dezembro 17, 2008

Cacau Brasil

Cacau Brasil arremessa Acordes Pro Mundo

O CD/DVD conta com participações de Alceu Valença, Flávio Venturini, Ballet Oficial da Macedônia e percussionistas do Senegal

Acordes Pro Mundo é o primeiro trabalho gravado ao vivo do cantor e compositor Cacau Brasil, vem repleto de participações especiais. Gravado durante show no Anfiteatro Dragão do Mar, em Fortaleza, trazem a espontaneidade e alegria dos ritmos regionais, como canções poéticas e as influências culturais de diversos países, assimiladas principalmente em eventos internacionais, como o festival de Montreux, na Suíça, e o Third Ear, na Macedônia.

No DVD, os puristas e amantes da boa música podem conferir a beleza do cenário, inspirado em elementos regionais que traçam contrastes entre cores e formas para complementar a concepção musical. No repertório, Acordes Pro Mundo, traz músicas dos trabalhos anteriores – Cor da Terra (2002), Visionário (2005) e Imaginário (2007) – além de três composições inéditas, Voa Guerreiro, Pele de Couro e História Linda. Em conversa o mineiro Cacau Brasil fala de tudo um pouco.

Reportagem por Elias Nogueira
eliassnogueira@gmail.com

- Já era hora do Cacau lançar um trabalho ao vivo?
- Sim, já era tempo de mostrar ao público a intensidade do trabalho ao vivo. Depois de três discos gravados em estúdio e da experiência de turnês pelo Brasil e exterior, havia a necessidade de reunir parceiros, influências, cores, ritmos e músicas que fizeram parte dessa trajetória.

- Como foi feita a seleção de repertório?
- Acordes Pro Mundo é um trabalho que busca mostrar as diferentes influências culturais e musicais que recebi no decorrer da minha carreira. As músicas foram escolhidas pela vivência de shows, pela identificação entre autor e público, mostrando a diversidade do meu trabalho. Além das músicas dos discos anteriores, Acordes Pro Mundo tem músicas inéditas, como História Linda, uma parceria com Flávio Venturini, e Voa Guerreiro, simbolizando a atitude desta nova fase.

- Gostaria que comentasse as participações de nomes como Flávio Venturini, Alceu Valença, Lui Coimbra, além dos senegaleses Dabo e Sisokho.
- Essas participações se deram de uma forma natural no meu trabalho. Flávio Venturini e Alceu Valença, por exemplo, são grandes amigos e parceiros musicais, que iluminam minha arte. Com Alceu, fizemos shows e turnês juntos, como o Festival de Montreux, na Suíça, no ano passado, além de termos participado de trabalhos um do outro. Já Alboury e Cherifo, conheci durante minhas participações em feiras e shows na Europa, já que tenho uma forte ligação com as cores e raízes da musicalidade afro, que são muito presentes na nossa arte brasileira.

- Ainda teve Ballet da Macedônia...
- Quando participei, no ano passado, do festival Third Ear – Balkan Music Square, na Macedônia, o Ballet Oficial desse país concebeu coreografias para algumas músicas minhas e participou do meu show. Com o apoio do Ministério da Cultura da Macedônia, conseguimos consolidar a participação deles no DVD, ampliando as possibilidades de movimento e estética do Acordes Pro Mundo.

- Fale das canções inéditas?
- Este trabalho conta com duas novas canções autorais: História Linda, uma parceria com Flávio Venturini, que resgata nossas memórias da infância passada no interior de Minas; e Voa Guerreiro, que abre o CD/DVD representando o despertar da vivência artística e trocas culturais pelo mundo.

- Como é a primeira entrevista que faço com você, gostaria que comentasse sobre seus trabalhos anteriores - Cor da Terra (2002), Visionário (2005) e Imaginário (2007).
- Cor da Terra foi meu primeiro trabalho autoral, acústico, onde eu registrei poesias e contei com o envolvimento de jovens músicos da ONG Tapera das Artes, que é parte da minha vida. Visionário teve a participação de Dominguinhos e foi produzido pelo amigo Pantico Rocha, dando início à fusão de outras influências musicais aos ritmos brasileiros, como rock, blues, jazz, reggae, entre outros. Já Imaginário foi meu diálogo com outros compositores e culturas, e contou com a participação de Alceu Valença e produção de Paulo Rafael.

dezembro 08, 2008

The Pop's


Dois relançamentos agitaram o início do mês de dezembro.

O produtor Marcelo Fróes revitaliza os dois primeiros discos da lendária banda instrumental dos anos 60 - The Pop’s. Conhecido como os discos das botinhas, com capas semelhantes, a bolachinha pode ser, agora, adquirido com bônus, encarte e informações gerais para colecionador nenhum colocar defeito.

O lançamento é mais um, dos mais dez já lançados, pelo selo Discorbertas em parceria com a Coqueiro Verde. Em tarde autógrafos os integrantes originais da banda J. Cezar, Parada (bateria), Silvio Parada (baixo) e Pipo (guitarra base) distribuíram assinaturas para vários fãs antigos e, também seguidores da nova geração.


