julho 31, 2007

Livro "Donna"

Um dia desses conversando sobre música com um amigo, que não via há muito tempo, na ocasião, ele me deu de presente um DVD com show ao vivo do True Illusion. Sua antiga banda instrumental que andou fazendo um reboliço no Rio Janeiro, por lançar discos e colocar um público grande em suas apresentações. Esse DVD é do show realizado no Museu Nacional de Belas Artes, no centro do Rio de Janeiro em abril de 2001, por conta do projeto “500 anos de Som”. Junto com esse presente, veio um livro chamado simplesmente: “Donna”. Fiquei encantado com o que vi! O livro era de Donna Benchimol, uma artista plástica brasileira com carreira internacional bem sucedida. Por isso, não poderia deixar de noticiar uma obra colocada em livro e ao alcance de muitos que nunca tiveram oportunidade em ver.

Desde que fez uma viagem a Europa, em 1984, a artista plástica Donna Benchimol se encantou com o que viu nos museus e galerias de lá e tomou gosto por pincéis e telas. Passados 23 anos desde o dia que descobriu que a pintura seria seu grande prazer na vida. O que era prazer, passou a ser um trabalho profissional.

Com muita determinação, empenho e dedicação pelo seu trabalho artístico, Donna Benchimol se tornou uma artista plástica reconhecida pela sua obra, levando assim para o exterior sua arte. Suas obras são sempre presença confirmada nos salões, exposições coletivas e individuais. Para se ter uma idéia, as obras de Donna Benchimol circularam em galerias internacionais da França, Portugal e Espanha. Tudo isso era uma forma de divulgar o seu trabalho.

No início as telas eram mais direcionadas a temas de retrato e naturezas-mortas, que é uma característica de Arte Ingênua. Hoje em dia, Donna desenvolve obras de linguagem Naif Contemporânea associada a uma sensibilidade, emoção e espontaneidade que são as melhores qualidades de Donna. Nascida em Belém do Pará, Donna retrata o cotidiano regional brasileiro numa visão totalmente pessoal.

Donna Benchimol tem hoje, mais de 300 obras catalogadas entre estudos, desenhos e pinturas. O trabalho já lhe rendeu premiações como: Great Gold Medal (Obra - Festa Boi Bumba em Parintins); Máster Silver Medal (Show di Arte), dentre outros.

Em tempo: Donna Benchimol lança o livro “Donna” - Editora Celso F. Bastos - onde coloca uma vasta variedades de suas obras. Com 65 páginas, o livro teve a coordenação editorial de Celso F. Bastos, a ilustração da capa é uma obra de Donna Bechimol - “Donna em Nova York” e fotos de Fernando – Home Office Design.

É mais um brasileiro tendo seu valor artístico reconhecido internacionalmente.

julho 27, 2007

Big Gilson


Big Gilson, bluesman brasileiro com carreira internacional solidificada de onde recentemente regressa de sua última turnê pela Europa, onde se apresentou em 42 shows durante dois meses, trazendo na mala o apoio dos amplificadores Marshall. Guitarrista, cantor e compositor, Big Gilson, elogiado pela imprensa internacional especializada e também por ninguém menos do que BB King (Quando vejo um jovem tocando blues tão bem assim e tão longe da América, sinto que minha missão nesta vida está cumprida) e Buddy Guy (De quem tem convite para retornar ao seu clube em Chicago a hora que quiser), lança seu mais novo trabalho “Chrysalis”. O resultado de “Chrysalis” (Blues Time Records) é sua parceria com o cantor inglês The Wolf, contemporâneo de Eric Clapton, Mick Jagger e Peter Green, com os quais formou bandas no inicio de suas carreiras e compôs várias músicas. Eles se encontraram em uma das turnês do Big pela Europa... Desse momento em diante, estabeleceu-se uma grande amizade e afinidade musical. Em entrevista exclusiva concedida a Elias Nogueira, Big Gilson fala da carreira, disco e turnês. Deixemos “O orgulho nacional do blues” falar!


