para mim, a música é a minha arte. E para sobreviver com a minha arte eu precisava fazer outra coisa por prazer, por diversão. E foi assim durante um bom tempo, até que surgiu a Blitz, o Rock in Rio I, teve essa abertura pro rock já nos anos 80. Depois que eu casei, aos 23 anos, fiquei uns cinco anos sem tocar. Mas com o Rock in Rio, eu me animei, comprei a minha primeira guitarra, já trabalhava, já estava casado, e comecei a tocar, procurar uma banda. Mas o pessoal que eu conhecia que tocava, estava todo mundo comprometido tocando profissionalmente com outros artistas. Nessa época eu conheci o Jornal O Balcão. Lá tinha a seção de Atividades Artísticas. Fui procurar banda ali! Passei por várias bandas, até chegar numa banda chamada: Terceiro Vagão. Eu sempre tinha a sorte de ser aprovado, e fui aprovado! Fui o último teste que fiz. Os caras se amarraram, me colocaram na banda, o nome da banda mudou para Emoções Baratas. Tocamos durante um tempo, passamos por várias formações, e a última formação dos Emoções Baratas, foi eu na guitarra, o Beto na bateria, Ricardo cantando, Marquinhos que depois saiu, no baixo.
O Marcos Yallouz que é um baixista que toca em Mato Grosso do Sul?
- É isso mesmo! O Marcos Yallouz. A gente estava nessa formação e surgiu uma idéia de tocar muito blues que já estava pegando na época. Nós tocávamos muito rock, mas também gostava de blues. Surgiu à oportunidade fazermos um trabalho com um empresário que tinha lançado os Etílicos - Renato Arias. Ele tinha outra banda chamada: Gato Negro, que ele gostava muito. Então ele fez uma fusão dessas duas bandas, Gato Negro e Emoções Baratas. Em pouco tempo rolou uma ruptura dessa nova banda. Chamamos de volta o Ricardo Werther que tinha saído e no final ficou: Eu, Beto e Allan Warszavsky (tecladista). Precisávamos de um baixista e chamamos o Ugo Perrota, que tinha tocado conosco no Gato Negro com quem tinha rolado uma química muito boa. O Ricardo tinha parado de cantar, trabalhava na Varig, estava difícil conciliar. Fechamos em torno da banda, ensaiamos durante vários meses, mudamos repertório. A cara da banda mudou totalmente. O nome Emoções Baratas não cabia mais, quebramos a cabeça e achamos o nome Big Allambik e começou a história.
O Big Allambik lançou quantos discos?
- Oficialmente quatro. Um inédito ainda que algum dia vai sair. Dois de estúdio e um ao vivo “Destilado ao vivo”.
E ai?
- As coisas começaram a acontecer muito rápido para o Big Allambik. Com oito meses de banda já estávamos lançando o primeiro disco: O “Blues special reserve” que acabou se tornando um clássico do blues nacional. Lançamos o segundo disco, “Black coffee” no ano seguinte. Tivemos uma carreira de sete anos.
O Big Allambik chegou a fazer, quase, que uma carreira internacional?
- É, a gente fez uma turnê internacional e foi a primeira banda brasileira de blues fora do Brasil. Gravamos o nosso terceiro disco “Batuque y blues” em Nova York. Voltamos, fizemos o quarto disco que foi gravado o ao vivo em Juiz de Fora, mas antes disso em 1995, eu já tinha lançado o meu primeiro cd solo, “Yelow mojo blues”.
Antes de a banda acabar?
- É, apesar de que estávamos vivendo uma época boa do blues, a agenda não ficava 100% completa. Depois de um ano de banda mais ou menos, a gente só fazia música e precisava de mais algum trabalho para completar a agenda. Foi quando eu e Allan fizemos um duo acústico que deu certo! Recebemos convite pra gravar o segundo, “Cab driver blues”, em Dallas no Texas.
O segundo disco com o Allan rendeu uma turnê no exterior?
