Omero Renato Bordin, 51 anos, pai de três filhos, empresário, é dono de uma das maiores empresas de seguros do Oeste do Paraná - Vip Seguros. É catarinense por nascimento e paranaense de coração. Morador, desde jovem, da cidade de Toledo, situada a 543 km de Curitiba. Amante da boa música, aficionado por Raul Seixas e adorador da Jovem Guarda. Produtor de shows em cidades do interior do Paraná, onde já levou The Originals, Márcio Augusto... Amigo de Raul Seixas, Demônios da Garoa, Cleudir, Pedrinho da Luz, Miguel Plopschi, Ed Wilson, dentre outros. Em minhas andanças, pude conhecê-lo. Em um bate papo, que duraram cinco dias, pudemos trocar idéias, experiências e, com isso, pude perceber o quanto este cara é importante na música. Durante esses dias pude ver a coleção pessoal dele, onde existem raridades que muitos colecionadores nem conhecem como vídeo, fotos e muitos badulaques. Consegui furar sua agenda, que não é pequena, para falar um pouco de tudo. Com vocês, Omero Bordin!
Infelizmente o que acontece, atualmente, de bom é velho! Não se cria mais nada, tudo é comercial do mais baixo nível! Tudo é passageiro!
Reportagem e fotos: Elias Nogueira
- Você é um empresário bem sucedido numa cidade no interior do Estado Paraná. Como aconteceu? Você é paranaense?
- Não. Sou catarinense da Cidade de Campos Novos, mas resido no Paraná desde 1960.
- Sua empresa - Vip Seguros - é uma das maiores no segmento? Que tipo de seguros ela faz?
- Todo e qualquer tipo de seguro que exista no mercado. Somos, hoje, uma das maiores corretoras da região Oeste do Paraná.
- Não sendo músico, você é um amante da música. Como a arte musical entrou em sua vida?
- Sempre gostei muito de rádio, na minha adolescência e juventude ouvia-se muito rádio. A Super Parada, as Mais Tocadas, Hit Parade etc. Então sempre acompanhei os movimentos da época; vem daí o gosto pela música. Sempre curti e acompanhei as carreiras de grandes ícones de nossa música. Desde garoto já curtia Raul Seixas, Rolling Stones, Tom Jones etc. Mas eu sempre fui amarrado, mesmo, no Raul Seixas. Esse eu curtia e curto prá valer!
- Você toca algum instrumento?
- Alguma coisa de violão. Mas sei muita coisa sobre tons, notas vocais e coisas assim. Sempre fui um cara muito interessado e curioso no assunto. Acho mesmo que a vida sem música é vazia e sem graça.
- Como você, atualmente, vê o cenário musical? Você acompanha o que acontece de novo?
- Acompanho com muita decepção, infelizmente o que acontece de bom, é velho. Não se cria mais nada, tudo é comercial. Comercial do mais baixo nível! Tudo é passageiro; conteúdo muito fraco. É só modismo; roda uma semana inteira depois desaparece. Já disse um grande compositor: "Hoje não se canta, apenas se requebra" e o pior todo mundo duro e balançando a cabeça. E, só!
- Vejo que você faz parte da elite de produtores de shows, que levam artistas para cidades como Foz do Iguaçu, Toledo... Como aconteceu? Partiu de você sozinho?
- Não. Foi uma necessidade. Hoje em dia, para quem é solteiro, para a meninada que só quer curtir um som passageiro, está cheio de opções. Mas, infelizmente, para casais e pessoas de mais idade não se tem nenhuma opção. É difícil para as casas de shows arriscarem qualquer coisa. Não se dá valor ao que é bom. Então, eu e mais alguns amigos tivemos a idéia de trazermos essa turma mais da velha guarda para nos brindar com shows maravilhosos e emocionantes, que hoje em dia é difícil de assistir. Quem mora nos grandes centros – Rio de Janeiro e São Paulo sempre têm essas opções, mas para o pessoal do interior é uma raridade. Então temos que nos juntarmos para trazer bons shows. E, no final, a rapaziada também acaba gostando.
- Em sua opinião, por que esse tipo de carência, de shows de grandes artistas, em cidades menores?
- Primeiramente, há o medo de investir. Segundo, o acesso a esses artistas é difícil. Existem muitos atravessadores, empresários inescrupulosos, que querem obter ao máximo de lucro no mais curto espaço de tempo. Com isso, o show fica caro. O artista é quem leva menos, quando na verdade eles é que deveriam faturar melhor. Depois que você obtém certo conhecimento no meio artístico, fica mais fácil, pois você trata mais direto com as pessoas, eliminando custos desnecessários.
- Percebi que você é ligado à Jovem Guarda. Poderia comentar?