Big Gilson, como você foi parar na música?
- Ouvi muito som quando era moleque, meu pai me apresentou os três primeiros LPs que eu ouvi muito na minha vida. Meu pai ainda falou que música era aquilo pra ele. Os discos que ele me apresentou foram: Do Oscar Peterson que não me lembro o título, Flowers dos Rolling Stones e o Sargent Peppers dos Beatles. Aí eu me amarrei! Os Beatles foi o que mais me impressionou na época. Até que eu vi o Johnny Winter tocando numa festa.

Você já tinha alguma experiência?
- Não, eu não tinha nem tentando tocar guitarra. Eu tinha 13, 14 anos, por ai. Comecei a tocar toda tarde com uma turma de amigos perto da minha casa em Copacabana, na Rua Dias da Rocha. Eu ia lá, tocava, mas ainda não tinha instrumento e meu pai nunca tinha me dado uma guitarra. Tinha condições de dar, mas não quis dar, achava que música era coisa de drogado, vagabundo, porque era assim que os músicos eram vistos naquela época. Juntei gibis usados, vendia na rua e comprei meu primeiro violão com o meu dinheiro. Fui aprendendo a tocar, mas minha primeira guitarra mesmo eu comprei quando tinhas uns 25 anos. Não tinha grana, não tinha apoio da família, então foi só quando eu comecei a trabalhar, depois de me casar que comprei uma guitarra. Antes, eu pedia emprestada. Eu sempre via a música mais para o rock, e eu não queria tocar música dos outros, não queria ser contratado para ser músico da Joanna, da Ângela Ro Ro, dentre outros. Respeito à posição deles, mas para mim, a música é a minha arte. E para sobreviver com a minha arte eu precisava fazer outra coisa por prazer, por diversão. E foi assim durante um bom tempo, até que surgiu a Blitz, o Rock in Rio I, teve essa abertura pro rock já nos anos 80. Depois que eu casei, aos 23 anos, fiquei uns cinco anos sem tocar. Mas com o Rock in Rio, eu me animei, comprei a minha primeira guitarra, já trabalhava, já estava casado, e comecei a tocar, procurar uma banda. Mas o pessoal que eu conhecia que tocava, estava todo mundo comprometido tocando profissionalmente com outros artistas. Nessa época eu conheci o Jornal O Balcão. Lá tinha a seção de Atividades Artísticas. Fui procurar banda ali! Passei por várias bandas, até chegar numa banda chamada: Terceiro Vagão. Eu sempre tinha a sorte de ser aprovado, e fui aprovado! Fui o último teste que fiz. Os caras se amarraram, me colocaram na banda, o nome da banda mudou para Emoções Baratas. Tocamos durante um tempo, passamos por várias formações, e a última formação dos Emoções Baratas, foi eu na guitarra, o Beto na bateria, Ricardo cantando, Marquinhos que depois saiu, no baixo.

O Marcos Yallouz que é um baixista que toca em Mato Grosso do Sul?
- É isso mesmo! O Marcos Yallouz. A gente estava nessa formação e surgiu uma idéia de tocar muito blues que já estava pegando na época. Nós tocávamos muito rock, mas também gostava de blues. Surgiu à oportunidade fazermos um trabalho com um empresário que tinha lançado os Etílicos - Renato Arias. Ele tinha outra banda chamada: Gato Negro, que ele gostava muito. Então ele fez uma fusão dessas duas bandas, Gato Negro e Emoções Baratas. Em pouco tempo rolou uma ruptura dessa nova banda. Chamamos de volta o Ricardo Werther que tinha saído e no final ficou: Eu, Beto e Allan Warszavsky (tecladista). Precisávamos de um baixista e chamamos o Ugo Perrota, que tinha tocado conosco no Gato Negro com quem tinha rolado uma química muito boa. O Ricardo tinha parado de cantar, trabalhava na Varig, estava difícil conciliar. Fechamos em torno da banda, ensaiamos durante vários meses, mudamos repertório. A cara da banda mudou totalmente. O nome Emoções Baratas não cabia mais, quebramos a cabeça e achamos o nome Big Allambik e começou a história.

O Big Allambik lançou quantos discos?
- Oficialmente quatro. Um inédito ainda que algum dia vai sair. Dois de estúdio e um ao vivo “Destilado ao vivo”.