- Não, apenas gravamos em Dallas e voltamos. Logo depois do lançamento do disco, o Allan largou duo e nem chegou a fazer as coisas do disco. Saiu do trabalho do Big Allambik, saiu do trabalho comigo...Ele saiu geral! Aí eu fiz a divulgação do disco sozinho e continuei solo depois que o Big Allambik terminou de verdade.
Quantos discos você já lançou?
- Esse é o décimo segundo contando com os do Big Allambik. Em carreira solo, é o oitavo.
Você tocava mais no Brasil. Como se deu a carreira internacional? Você tem muitos fãs aqui no Brasil, mas não é como é lá fora.
- Com certeza. Eu acho que aqui, as pessoas ainda não têm a cultura para saber discernir e acham que tudo é a mesma coisa, todo mundo toca igual... Tanto faz se é iniciante, se é mais profissional, não sabem distinguir quem é bom. Com o Big Allambik mesmo, surgiu muita banda fazendo blues para pegar carona e nem era do lance. O blues é aparentemente fácil de tocar, tem muita banda que sabe que não tem a menor condição de estar na estrada. Nesse caso, acho que é por isso que lá fora o pessoal tem um know-how de música. Eles dão um grande valor e isso não acontece no meu próprio país.
Quantas turnês você já fez?
- Já perdi a conta...
Em quantos países você já se apresentou?
- Em muitos lugares da América... Brasil, Argentina, América do Sul, na Europa. Toquei na Inglaterra, País de Gales, Sul da Escócia, França, Bélgica, Alemanha, Espanha. Nos EUA - Oklahoma, Califórnia, Flórida, Washington...
Você é um cara do blues, mas não é ortodoxo. Em seu trabalho, tem rock e até pop. Você teve uma fase mais popular. Andou gravando Bebeco Garcia, que é bem mais popular do que você. Andou tocando Beatles... Qual é o seu diferencial em relação ao pessoal todo que toca blues?
- Eu acho que o fato de eu estar sempre viajando, vendo o que está rolando lá fora me modernizou. Então você tem várias vertentes. Hoje em dia tem uma molecada nova tocando blues e rock pesadão. O blues é um leque muito aberto, não é só aquele lance arrastado que o pessoal está acostumado. Agora, em meus trabalhos em disco, tento mostrar uma evolução e tento mostrar também que o blues caminha, vai evoluindo e mudando com o passar do tempo.
O que você escuta atualmente? Fica ligado no que está acontecendo?
- Eu não gosto muito das coisas novas que estão acontecendo. Mas tem coisas boas, tem coisas legais rolando. Gosto muito de música simples, com swing e boa de ouvir. Procuro ouvir muito blues também. Pesquiso bandas pouco conhecidas. Curto Zeca Baleiro. Estou curtindo muito o DVD do Seu Jorge e Ana Carolina, Skank, Jota Quest, músicas fáceis e gostosas de ouvir.
Big Gilson está lançando disco novo.
- Estou lançando o disco "Chrysalis". É crisálida em português, aquela transformação da borboleta no casulo, então dá um sentido de renovação de vida, de mudanças.
Você gravou com um cantor inglês? Conte como aconteceu?
- Pois é, o The Wolf mandou o material do seu último disco, antes de me conhecer, para divulgar em várias partes do mundo. E esse disco chegou às mãos de um DJ na Argentina, no sul da Argentina em Santa Fé. O cara era meu fã e colocou a gente em contato. Nos falamos pela internet. Da amizade surgiu à vontade de unir forças, pois eu nunca havia tocado na Inglaterra! Havia tocado pouco na Europa e ele nunca havia tocado nos Estados Unidos e no Brasil. Demos as mãos e fizemos um trabalho. Gravamos um disco lá fora, chamado “Bring it back home”, que não foi lançado no Brasil. Daí surgiu essa necessidade de fazer uma coisa totalmente inovadora. Acho que esse cd é uma mistura de blues com rock twist americano e rockabilly, tem de tudo aí. Não consigo tocar nada que não tenha o sotaque do blues. Mas acho que é uma idéia bem inovadora. Não é só rock e nem só blues, tem country. O The Wolf no início de carreira teve bandas, e eram bandas de cover. Só mudava de bandas, mas o repertório era o mesmo. O cara não chegou a ser famoso, mas é muito respeitado no meio musical.
