julho 15, 2008


O ‘Amor Ódio Amor’ do cantor Jorge Guilherme

Artista mostra o amor em três atos em disco novo

O volta-redondense Jorge Guilherme vem trilhando um caminho sem volta na música brasileira. Desde a primeira apresentação em público, já se vão mais de 25 anos. E ainda assim continua se reinventando e sendo considerado uma grata surpresa na música nacional.

Sua vida nas ondas do som começou aos dez anos, quando ingressou como tenorino no Coral Villa Lobos da CSN - Companhia Siderúrgica Nacional. Excursionou com o grupo por dois anos e foi estudar, por prazer, canto técnico. Aos dezessete anos participou de uma banda ‘cover’ formada por amigos. Integrou projetos ainda mais profissionais que lhe renderam bons shows, prêmios, participações na TV e grandes amigos. Na década de 90 esteve em diversos grupos e tocou “na noite” pelos bares e casas noturnas no Vale do Paraíba. Ótimo período, onde desenvolveu sua performance autêntica e vibrante.

Em 2001 dava os primeiros passos da carreira solo e já em 2003 prensou, distribuiu independente e esgotou em curtíssimo tempo as três mil cópias de seu primeiro CD, ‘Tão Perto de Você’ – que contém obras de arte do pop rock, com influências de MPB e música negra. Estava ali o termômetro de sua carreira, naquela estréia em disco planejada por três anos a fio! Com emoção e técnica aliadas a uma proposta conceitual Jorge Guilherme se mostrou um cantor com personalidade na voz e um compositor de mão cheia – já que assina doze (ótimas) músicas, dez delas sozinho. O disco fala de amor sem vulgaridade, acena para a alegria, a vida e as relações a dois. Deste álbum, JG trabalhou as músicas "Será?" (que chegou a rolar em rodinhas na PUC, no Rio) e "Você Voltou Pra Mim".

Depois desta agradável surpresa para marcar a chegada-solo, Jorge Guilherme manteve seu estilo de melodias “simples-porém-rebuscadas” e letras “românticas-sem-ser-piegas”. Em 2006 seus dois primeiros sucessos do primeiro álbum entraram no CD de Leandro Lopes (Pica-Pau) – vencedor do Programa Ídolos do SBT, lançado com “Será?” na posição de carro-chefe pela SonyBMG. Neste mesmo ano iniciou a pré-produção e a gravação de ‘Amor Ódio Amor’, segundo CD que agora chega às lojas pelo selo Astronauta Discos – responsável pelo lançamento de discos de Autoramas, Beto Lee e Luis Capucho, entre outros.

“Totalmente autoral, o álbum traduz a trilogia de qualquer relacionamento em suas treze canções”, comenta o multifacetado Jorge Guilherme, que escreve à mão linhas sinceras de sua história. “Conto o amor em três atos. No início do CD, falo de toda a fase de conquista, dos primeiros amores. No meio, já entra o ódio, que é representado pelo ciúme. Por fim, é o amor fraterno, amor da conta bancária, do casamento”, diz ele, completando: “Desde a pré-produção até a finalização foram sete meses. Compus quatro músicas que estão no CD. As outras nove já estavam compostas”. Foram feitas duas mil cópias. “É muito para um artista independente”, comenta Jorge Guilherme, que gravou num estúdio de Volta Redonda. A masterização do CD foi feita no estúdio Magic Máster, no Rio, o mesmo utilizado por artistas consagrados.

São 13 canções, todas autorais. E JG também assinou a produção, letras, músicas e arranjos – um trabalho totalmente autoral produzido com a ajuda de Tuta e Diogo Macedo, colaboradores que também estiveram no primeiro CD. As rádios de Volta Redonda já tocaram “Na Sua Estrada” e “Madrugada”. Para todo o Brasil, este mês começa a tocar algumas canções em rádio que confirma o teor pop de sua trajetória.