E ai?
- As coisas começaram a acontecer muito rápido para o Big Allambik. Com oito meses de banda já estávamos lançando o primeiro disco: O “Blues special reserve” que acabou se tornando um clássico do blues nacional. Lançamos o segundo disco, “Black coffee” no ano seguinte. Tivemos uma carreira de sete anos.

O Big Allambik chegou a fazer, quase, que uma carreira internacional?
- É, a gente fez uma turnê internacional e foi a primeira banda brasileira de blues fora do Brasil. Gravamos o nosso terceiro disco “Batuque y blues” em Nova York. Voltamos, fizemos o quarto disco que foi gravado o ao vivo em Juiz de Fora, mas antes disso em 1995, eu já tinha lançado o meu primeiro cd solo, “Yelow mojo blues”.

Antes de a banda acabar?
- É, apesar de que estávamos vivendo uma época boa do blues, a agenda não ficava 100% completa. Depois de um ano de banda mais ou menos, a gente só fazia música e precisava de mais algum trabalho para completar a agenda. Foi quando eu e Allan fizemos um duo acústico que deu certo! Recebemos convite pra gravar o segundo, “Cab driver blues”, em Dallas no Texas.

O segundo disco com o Allan rendeu uma turnê no exterior?
- Não, apenas gravamos em Dallas e voltamos. Logo depois do lançamento do disco, o Allan largou duo e nem chegou a fazer as coisas do disco. Saiu do trabalho do Big Allambik, saiu do trabalho comigo...Ele saiu geral! Aí eu fiz a divulgação do disco sozinho e continuei solo depois que o Big Allambik terminou de verdade.

Quantos discos você já lançou?
- Esse é o décimo segundo contando com os do Big Allambik. Em carreira solo, é o oitavo.

Você tocava mais no Brasil. Como se deu a carreira internacional? Você tem muitos fãs aqui no Brasil, mas não é como é lá fora.
- Com certeza. Eu acho que aqui, as pessoas ainda não têm a cultura para saber discernir e acham que tudo é a mesma coisa, todo mundo toca igual... Tanto faz se é iniciante, se é mais profissional, não sabem distinguir quem é bom. Com o Big Allambik mesmo, surgiu muita banda fazendo blues para pegar carona e nem era do lance. O blues é aparentemente fácil de tocar, tem muita banda que sabe que não tem a menor condição de estar na estrada. Nesse caso, acho que é por isso que lá fora o pessoal tem um know-how de música. Eles dão um grande valor e isso não acontece no meu próprio país.

Quantas turnês você já fez?
- Já perdi a conta...

Em quantos países você já se apresentou?
- Em muitos lugares da América... Brasil, Argentina, América do Sul, na Europa. Toquei na Inglaterra, País de Gales, Sul da Escócia, França, Bélgica, Alemanha, Espanha. Nos EUA - Oklahoma, Califórnia, Flórida, Washington...

Você é um cara do blues, mas não é ortodoxo. Em seu trabalho, tem rock e até pop. Você teve uma fase mais popular. Andou gravando Bebeco Garcia, que é bem mais popular do que você. Andou tocando Beatles... Qual é o seu diferencial em relação ao pessoal todo que toca blues?
- Eu acho que o fato de eu estar sempre viajando, vendo o que está rolando lá fora me modernizou. Então você tem várias vertentes. Hoje em dia tem uma molecada nova tocando blues e rock pesadão. O blues é um leque muito aberto, não é só aquele lance arrastado que o pessoal está acostumado. Agora, em meus trabalhos em disco, tento mostrar uma evolução e tento mostrar também que o blues caminha, vai evoluindo e mudando com o passar do tempo.

O que você escuta atualmente? Fica ligado no que está acontecendo?
- Eu não gosto muito das coisas novas que estão acontecendo. Mas tem coisas boas, tem coisas legais rolando. Gosto muito de música simples, com swing e boa de ouvir. Procuro ouvir muito blues também. Pesquiso bandas pouco conhecidas. Curto Zeca Baleiro. Estou curtindo muito o DVD do Seu Jorge e Ana Carolina, Skank, Jota Quest, músicas fáceis e gostosas de ouvir.