Ele era amigo do Eric Clapton?
- Era, mas depois eles brigaram e eu não posso dizer por que. O Clapton foi acusado de plagiar uma música dele, nem vou dizer porque se trata de pessoas famosas. Eles processaram o Clapton e perderam! Lógico! Naquelas batalhas de advogados de majors. Mas aí, uma vez ele e o Clapton se encontraram em um estúdio na Alemanha e o Clapton deixou cair um case de guitarra com dez mil Pounds dentro. Uns vinte mil dólares, como se fosse um cala boca. Mas o The Wolf não pegou. Ele era muito marrento! Orgulhoso! Verdade ou não, eu não sei, é a versão do The Wolf.
Fale mais do “Chrysalis”.
- Geralmente eu toco com a banda que já me acompanha há muito tempo. Eles sempre me ajudam nos arranjos, dão idéias, coisa e tal. Mas nesse processo quis que todo mundo participasse de tudo. Combinamos de cada um trazer as idéias. O Pedro Leão é um segurança, ele faz com que você possa errar, viajar e voltar, por exemplo. Tem o Otávio Rocha (guitarra), Beto Werther (bateria) que é antigo parceiro de banda e amigo. Fazendo coro tem a menina, Fernanda Rodrigues. As maiorias das músicas foram idéias minhas, do Beto e do Otávio. Antes nós íamos para o estúdio e gravava uma linha de vocal melódica e mandava para o The Wolf, na Inglaterra, fez a maioria das letras. Então, 90% das músicas foram feitas assim. Tem duas músicas só minhas: “Lulu boogie” e “Slidin’around”. O resto é tudo de todo mundo.
Quer dizer que a esposa do The Wolf também compõe?
- É, eu não sabia. Ela fazia as letras para ele.
O processo de gravação?
- A bateria foi gravada no estúdio Boombox pelo Pedro Garcia. Pedro é filho do Bebeco e, o estúdio é em Santa Teresa, no Rio de Janeiro. O restante foi gravado, mixado e masterizado em minha casa. Depois fizemos uma turnê nos EUA, mesmo sem terminar o disco. Muito boa por sinal! Na volta, o The Wolf chegou na Inglaterra e teve um ataque cardíaco fulminante. Isso foi em 2005 no aeroporto mesmo, nem deu tempo de voltar pra casa. Há oito meses a mulher dele, a Gillian, também morreu de câncer nos dois pulmões e foi também muito rápido. Nunca havia ocorrido de perder assim um cara que tivesse trabalhado na música comigo. Fiquei arrasado!
Não faz muito tempo, você fez uma outra turnê. Essa foi pela Europa. Foi a última?