- Simples. Na minha juventude vivia escutando Os Incríveis, The Jordans, Os Fevers, Os Mutantes - do tempo da Rita Lee, Jerry Adriano, Renato e seus Blue Caps, Roberto Carlos, Wanderléa, Paulo Sérgio, o Tremendão Erasmo Carlos, enfim, todo esse time maravilhoso que nos fez viver e ter um bom gosto musical. Essa turma, aliás, hoje está resumida e muito maravilhosamente representada pela banda The Originals, que é um pouco de cada uma destas bandas e cantores que mencionei. Teríamos que ter um dia inteiro para falar sobre Jovem Guarda. Gosto tanto dessa turma que costumo receitá-la para quem deseja saber o que foi e o que é a nossa verdadeira música jovem. São os melhores músicos daquela época e que hoje estão reunidos e levando alegria para esse país, de norte a sul. Adoro ver estes caras se darem bem.
- O que representa Raul Seixas em sua vida?
- Mesmo sendo um cinquentão, posso te dizer tudo. Sou fã número um, a carteirinha do Fã Clube Raul Seixas está sempre comigo. Tenho um filho chamado Raul, em homenagem ao Maluco Beleza! Tenho todos os discos, do primeiro ao último, todos os livros, camisetas e etc. Li e estudei muito sobre Raul Seixas. Fui amigo, pessoal, tendo assistido diversos shows. O Raul Seixas é um cara que daqui a 100 anos sua obra ainda continuará atual. Acho que só isto já satisfaz a sua pergunta. Não acha?
- Além de artistas de Jovem Guarda você pretende produzir shows, de outros segmentos?
- Minha atividade, também, não permite muito. Se eu vivesse no meio artístico, os shows de grandes artistas, conjuntos, músicos seriam preferenciais. Temos grandes nomes esquecidos por aí. Eu gostaria de trazer muita gente boa para realizar shows na nossa região. Seria bem diferente do que acontece hoje. O pessoal só pensa em resultado financeiro, o que deveria ser conseqüência de um bom trabalho. Mas, a qualidade tem sido sistematicamente colocada de lado. Esse modismo de agora, virtual, é o chamado me engana que eu gosto.
- Se você pudesse classificar, numericamente, quais os melhores shows de sua vida?
- Roberto Carlos, Jimmy Cliff, Demônios da Garoa, Moacir Franco, Os Incríveis (autênticos, claro!) versão The Originals, Renato e seus Blue Caps, Raul Seixas, Camisa de Vênus, com Marcelo Nova, Os Pholhas e, sem esquecer um show, dos melhores que apareceram por aqui nos últimos tempos, o Márcio Augusto - ex-The Originals que vem fazendo um trabalho o qual tenho orgulho de recomendar a quem gosta do que é bom. Sem falar do que temos hoje de melhor - The Originals. Imagine músicos da categoria de Cleudir, Pedrinho da Luz, Ed Wilson, Guto, Paulo César Barros, no mesmo palco. É só emoção. Isso não é sonho não, minha gente. Isso é rock'n roll.
Fotos de arquivo pessoal: Demônios da Garoa, Almir Bezerra, Paulo César Barros e Os Ritmistas - conjunto do estado do Paraná na década de 70.
Infelizmente o que acontece, atualmente, de bom é velho! Não se cria mais nada, tudo é comercial do mais baixo nível! Tudo é passageiro!
Reportagem e fotos: Elias Nogueira
- Você é um empresário bem sucedido numa cidade no interior do Estado Paraná. Como aconteceu? Você é paranaense?
- Não. Sou catarinense da Cidade de Campos Novos, mas resido no Paraná desde 1960.
- Sua empresa - Vip Seguros - é uma das maiores no segmento? Que tipo de seguros ela faz?
- Todo e qualquer tipo de seguro que exista no mercado. Somos, hoje, uma das maiores corretoras da região Oeste do Paraná.
- Não sendo músico, você é um amante da música. Como a arte musical entrou em sua vida?
- Sempre gostei muito de rádio, na minha adolescência e juventude ouvia-se muito rádio. A Super Parada, as Mais Tocadas, Hit Parade etc. Então sempre acompanhei os movimentos da época; vem daí o gosto pela música. Sempre curti e acompanhei as carreiras de grandes ícones de nossa música. Desde garoto já curtia Raul Seixas, Rolling Stones, Tom Jones etc. Mas eu sempre fui amarrado, mesmo, no Raul Seixas. Esse eu curtia e curto prá valer!
- Você toca algum instrumento?
- Alguma coisa de violão. Mas sei muita coisa sobre tons, notas vocais e coisas assim. Sempre fui um cara muito interessado e curioso no assunto. Acho mesmo que a vida sem música é vazia e sem graça.
- Como você, atualmente, vê o cenário musical? Você acompanha o que acontece de novo?
- Acompanho com muita decepção, infelizmente o que acontece de bom, é velho. Não se cria mais nada, tudo é comercial. Comercial do mais baixo nível! Tudo é passageiro; conteúdo muito fraco. É só modismo; roda uma semana inteira depois desaparece. Já disse um grande compositor: "Hoje não se canta, apenas se requebra" e o pior todo mundo duro e balançando a cabeça. E, só!