Big Gilson está lançando disco novo.
- Estou lançando o disco "Chrysalis". É crisálida em português, aquela transformação da borboleta no casulo, então dá um sentido de renovação de vida, de mudanças.

Você gravou com um cantor inglês? Conte como aconteceu?
- Pois é, o The Wolf mandou o material do seu último disco, antes de me conhecer, para divulgar em várias partes do mundo. E esse disco chegou às mãos de um DJ na Argentina, no sul da Argentina em Santa Fé. O cara era meu fã e colocou a gente em contato. Nos falamos pela internet. Da amizade surgiu à vontade de unir forças, pois eu nunca havia tocado na Inglaterra! Havia tocado pouco na Europa e ele nunca havia tocado nos Estados Unidos e no Brasil. Demos as mãos e fizemos um trabalho. Gravamos um disco lá fora, chamado “Bring it back home”, que não foi lançado no Brasil. Daí surgiu essa necessidade de fazer uma coisa totalmente inovadora. Acho que esse cd é uma mistura de blues com rock twist americano e rockabilly, tem de tudo aí. Não consigo tocar nada que não tenha o sotaque do blues. Mas acho que é uma idéia bem inovadora. Não é só rock e nem só blues, tem country. O The Wolf no início de carreira teve bandas, e eram bandas de cover. Só mudava de bandas, mas o repertório era o mesmo. O cara não chegou a ser famoso, mas é muito respeitado no meio musical.

Ele era amigo do Eric Clapton?
- Era, mas depois eles brigaram e eu não posso dizer por que. O Clapton foi acusado de plagiar uma música dele, nem vou dizer porque se trata de pessoas famosas. Eles processaram o Clapton e perderam! Lógico! Naquelas batalhas de advogados de majors. Mas aí, uma vez ele e o Clapton se encontraram em um estúdio na Alemanha e o Clapton deixou cair um case de guitarra com dez mil Pounds dentro. Uns vinte mil dólares, como se fosse um cala boca. Mas o The Wolf não pegou. Ele era muito marrento! Orgulhoso! Verdade ou não, eu não sei, é a versão do The Wolf.

Fale mais do “Chrysalis”.
- Geralmente eu toco com a banda que já me acompanha há muito tempo. Eles sempre me ajudam nos arranjos, dão idéias, coisa e tal. Mas nesse processo quis que todo mundo participasse de tudo. Combinamos de cada um trazer as idéias. O Pedro Leão é um segurança, ele faz com que você possa errar, viajar e voltar, por exemplo. Tem o Otávio Rocha (guitarra), Beto Werther (bateria) que é antigo parceiro de banda e amigo. Fazendo coro tem a menina, Fernanda Rodrigues. As maiorias das músicas foram idéias minhas, do Beto e do Otávio. Antes nós íamos para o estúdio e gravava uma linha de vocal melódica e mandava para o The Wolf, na Inglaterra, fez a maioria das letras. Então, 90% das músicas foram feitas assim. Tem duas músicas só minhas: “Lulu boogie” e “Slidin’around”. O resto é tudo de todo mundo.

Quer dizer que a esposa do The Wolf também compõe?
- É, eu não sabia. Ela fazia as letras para ele.

O processo de gravação?
- A bateria foi gravada no estúdio Boombox pelo Pedro Garcia. Pedro é filho do Bebeco e, o estúdio é em Santa Teresa, no Rio de Janeiro. O restante foi gravado, mixado e masterizado em minha casa. Depois fizemos uma turnê nos EUA, mesmo sem terminar o disco. Muito boa por sinal! Na volta, o The Wolf chegou na Inglaterra e teve um ataque cardíaco fulminante. Isso foi em 2005 no aeroporto mesmo, nem deu tempo de voltar pra casa. Há oito meses a mulher dele, a Gillian, também morreu de câncer nos dois pulmões e foi também muito rápido. Nunca havia ocorrido de perder assim um cara que tivesse trabalhado na música comigo. Fiquei arrasado!