- Essa última agora e foi a maior! Foram 42 shows. Foi ótimo! Principalmente na Inglaterra. Ficamos cinco semanas na Inglaterra, uma semana na Alemanha e duas semanas na Espanha. Nessa turnê toquei nos festivais, Micky Moody do Whitesnake, ele com o David Coverdale. Foi legal, conheci o baterista original do Dire Straits. Teve show de um baixista que já tocou comigo no país de Gales em que ele me viu, me chamou para fazer uma participação e tocar. Um cara muito simples e tranqüilo. Na Inglaterra, dessa vez, fui com empresário. Então, além dos shows, tive música tocando na BBC de Londres no programa mais ouvido na Inglaterra, do Paul Jones e assim que cheguei, ele anunciou que eu ia tocar com o Micy Moody. Só isso já levou um monte de gente para meus shows. Só em falar no meu nome, sem tocar minha música. Aí, três semanas depois quando voltei da Europa, no primeiro programa ele tocou minha música e passou toda a minha agenda no ar, show por show. Ele não costumava fazer isso. Todos os meus shows daí pra frente bombaram por causa da penetração desse programa. Na mesma noite que tocou a música no programa do Paul Jones eu estava chegando no País de Gales para um programa de rádio com duas horas de duração. Só comigo, com músicas, entrevista. Teve duas horas de programação, falei da minha carreira toda, foi muito bacana. Recebi um apoio da Marshall que me cedeu um amplificador para turnê e eu acabei ficando com o ele. Estou no site da Marshall ao lado de Billy Gibbons (ZZ TOP), Angus Young, Gary Moore, etc... Eu não tinha como levar um amplificador daqui. Os caras gostaram do meu trabalho, teve o apoio de várias revistas! Até capa! Os caras viram que era coisa de responsa! (risos) Disseram que no ano que vem, posso montar um amplificador customizado, do jeito que eu quiser, que vão fazer especialmente pra mim.
Isso foi uma surpresa?
- Lógico! Sou o único Sul Americano e junto ao Gary Moore, um dos dois únicos de blues.
Você conhece outro brasileiro que tenha um apoio ou patrocínio da Marshall?
- Não, porque a Marshall não faz patrocínio diretamente. Os distribuidores não patrocinam ninguém. Então, é algo realmente que nunca pensei que pudesse acontecer comigo, mas aconteceu.
Você chegou a se apresentar para eles ou algo assim?
- Não, até porque eu já estava indo embora, era o último dia. Ia devolver o amplificador e o cara mandou levar. Foram muito legais comigo. Engraçado, meu primeiro show dessa segunda leva na Inglaterra foi um acústico, num pub perto da própria Marshall e quem apareceu pra dar uma canja foi o Tim Marshall, filho do dono, o Jim Marshall. Ele toca saxofone, tiramos foto e tudo. Depois, quando fui tocar na universidade de Oxford, ele, o Tim, apareceu de novo. Pegou o sax dele e tocou. Toca mais jazz, mas tocou blues comigo.
Agora vai receber outro Marshall?
- Sim, mas acho que vou pedir umas modificações. Umas coisas diferentes. Eu queria mudar umas válvulas e consegui trocar na Alemanha, fui na casa do cara, ele pediu pra eu tocar pra ele e me elogiou muito! Disse também que foi um pena eu não ter ido uma semana antes! Porque quem esteve lá foi o Eric Clapton. O cara já fez trabalho também para o Brian May e outros mais. Eu chamo essa turnê de Cinderela Pura, pois aconteceram coisas espetaculares.
O que os fãs do Brasil podem esperar de Big Gilson?
- Estou sempre tentando me renovar. Todos meus discos são diferentes, não caio na melhor fórmula e nem fico nela direto. Estou tocando muito violão junto com guitarra, mas é uma sonoridade muito diferente e eu já estou pensando em outras sonoridades para o próximo disco. Já tenho várias músicas feitas, mas depois que perdi o Wolf, fiquei meio perdido, estagnado, sem saber o que fazer da minha vida. No meu último encontro com a Gillian, esposa do Wolf, antes de voltar para o Brasil, na despedida, fiz uma música para ela. Uma espécie de premonição. Pedi um papel no táxi e comecei a escrever... É bem triste... Fala de como é duro dizer adeus... Essa música é muito forte pra mim e vai entrar no próximo disco.
- É, a gente fez uma turnê internacional e foi a primeira banda brasileira de blues fora do Brasil. Gravamos o nosso terceiro disco “Batuque y blues” em Nova York. Voltamos, fizemos o quarto disco que foi gravado o ao vivo em Juiz de Fora, mas antes disso em 1995, eu já tinha lançado o meu primeiro cd solo, “Yelow mojo blues”.
Antes de a banda acabar?