Suas influências declaradas são de artistas como Cazuza, Elis Regina, Renato Russo, Cássia Eller, Ney Matogrosso, Freddie Mercury (Queen), Ian Astiburry (The Cult), Bruce Dickinson (Iron Maiden), Michael Jackson e outros nomes. Seu porte de artista o faz um cara com “punch” de rock e conteúdo de MPB.

julho 09, 2008

Marcelo Fróes, Zé Ramalho e Erasmo Carlos


No momento em que comemora 40 anos de carreira, Zé Ramalho abre seu baú e nos brinda com este surpreendente “capítulo zero” de sua carreira. Com gravações em fita cassete extraída diretamente da mesa de som dos históricos shows que o artista realizou antes da fama, entre os anos de 1973 e 1976. Estas gravações históricas foram guardadas pelo artista por mais de trinta anos e agora, finalmente masterizadas com a melhor tecnologia disponível, resultam no primeiro lançamento do selo Discobertas do pesquisador e produtor Marcelo Fróes.
O lançamento do disco duplo O ‘Capitulo Zero’ da Trajetória de Zé Ramalho da Paraíba aconteceu terça-feira dia 8 de julho na Livraria da Travessa no Leblon – Zona Sul do Rio de Janeiro. Estiveram no local para prestigiar, o famoso cantor paraibano que distribuiu autógrafos, Erasmo Carlos, Renato Barros, Robertinho de Recife, Bacalhau (Autoramas), Big Gilson, Fred Nascimento (Tranta), Érika Martins, Gabriel Thomaz, dentre outros. (Elias Nogueira)

julho 01, 2008

Detonautas - O Retorno de Saturno

Detonautas reaparece com melhor disco de carreira

Roqueiros cariocas mudam de gravadora e lançam “O Retorno de Saturno”

Lançando seu quarto álbum “O Retorno de Saturno”, primeiro pela Sony-BMG (Os antecedentes saíram pela Warner), e o primeiro sem o guitarrista Rodrigo Netto que foi vítima da violência urbana, o quinteto carioca, Tico Santa Cruz (vocal), Cléston (DJ e percussão), Renato Rocha (guitarra), Tchello (baixo) e Fábio Brásil (bateria), demonstram mais maturidade devido à experiência que vem adquirindo desde que lançou o primeiro disco em 2002. Com canções menos pesadas, letras bem definidas e acertando o alvo que é proposto, os Detonautas Roque Clube vem confirmar que o melhor disco de sua carreira é “O Retorno de Saturno” que vêm recheados de canções que tem potencial para se tornarem sucessos como a faixa título, O Retorno de Saturno e Nada É Sempre Igual. Em entrevista para o INTERNATIONAL MAGAZINE – o cantor, compositor e também guitarrista Tico Santa cruz, pode falar sobre como foi concebido o disco e outras coisas interessantes.

Por Elias Nogueira

- Fale do "Retorno de Saturno". Quando tempo durou para ficar pronto?
- Comecei a compor, estas, canções em 2007, mais precisamente em janeiro quando fui para Trancoso na Bahia fazer um retiro. Levei o violão sem imaginar que algo pudesse sair. Quando as músicas começaram a tomar forma, as gravei na secretária eletrônica do meu celular. Depois que voltei para o Rio de Janeiro mostrei pra banda e fizemos uns ensaios só com violão e piano. Soou tudo muito bonito e não foi preciso pensar muito para concluir que esse seria o clima do disco. Quando entramos para gravar, no fim do mesmo ano, fizemos tudo muito rapidamente devido à simplicidade a qual estávamos dispostos a conceber o trabalho. Ao todo um ano e quatro meses.

- O Fernando Magalhães mais uma vez esteve com vocês.
- O Fernandão é um querido. Nosso parceiro desde o princípio. Além dele o Tomás Magno, também, foi o produtor e assinamos todos juntos, pois o trabalho fora exatamente dessa forma. Em alguns momentos ficávamos sozinhos, em outros, com na companhia de um deles e em outros juntos. Isso deu uma diversidade e uma liberdade para interpretarmos com o sentimento mais sincero possível e tendo duas pessoas observando e nos ajudando com seu olhar distanciado. Fernando fez o Baixo de "Soldados de chumbo" incluiu algumas guitarras que tem uma personalidade incrível e junto com o Renato e o Tomás tirou altos sons dos instrumentos que escolhemos. É uma parceria que sempre deu frutos.