Não faz muito tempo, você fez uma outra turnê. Essa foi pela Europa. Foi a última?
- Essa última agora e foi a maior! Foram 42 shows. Foi ótimo! Principalmente na Inglaterra. Ficamos cinco semanas na Inglaterra, uma semana na Alemanha e duas semanas na Espanha. Nessa turnê toquei nos festivais, Micky Moody do Whitesnake, ele com o David Coverdale. Foi legal, conheci o baterista original do Dire Straits. Teve show de um baixista que já tocou comigo no país de Gales em que ele me viu, me chamou para fazer uma participação e tocar. Um cara muito simples e tranqüilo. Na Inglaterra, dessa vez, fui com empresário. Então, além dos shows, tive música tocando na BBC de Londres no programa mais ouvido na Inglaterra, do Paul Jones e assim que cheguei, ele anunciou que eu ia tocar com o Micy Moody. Só isso já levou um monte de gente para meus shows. Só em falar no meu nome, sem tocar minha música. Aí, três semanas depois quando voltei da Europa, no primeiro programa ele tocou minha música e passou toda a minha agenda no ar, show por show. Ele não costumava fazer isso. Todos os meus shows daí pra frente bombaram por causa da penetração desse programa. Na mesma noite que tocou a música no programa do Paul Jones eu estava chegando no País de Gales para um programa de rádio com duas horas de duração. Só comigo, com músicas, entrevista. Teve duas horas de programação, falei da minha carreira toda, foi muito bacana. Recebi um apoio da Marshall que me cedeu um amplificador para turnê e eu acabei ficando com o ele. Estou no site da Marshall ao lado de Billy Gibbons (ZZ TOP), Angus Young, Gary Moore, etc... Eu não tinha como levar um amplificador daqui. Os caras gostaram do meu trabalho, teve o apoio de várias revistas! Até capa! Os caras viram que era coisa de responsa! (risos) Disseram que no ano que vem, posso montar um amplificador customizado, do jeito que eu quiser, que vão fazer especialmente pra mim.

Isso foi uma surpresa?
- Lógico! Sou o único Sul Americano e junto ao Gary Moore, um dos dois únicos de blues.

Você conhece outro brasileiro que tenha um apoio ou patrocínio da Marshall?
- Não, porque a Marshall não faz patrocínio diretamente. Os distribuidores não patrocinam ninguém. Então, é algo realmente que nunca pensei que pudesse acontecer comigo, mas aconteceu.

Você chegou a se apresentar para eles ou algo assim?
- Não, até porque eu já estava indo embora, era o último dia. Ia devolver o amplificador e o cara mandou levar. Foram muito legais comigo. Engraçado, meu primeiro show dessa segunda leva na Inglaterra foi um acústico, num pub perto da própria Marshall e quem apareceu pra dar uma canja foi o Tim Marshall, filho do dono, o Jim Marshall. Ele toca saxofone, tiramos foto e tudo. Depois, quando fui tocar na universidade de Oxford, ele, o Tim, apareceu de novo. Pegou o sax dele e tocou. Toca mais jazz, mas tocou blues comigo.

Agora vai receber outro Marshall?
- Sim, mas acho que vou pedir umas modificações. Umas coisas diferentes. Eu queria mudar umas válvulas e consegui trocar na Alemanha, fui na casa do cara, ele pediu pra eu tocar pra ele e me elogiou muito! Disse também que foi um pena eu não ter ido uma semana antes! Porque quem esteve lá foi o Eric Clapton. O cara já fez trabalho também para o Brian May e outros mais. Eu chamo essa turnê de Cinderela Pura, pois aconteceram coisas espetaculares.

O que os fãs do Brasil podem esperar de Big Gilson?
- Estou sempre tentando me renovar. Todos meus discos são diferentes, não caio na melhor fórmula e nem fico nela direto. Estou tocando muito violão junto com guitarra, mas é uma sonoridade muito diferente e eu já estou pensando em outras sonoridades para o próximo disco. Já tenho várias músicas feitas, mas depois que perdi o Wolf, fiquei meio perdido, estagnado, sem saber o que fazer da minha vida. No meu último encontro com a Gillian, esposa do Wolf, antes de voltar para o Brasil, na despedida, fiz uma música para ela. Uma espécie de premonição. Pedi um papel no táxi e comecei a escrever... É bem triste... Fala de como é duro dizer adeus... Essa música é muito forte pra mim e vai entrar no próximo disco.