- É, apesar de que estávamos vivendo uma época boa do blues, a agenda não ficava 100% completa. Depois de um ano de banda mais ou menos, a gente só fazia música e precisava de mais algum trabalho para completar a agenda. Foi quando eu e Allan fizemos um duo acústico que deu certo! Recebemos convite pra gravar o segundo, “Cab driver blues”, em Dallas no Texas.
O segundo disco com o Allan rendeu uma turnê no exterior?
- Não, apenas gravamos em Dallas e voltamos. Logo depois do lançamento do disco, o Allan largou duo e nem chegou a fazer as coisas do disco. Saiu do trabalho do Big Allambik, saiu do trabalho comigo...Ele saiu geral! Aí eu fiz a divulgação do disco sozinho e continuei solo depois que o Big Allambik terminou de verdade.
Quantos discos você já lançou?
- Esse é o décimo segundo contando com os do Big Allambik. Em carreira solo, é o oitavo.
Você tocava mais no Brasil. Como se deu a carreira internacional? Você tem muitos fãs aqui no Brasil, mas não é como é lá fora.
- Com certeza. Eu acho que aqui, as pessoas ainda não têm a cultura para saber discernir e acham que tudo é a mesma coisa, todo mundo toca igual... Tanto faz se é iniciante, se é mais profissional, não sabem distinguir quem é bom. Com o Big Allambik mesmo, surgiu muita banda fazendo blues para pegar carona e nem era do lance. O blues é aparentemente fácil de tocar, tem muita banda que sabe que não tem a menor condição de estar na estrada. Nesse caso, acho que é por isso que lá fora o pessoal tem um know-how de música. Eles dão um grande valor e isso não acontece no meu próprio país.
Quantas turnês você já fez?
- Já perdi a conta...
Em quantos países você já se apresentou?
- Em muitos lugares da América... Brasil, Argentina, América do Sul, na Europa. Toquei na Inglaterra, País de Gales, Sul da Escócia, França, Bélgica, Alemanha, Espanha. Nos EUA - Oklahoma, Califórnia, Flórida, Washington...
Você é um cara do blues, mas não é ortodoxo. Em seu trabalho, tem rock e até pop. Você teve uma fase mais popular. Andou gravando Bebeco Garcia, que é bem mais popular do que você. Andou tocando Beatles... Qual é o seu diferencial em relação ao pessoal todo que toca blues?
- Eu acho que o fato de eu estar sempre viajando, vendo o que está rolando lá fora me modernizou. Então você tem várias vertentes. Hoje em dia tem uma molecada nova tocando blues e rock pesadão. O blues é um leque muito aberto, não é só aquele lance arrastado que o pessoal está acostumado. Agora, em meus trabalhos em disco, tento mostrar uma evolução e tento mostrar também que o blues caminha, vai evoluindo e mudando com o passar do tempo.
O que você escuta atualmente? Fica ligado no que está acontecendo?
- Eu não gosto muito das coisas novas que estão acontecendo. Mas tem coisas boas, tem coisas legais rolando. Gosto muito de música simples, com swing e boa de ouvir. Procuro ouvir muito blues também. Pesquiso bandas pouco conhecidas. Curto Zeca Baleiro. Estou curtindo muito o DVD do Seu Jorge e Ana Carolina, Skank, Jota Quest, músicas fáceis e gostosas de ouvir.
Big Gilson está lançando disco novo.
- Estou lançando o disco "Chrysalis". É crisálida em português, aquela transformação da borboleta no casulo, então dá um sentido de renovação de vida, de mudanças.
Você gravou com um cantor inglês? Conte como aconteceu?