- Seleção de repertório. Como foi feito?
- Das 14 músicas, que fiz em Trancoso, 11 entraram no disco. Fizemos ainda um no estúdio ao longo dos ensaios e compôs como conteúdo digital. Vai ser disponibilizado para o público em breve. Nós sabíamos o tempo todo o que queríamos então foi entrar e ser objetivo.

- Inspiração para compor. Continua como antes?
- A inspiração é algo inexplicável, porém quando estás com tua imaginação e teu vocabulário em constante exercício fica bem mais fácil de expressá-la no papel e em melodias. Tenho lido muito de seis anos para cá e isso fez com que conseguisse materializar idéias que antes só conseguia expressar em textos. Sei que ainda preciso amadurecer muita coisa, mas tenho consciência de que estou no caminho certo.

- Foi difícil fazer o novo trabalho com ausência do Rodrigo Netto?
- Sem dúvida. A ausência dele como pessoa, compositor, criador e amigo deixa um buraco na alma e esse buraco só pode ser preenchido trazendo sua energia para o dia a dia. Na verdade ele só esteve ausente fisicamente, pois sentimos a presença dele e isso se reflete nas letras e canções.

- No disco a banda está com rock com menos peso. É efeito da perda do amigo?
- Não sei se é efeito. Creio que o que vivemos pós a perda violenta do Netto nos conduziu para esse lugar. Nossos discos são fases claras da banda, não nos interessa repetir formular e fazer cover de nós mesmos. Queremos sempre experimentar e o natural foi que as coisas levassem a sonoridade para onde foi.
- Em shows haverá necessidade de outro guitarrista?
- Embora eu esteja tocando violão e guitarra o Phelipe - que era roadie do Netto - assumiu uma das guitarras, pois o que ele fazia era tão importante que não havia uma forma de simplesmente ignorar e passar a trabalhar com um guitarrista a menos.

- Você, atualmente, passa para o público, que não é somente cantor de uma banda de rock, mas uma pessoa que se preocupa com as causas sociais. Isso se deu após o desaparecimento do Rodrigo Netto ou você sempre foi engajado politicamente?
- Para quem só me conheceu depois da tragédia pode ser. Porém basta pesquisar, vasculhar minha vida, assistir a shows antigos e ao próprio DVD para desfazer tal engano. Não tenho como controlar a opinião alheia, mas é fato que a mídia abriu mais espaço para que eu pudesse introduzir alguns temas que antes ficavam restritos a apresentações e blogs.

Faixa a faixa

01 - O retorno de Saturno
- Um lindo final de tarde cor de rosa no Arpoador - RJ

02 - Nada é sempre igual
- Confessional

03 - Verdades do mundo
- Dedicada ao Netto

04 - Só pelo bem querer
- Minha maneira de enxergar o relacionamento homem e mulher sem envolver o amor romântico que é vendido pelas novelas. É estar com alguém por que se quer e não por um compromisso social, moral ou religioso.

05 - Lógica
- Primeira canção que escrevi, também, para o Rodrigo. Tive muitos sonhos com ele.

06 - Tanto faz
- Confessional.

07 - Oração do horizonte
- Representa tudo que falo nos protestos contra a violência.

08 - Soldados de chumbo
- Uma cantiga de ninar com uma letra ácida.

09 - Ensaio sobre a cegueira
- Além de ser uma homenagem ao Saramago por quem sou altamente influenciado, é uma forma de aguçar a curiosidade dos fãs com a literatura. Se os rappers americanos ostentam carrões, jóias e mulheres, nós queremos divulgar um universo diferente: a literatura.

10 - Enquanto houver
- Tem endereço certo.

11 - Eu vou vomitar em você
- Muito intelectual, de butique e de botequim, se identificará com essa canção. Muita gente vai vestir a carapuça.
ENTREVISTA PUBLICADA ORIGINALMENTE NO INTERNATIONAL MAGAZINE EDIÇÃO 142 - ABRIL DE 2008