julho 18, 2007

Rodrigo Santos


Rodrigo Santos em carreira solo

Acostumado à correria de uma agenda repleta de shows, Rodrigo Santos, baixista do Barão Vermelho há 15 anos, vem preparando o CD “Um pouco mais de calma” com expectativa entre um show e outro. Com as músicas no ponto, o baixista assume agora seu lado cantor e parte para o teste de seu primeiro CD solo, com lançamento previsto para o primeiro semestre deste ano.
Assumindo o vocal e o violão, Rodrigo estará acompanhado de parceiros de outras viagens musicais, como Kadu Menezes (Kid Abelha) na bateria, Fernando Magalhães (Barão Vermelho) nas guitarras, violões e vocais, Humberto Barros (Kid Abelha/Lobão) nos teclados e vocais, Nani Dias (Os Britos) na guitarra e vocais, e Jorge Valladão no baixo, violões e vocais. Em entrevista exclusiva, Rodrigo fala de drogas, amigos e de sua trajetória dentro da música.

- Como você foi parar na música? Você é autodidata?
- Sou, tive umas aulas de violão com Nilson Chaves, mas de baixo foipraticamente sozinho. Umas quatro aulas com Nico Assumpção me deram uma base. Ele mesmo falou para seguir o meu caminho, que estava tudo certo. A meu aprendizado foi ter escutado discos dos Beatles, Stanley Clarke, Yes, Pink Floyd, Neil Young, Crosby, Stills and Nash, Led Zeppellin, Jaco Pastorius, A Cor do Som, Pepeu Gomes, América, Jean-Luck-Ponty, Fletwood Mac, Stevie Miller Band, Doobie Brothers, Almann Brothers, Jethro Tull, Rita Lee, Paco de Lucia, The Cure, The Smiths, U2, Peter Frampton, Rolling Stones, Wishbone Ash, Paralamas, Kid Abelha, The Police, Men At Work, Duran Duran, Brian Ferry, Pretenders, ACDC, Supertramp, Cat Stevens, James Taylor, Elvis Presley, Bill Halley, Stray Cats, Bob Dylan, Caetano, Gilberto Gil, Secos e Molhados, Novos Baianos e Raul Seixas. Sempre fiquei horas tirando os baixos, vocais, violões, solos, etc. Escutei muita, mas muita musica mesmo! Mas fui parar na música por causa dos Beatles. Principalmente pela riqueza da história e da magia que eles proporcionaram. Gosto muito de melodia e não abro mão disso. Talvez, por isso goste mais das bandas dos anos de 60,70 e 80. Não gosto muito de rap. Por exemplo: salvo raríssimas coisas como, RunDMC e Gabriel o Pensador, as coisas faladas de guetos não me atraem. Gosto da musicalidade dos trovadores e da música com melodia cinematográfica.

- Fale das primeiras bandas de que você foi integrante. Como você conheceu o Nani Dias e formou uma banda? Você chegou a tocar no Telefone Gol?
- O Telefone Gol não era comigo e sim com o Dé. Foi uma facção do Front, banda que contava comigo, Kadu Menezes, Nani Dias e Ricardinho Palmeira. Nani e Kadu foram depois pro Telefone Gol. No Front, fui convidado a substituir Bruno Araújo no baixo. Alguns meses depois, o vocalista Beto saiu e assumi os vocais durante dez anos com muitos shows, TV e radio. Em 1984, mais ou menos. Já conhecia o Kadu, tivemos uma banda chamada Choque Geral. Ele me indicou para os Eletrodomésticos. Com a saída do Bruno, Kadu me chamou para o Front e em seguida, para os Miquinhos. Tive nesse meio tempo uma banda chamada Prisma com Marcelo Serrado, André Estrella, Nito, Felipe e João Guilherme Estrella. Éramos muitos conhecidos no Rio de Janeiro.