- Pois é, o The Wolf mandou o material do seu último disco, antes de me conhecer, para divulgar em várias partes do mundo. E esse disco chegou às mãos de um DJ na Argentina, no sul da Argentina em Santa Fé. O cara era meu fã e colocou a gente em contato. Nos falamos pela internet. Da amizade surgiu à vontade de unir forças, pois eu nunca havia tocado na Inglaterra! Havia tocado pouco na Europa e ele nunca havia tocado nos Estados Unidos e no Brasil. Demos as mãos e fizemos um trabalho. Gravamos um disco lá fora, chamado “Bring it back home”, que não foi lançado no Brasil. Daí surgiu essa necessidade de fazer uma coisa totalmente inovadora. Acho que esse cd é uma mistura de blues com rock twist americano e rockabilly, tem de tudo aí. Não consigo tocar nada que não tenha o sotaque do blues. Mas acho que é uma idéia bem inovadora. Não é só rock e nem só blues, tem country. O The Wolf no início de carreira teve bandas, e eram bandas de cover. Só mudava de bandas, mas o repertório era o mesmo. O cara não chegou a ser famoso, mas é muito respeitado no meio musical.
Ele era amigo do Eric Clapton?
- Era, mas depois eles brigaram e eu não posso dizer por que. O Clapton foi acusado de plagiar uma música dele, nem vou dizer porque se trata de pessoas famosas. Eles processaram o Clapton e perderam! Lógico! Naquelas batalhas de advogados de majors. Mas aí, uma vez ele e o Clapton se encontraram em um estúdio na Alemanha e o Clapton deixou cair um case de guitarra com dez mil Pounds dentro. Uns vinte mil dólares, como se fosse um cala boca. Mas o The Wolf não pegou. Ele era muito marrento! Orgulhoso! Verdade ou não, eu não sei, é a versão do The Wolf.
Fale mais do “Chrysalis”.
- Geralmente eu toco com a banda que já me acompanha há muito tempo. Eles sempre me ajudam nos arranjos, dão idéias, coisa e tal. Mas nesse processo quis que todo mundo participasse de tudo. Combinamos de cada um trazer as idéias. O Pedro Leão é um segurança, ele faz com que você possa errar, viajar e voltar, por exemplo. Tem o Otávio Rocha (guitarra), Beto Werther (bateria) que é antigo parceiro de banda e amigo. Fazendo coro tem a menina, Fernanda Rodrigues. As maiorias das músicas foram idéias minhas, do Beto e do Otávio. Antes nós íamos para o estúdio e gravava uma linha de vocal melódica e mandava para o The Wolf, na Inglaterra, fez a maioria das letras. Então, 90% das músicas foram feitas assim. Tem duas músicas só minhas: “Lulu boogie” e “Slidin’around”. O resto é tudo de todo mundo.
Quer dizer que a esposa do The Wolf também compõe?
- É, eu não sabia. Ela fazia as letras para ele.
O processo de gravação?
- A bateria foi gravada no estúdio Boombox pelo Pedro Garcia. Pedro é filho do Bebeco e, o estúdio é em Santa Teresa, no Rio de Janeiro. O restante foi gravado, mixado e masterizado em minha casa. Depois fizemos uma turnê nos EUA, mesmo sem terminar o disco. Muito boa por sinal! Na volta, o The Wolf chegou na Inglaterra e teve um ataque cardíaco fulminante. Isso foi em 2005 no aeroporto mesmo, nem deu tempo de voltar pra casa. Há oito meses a mulher dele, a Gillian, também morreu de câncer nos dois pulmões e foi também muito rápido. Nunca havia ocorrido de perder assim um cara que tivesse trabalhado na música comigo. Fiquei arrasado!
Não faz muito tempo, você fez uma outra turnê. Essa foi pela Europa. Foi a última?