- Vejo que você faz parte da elite de produtores de shows, que levam artistas para cidades como Foz do Iguaçu, Toledo... Como aconteceu? Partiu de você sozinho?
- Não. Foi uma necessidade. Hoje em dia, para quem é solteiro, para a meninada que só quer curtir um som passageiro, está cheio de opções. Mas, infelizmente, para casais e pessoas de mais idade não se tem nenhuma opção. É difícil para as casas de shows arriscarem qualquer coisa. Não se dá valor ao que é bom. Então, eu e mais alguns amigos tivemos a idéia de trazermos essa turma mais da velha guarda para nos brindar com shows maravilhosos e emocionantes, que hoje em dia é difícil de assistir. Quem mora nos grandes centros – Rio de Janeiro e São Paulo sempre têm essas opções, mas para o pessoal do interior é uma raridade. Então temos que nos juntarmos para trazer bons shows. E, no final, a rapaziada também acaba gostando.
- Em sua opinião, por que esse tipo de carência, de shows de grandes artistas, em cidades menores?
- Primeiramente, há o medo de investir. Segundo, o acesso a esses artistas é difícil. Existem muitos atravessadores, empresários inescrupulosos, que querem obter ao máximo de lucro no mais curto espaço de tempo. Com isso, o show fica caro. O artista é quem leva menos, quando na verdade eles é que deveriam faturar melhor. Depois que você obtém certo conhecimento no meio artístico, fica mais fácil, pois você trata mais direto com as pessoas, eliminando custos desnecessários.
- Percebi que você é ligado à Jovem Guarda. Poderia comentar?
- Simples. Na minha juventude vivia escutando Os Incríveis, The Jordans, Os Fevers, Os Mutantes - do tempo da Rita Lee, Jerry Adriano, Renato e seus Blue Caps, Roberto Carlos, Wanderléa, Paulo Sérgio, o Tremendão Erasmo Carlos, enfim, todo esse time maravilhoso que nos fez viver e ter um bom gosto musical. Essa turma, aliás, hoje está resumida e muito maravilhosamente representada pela banda The Originals, que é um pouco de cada uma destas bandas e cantores que mencionei. Teríamos que ter um dia inteiro para falar sobre Jovem Guarda. Gosto tanto dessa turma que costumo receitá-la para quem deseja saber o que foi e o que é a nossa verdadeira música jovem. São os melhores músicos daquela época e que hoje estão reunidos e levando alegria para esse país, de norte a sul. Adoro ver estes caras se darem bem.
- O que representa Raul Seixas em sua vida?
- Mesmo sendo um cinquentão, posso te dizer tudo. Sou fã número um, a carteirinha do Fã Clube Raul Seixas está sempre comigo. Tenho um filho chamado Raul, em homenagem ao Maluco Beleza! Tenho todos os discos, do primeiro ao último, todos os livros, camisetas e etc. Li e estudei muito sobre Raul Seixas. Fui amigo, pessoal, tendo assistido diversos shows. O Raul Seixas é um cara que daqui a 100 anos sua obra ainda continuará atual. Acho que só isto já satisfaz a sua pergunta. Não acha?
- Além de artistas de Jovem Guarda você pretende produzir shows, de outros segmentos?
- Minha atividade, também, não permite muito. Se eu vivesse no meio artístico, os shows de grandes artistas, conjuntos, músicos seriam preferenciais. Temos grandes nomes esquecidos por aí. Eu gostaria de trazer muita gente boa para realizar shows na nossa região. Seria bem diferente do que acontece hoje. O pessoal só pensa em resultado financeiro, o que deveria ser conseqüência de um bom trabalho. Mas, a qualidade tem sido sistematicamente colocada de lado. Esse modismo de agora, virtual, é o chamado me engana que eu gosto.
- Se você pudesse classificar, numericamente, quais os melhores shows de sua vida?
- Roberto Carlos, Jimmy Cliff, Demônios da Garoa, Moacir Franco, Os Incríveis (autênticos, claro!) versão The Originals, Renato e seus Blue Caps, Raul Seixas, Camisa de Vênus, com Marcelo Nova, Os Pholhas e, sem esquecer um show, dos melhores que apareceram por aqui nos últimos tempos, o Márcio Augusto - ex-The Originals que vem fazendo um trabalho o qual tenho orgulho de recomendar a quem gosta do que é bom. Sem falar do que temos hoje de melhor - The Originals. Imagine músicos da categoria de Cleudir, Pedrinho da Luz, Ed Wilson, Guto, Paulo César Barros, no mesmo palco. É só emoção. Isso não é sonho não, minha gente. Isso é rock'n roll.
Fotos de arquivo pessoal: Demônios da Garoa, Almir Bezerra, Paulo César Barros e Os Ritmistas - conjunto do estado do Paraná na década de 70.
Um comentário:
Elias! Você é demais! Muito boa sua entrevista!!! Com sempre reveladora.
Mário Jorge
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