- Você tocou com alguns nomes marcantes da música nacional. Fale-me sobre acompanhar o Leo Jaime e Lobão? Como foi que isso aconteceu?
- Como disse, ao entrar para no João Penca e seus Miquinhos Amestrados, eu abri uma porta grande na cena musical carioca, pois os Miquinhos eram muito famosos no Rio e logo em seguida no Brasil inteiro. Conhecemos o Leo Jaime ali. Ele foi um dos vocalistas e compositores dos Micos. Ao mesmo tempo, assinamos com a antiga CBS, a gravação de um compacto do Front, já comigo nos vocais, produzido pelo Leo, que também era da CBS. Quando Leo mudou a banda, o Front todo foi tocar com ele e mais o tecladista Glauton Campello. Fizemos milhares de shows por mais de dois anos, lançamos dois discos e ainda colocamos uma musica do Front na trilha do filme Rock Estrela, estrelado pelo Leo. Quando Leo Jaime trocou de novo a banda, fiquei uns meses tocando aqui e ali com o Front, até pintar o convite do Lobão. Foi um telefonema dele, indicação do meu amigo e guitarrista Sergio Serra do Ultraje a Rigor, que na época estava ensaiando com Lobão à tarde e a noite, eu já era da banda. Como tocamos em trio, eu, Serginho e Lobão, a sintonia foi absolutamente perfeita e eu tinha encontrado um grande baterista a altura do Kadu Menezes. Lobão na batera, eu no baixo e Sergio na guitarra, foi à formação do disco Cuidado, de 1988. Serginho saiu antes da turnê e, para fazer shows, precisávamos também de um baterista, pois Lobão tocava guitarra. Chamei Kadu e Nani. Pronto, estava formado Os Presidentes. Fizemos mais dois discos Sob o Sol de Parador, em Los Angeles, produzido pelo Liminha e, também o Ao Vivo no Hollywood Rock de 1990 na praça da Apoteose. Eu ainda gravei sem eles o disco O Inferno é Fogo de 1991. Fiz a turnê e Lobão resolveu fazer só violão e voz.

- Como você entrou para o Barão Vermelho?
- Pois é! Na mesma semana Dadi saiu do Barão, fui imediatamente convidado. Quando Dé saiu, eu já era um dos nomes cogitados pelo Guto e Frejat. Estou a 16 anos no Barão e é a formação mais duradoura e definitiva da banda. Somos uma família. Gravei sete discos e fizemos muita...muita coisa. Nesse tempo também toquei com Kid Abelha, Moska e Blitz, quando o Barão estava de férias.

- E Os Britos? Como começou?
- Os Britos foram formados em 1994, convidados pelo Circo Voador paralançamento do filme BackBeat, que em português saiu como “Os Cinco Rapazes de Liverpool”. Montamos a banda, gostamos do resultado e foram muitas canjas depois e várias gargalhadas também. Eis que conhecemos Pedro Paulo Carneiro, o quinto Brito. Pedro Paulo com o apoio do Visit Britain, nos levou a Londres e Liverpool em 2005, onde gravamos o nosso DVD/CD, “Os Britos Cantam Beatles”. E 2006 repetimos a dose. Agora em 2007 recebemos um prêmio do príncipe Andrew da Inglaterra, pela divulgação do Reino Unido através da música. No nosso CD tem duas músicas inéditas, pois descobrimos a facilidade dos quatro para compor juntos. Estamos a pleno vapor.

- Você agora está trilhando a carreira solo. Dá um frio na barriga?
- É muito bom! Gosto de desafios! O primeiro grande desafio foi parar com álcool e drogas em agosto de 2005. Hoje não uso nada e depois disso qualquer desafio que se apresente na minha vida, encaro com responsabilidade, coragem, persistência, prazer e dedicação. Minha carreira solo passa pela minha abstinência e o que aprendi no Centro Vida, clinica psiquiátrica de recuperação de alcoolismo e dependência química. Estou livre em todos os sentidos, para fazer melhor as minhas escolhas. O processo do disco solo e do show, é muito mais amplo do que apenas música. Tenho uma família sólida, minha mulher e meus dois filhos que me apóiam em tudo que faço. Então trilho a carreira solo com muita vontade e sabendo que faço o que escolhi e gosto. O frio na barriga é normal, mas o público tem sido bem receptivo. Já fiz alguns shows no Rio de Janeiro. Foram sete na Letras e Expressões de Ipanema, dois no Teatro Odisséia, um deles encerrando o festival Mada/LaboratorioPop e um show em Brasília, onde tivemos que voltar ao palco quatro vezes. Nesses eventos, pude contar com participações especialíssimas dos Britos, Leoni, João Penca e Seus Miquinhos Amestrados, George Israel, Digão, Phillipe Seabra, Sérgio Serra e Tico Sta Cruz. Meus companheiros de banda são Fernando Magalhães, Kadu Menezes, Nani Dias, Humberto Barros e Jorge Valladão, músicos fantásticos e amigos inseparáveis e insuperáveis. Sinto-me em casa!