- Essa última agora e foi a maior! Foram 42 shows. Foi ótimo! Principalmente na Inglaterra. Ficamos cinco semanas na Inglaterra, uma semana na Alemanha e duas semanas na Espanha. Nessa turnê toquei nos festivais, Micky Moody do Whitesnake, ele com o David Coverdale. Foi legal, conheci o baterista original do Dire Straits. Teve show de um baixista que já tocou comigo no país de Gales em que ele me viu, me chamou para fazer uma participação e tocar. Um cara muito simples e tranqüilo. Na Inglaterra, dessa vez, fui com empresário. Então, além dos shows, tive música tocando na BBC de Londres no programa mais ouvido na Inglaterra, do Paul Jones e assim que cheguei, ele anunciou que eu ia tocar com o Micy Moody. Só isso já levou um monte de gente para meus shows. Só em falar no meu nome, sem tocar minha música. Aí, três semanas depois quando voltei da Europa, no primeiro programa ele tocou minha música e passou toda a minha agenda no ar, show por show. Ele não costumava fazer isso. Todos os meus shows daí pra frente bombaram por causa da penetração desse programa. Na mesma noite que tocou a música no programa do Paul Jones eu estava chegando no País de Gales para um programa de rádio com duas horas de duração. Só comigo, com músicas, entrevista. Teve duas horas de programação, falei da minha carreira toda, foi muito bacana. Recebi um apoio da Marshall que me cedeu um amplificador para turnê e eu acabei ficando com o ele. Estou no site da Marshall ao lado de Billy Gibbons (ZZ TOP), Angus Young, Gary Moore, etc... Eu não tinha como levar um amplificador daqui. Os caras gostaram do meu trabalho, teve o apoio de várias revistas! Até capa! Os caras viram que era coisa de responsa! (risos) Disseram que no ano que vem, posso montar um amplificador customizado, do jeito que eu quiser, que vão fazer especialmente pra mim.
Isso foi uma surpresa?
- Lógico! Sou o único Sul Americano e junto ao Gary Moore, um dos dois únicos de blues.
Você conhece outro brasileiro que tenha um apoio ou patrocínio da Marshall?
- Não, porque a Marshall não faz patrocínio diretamente. Os distribuidores não patrocinam ninguém. Então, é algo realmente que nunca pensei que pudesse acontecer comigo, mas aconteceu.
Você chegou a se apresentar para eles ou algo assim?
- Não, até porque eu já estava indo embora, era o último dia. Ia devolver o amplificador e o cara mandou levar. Foram muito legais comigo. Engraçado, meu primeiro show dessa segunda leva na Inglaterra foi um acústico, num pub perto da própria Marshall e quem apareceu pra dar uma canja foi o Tim Marshall, filho do dono, o Jim Marshall. Ele toca saxofone, tiramos foto e tudo. Depois, quando fui tocar na universidade de Oxford, ele, o Tim, apareceu de novo. Pegou o sax dele e tocou. Toca mais jazz, mas tocou blues comigo.
Agora vai receber outro Marshall?
- Sim, mas acho que vou pedir umas modificações. Umas coisas diferentes. Eu queria mudar umas válvulas e consegui trocar na Alemanha, fui na casa do cara, ele pediu pra eu tocar pra ele e me elogiou muito! Disse também que foi um pena eu não ter ido uma semana antes! Porque quem esteve lá foi o Eric Clapton. O cara já fez trabalho também para o Brian May e outros mais. Eu chamo essa turnê de Cinderela Pura, pois aconteceram coisas espetaculares.
O que os fãs do Brasil podem esperar de Big Gilson?
- Estou sempre tentando me renovar. Todos meus discos são diferentes, não caio na melhor fórmula e nem fico nela direto. Estou tocando muito violão junto com guitarra, mas é uma sonoridade muito diferente e eu já estou pensando em outras sonoridades para o próximo disco. Já tenho várias músicas feitas, mas depois que perdi o Wolf, fiquei meio perdido, estagnado, sem saber o que fazer da minha vida. No meu último encontro com a Gillian, esposa do Wolf, antes de voltar para o Brasil, na despedida, fiz uma música para ela. Uma espécie de premonição. Pedi um papel no táxi e comecei a escrever... É bem triste... Fala de como é duro dizer adeus... Essa música é muito forte pra mim e vai entrar no próximo disco.
Um comentário:
Adorei seu site! Entrevistas com gente importante, matérias boas... Tá 1000!
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