- Fale sobre este seu primeiro disco solo.
- O CD se chama “Um Pouco Mais de Calma”, nome de uma letra que fiz e musiquei com Frejat. Foi produzido por Kadu Menezes, meu fiel escudeiro e produtor de alguns discos do Kid Abelha. Todas as canções são de agosto de 2005 pra cá! Não quis nada antigo. Abri uma exceção para “O Sono Vem”, musica minha gravada no CD “Puro Êxtase” do Barão de 1998. Por ser feita pra minha esposa e por achar uma canção desperdiçada no disco do Barão. Tem “Que Língua Falo Eu”, parceria minha com Lobão e Tavinho Paes. Muitas são letras e músicas minhas e outras com parceiros como Zélia Duncan, Frejat, Mauro Sta Cecília, George Israel, Lobão e Leoni. Tem influências de muitos artistas que aprendi a gostar, mas a mistura disso tudo resulta em Rodrigo Santos. O violinista Leo Ortiz deu um toque especial ao disco. Além dele gravaram, Fernando Magalhães, Kadu Menezes, Nani Dias, Humberto Barros, Bruno Migliari e seu quarteto de cordas, Jorge Valladão, Flávio Guimarães, Leoni, Zélia Duncan, Frejat, Bruno Fortunato e George Israel. É um disco muito musical! Zélia divide os vocais comigo em O Peso do Passado e Leoni em Vai Ser Melhor Pra Você. Eu gravei os baixos, violões, vocais e vozes e algumas guitarras. Kadu gravou as baterias. .

- Quando sai?
Começou independente, mas agora conto com a parceria da Som Livre! Está planejado para sair em junho próximo, mas a música de trabalho estará nas rádios em maio.

- Sobre repertório: você vai fazer releituras de músicas do Barão Vermelho em shows?
- Em shows toco alguns “lados Bs” do Barão como A Máquina de Escrever, Flores do Mal, Cigarro Aceso no Braço, Cara a Cara, Vou correndo Até Você, O Sono Vem e apenas uma conhecida: Meus Bons Amigos. Mas posso aumentar esse número dependendo do show. Mas sempre de 1992 pra cá. Período que estou no Barão.

- Daqui pra frente o que o público do Rodrigo Santos, do Barão Vermelho e Os Britos, podem esperar?
Um Rodrigo Santos cheio de vontade e garra pra colocar tijolo por tijolo, construindo com consistência uma carreira solo e mais do que nunca humano e limpo! Minha cabeça é meu patrimônio e cuido dela com carinho hoje em dia. O resto vem com inspiração e trabalho, que é o mais prazeroso. A música está dentro de mim, seja nos Britos, Barão, Kid ou solo. O que importa é a escolha que vou fazer e o caminho a se traçado. Sempre com verdade, sem medo e da maneira que me sentir mais feliz.

Publicado originalmente no jornal International Magazine edição 132 - maio de 2007.

julho 12, 2007

Agenda de shows Autoramas


Selma (baixo e voz), Bacalhau (bateria) e Gabriel (guitarra e voz) formam os AUTORAMAS a máquina de fazer rooock!! A banda faz apresentações divulgando o mais novo disco "TELETRANSPORTE".

12/07, Quinta - Goiânia/GO - Bolshoi Pub - 22h
13/07, Sexta - Uberlândia/MG - London Pub - 22h
22/07, Domingo - São José dos Campos/SP - Hocus Pocus - 18h
24/07, Terça - Rio de Janeiro/RJ - Sala Baden Powell - 19h30
26/07, Quinta - Belo Horizonte/MG - A Obra - 22h
27/07, Sexta - Ubá/MG - Projeto Pub - 22h
28/07, Sábado - Juíz de Fora/MG - Muzik - 23h