A imprensa esteve presente e pode conferir na Livraria Saraiva Mega Store no Centro do Rio de Janeiro no dia 4 de dezembro.

dezembro 03, 2008

A voz feminina que vem da fronteira

Raquel Becker é do signo de Leão, nascida em Uruguaiana fronteira com a Argentina, veio com seus pais para Brasília com quatro anos de idade e desde pequena teve contato com a música ao ganhar de seu progenitor um violão quando ainda tinha seis anos. Nos anos 80 ouvindo novas bandas e, todos sabem que Brasília é um dos principais centros dessa, então nova safra, de talentos. Raquel Benchimol Oliveira ainda adolescente começa a tocar bateria, primeiro por influência da banda de rock, norte americana, Kiss que veio ao Brasil em 1985 e posteriormente, por diversos conjuntos de rock que havia em Brasília e que ensaiavam nos finais de semana. “Fui baterista uns sete anos e toquei em algumas bandas de Brasília e acompanhei alguns artistas locais e nacionais” detalha a cantora
que aprendeu outro instrumento. “Estudei violão e canto, fiz diversos jingles para comerciais de TV e rádio na criação das letras, voz e na produção dos mesmos. Fiz diversos shows em teatros e casas noturnas em Brasília”. Em conversa, Raquel Becker comenta sobre o primeiro disco de carreira “Melhor lugar”.

Por Elias Nogueira
eliassnogueira@gmail.com


Compositora
- Tenho certa facilidade nas letras e como toda bela canção precisa ter uma melodia que dê vida a escrita, busquei parceiros que dessem alma para elas. Pessoas com linguagem parecida com a minha, mas com uma experiência melódica maior do que eu.

Jorge Vercillo, Leoni, Paulo Sérgio Valle
- Aconteceu numa visita que fiz a Editora da Warner junto com um compositor e produtor, Nildomar Dantas. O diretor da editora, a qual o Nildomar faz parte, me apresentou uma série de canções o que me deu de presente essas lindas músicas, de três ícones da MPB. Agradeço de coração.

Repertório
- A escolha foi minha. Além de adorar os três citados, as músicas se enquadram perfeitamente no que busquei para meu CD.

Gaúcha, Brasília, Rio de Janeiro...
- Nasci no Rio Grande do Sul e aos quatro anos de idade meus pais vieram pra Brasília, onde me criei e tive a oportunidade de ver de perto no final dos anos 80 e início dos 90. Brasília sendo o cenário do Rock do Brasil foi quando conheci de perto Renato Russo, a Cássia Éller e o Capital Inicial. Era uma jovem adolescente começando a tocar bateria. Inclusive meu primeiro bumbo de bateria, comprei do Fê Lemos do Capital Inicial. Brasília é uma grande escola, fiz muitos shows por lá, acho que já toquei e cantei em quase todos os lugares possíveis. Foi isso que me preparou para poder estar, agora, alçando vôos maiores. O Rio de Janeiro é o coração artístico brasileiro, estar no Rio é fundamental para qualquer artista que deseja que sua arte seja vista em todo país.
Independência
Este disco foi lançado por um selo independente chamado Zap Records e está sendo distribuído por uma das maiores distribuidoras da América Latina que é a Microservice e foi todo financiado por mim. Então eu acho que meu CD é meio independente no sentido de não ter uma multinacional ajudando a divulgar e assessorar o trabalho. Que é uma pena!

Publicado originalmente na edição 145 da international Magazine
Foto: Livio Campos
Aline Duran é cantora e compositora de reggae, compôs todas as faixas (são onze faixas ao todo) do primeiro CD “Novo dia”. Uma delas, parceria com o Black Alien na faixa “Pra quem Jah olha". Ela teve músicos conceituados no cenário atual participando deste trabalho como Bi Ribeiro, João Fera, Ronaldo Silva, Marlon Sette, Rodrigo Sha, dentre outros. A nova aposta no cenário do reggae brasileiro se identificou com a música jamaicana desde a primeira vez em que a ouviu, principalmente com os artistas de reggae que tocavam em 1990, além, é claro, dos nomes clássicos do reggae. Aos 20 anos (hoje com 25), decidiu se tornar musicista profissional, ela já estava envolvida com a cena de São Paulo. Em 2003, acabou entrando para uma banda chamada ‘Moziah’, na qual era backing vocal. A partir daí, sua relação com o ritmo jamaicano e com a cultura rastafári aumentou e começou a compor suas próprias canções. Há pouco mais de um ano, Aline deixou a banda para dar início à sua carreira solo. Acompanhe o bate-papo que a cantora teve com o International Magazine.

Por Elias Nogueira
eliassnogueira@gmail.com


- Antes de lançar "Novo dia" você já havia gravado.
- Sim, gravei um CD Demo. Divulguei por cerca de um ano e meio, até que este trabalho chamou a atenção do Rafael Ramos em 2008, e então gravei “Novo Dia” pela Deckdisc.

- O que te levou ao reggae?
- Sempre gostei muito de reggae por ser uma música cheia de sentimento, capaz de mexer com o estado de espírito e causar paz, positividade e reflexão intelectual. Percebi que minhas composições faziam parte desta linguagem musical e que era o ritmo que estava dentro de mim. Por sentir esta identificação espiritual com o reggae, resolvi ter uma banda deste estilo, e daí comecei toda a minha trajetória na música.

- Desde quando você se descobriu para a música?
- Desde a minha adolescência eu já gostava de me expressar através da música, participava de concursos, meus primos tinham banda e me deixavam cantar, às vezes. Mas com o tempo fui percebendo que o sentido da minha vida estava na música e que sem ela as coisas pareciam estar fora do lugar e eu não estava fazendo a coisa certa, então vi que meu caminho era este e resolvi levar a coisa a sério aos 19 anos, quando decidi me tornar uma musicista profissional.

- Você se cercou de músicos conceituados no cenário. Jota Moraes, Bi Ribeiro, João Fera, Rodrigo Sha... Como foi isso?
- Foi ótimo, tive a oportunidade de conhecê-los através do meu produtor Rafael Ramos que mostrou minhas músicas pra eles, que acabaram gostando da idéia e quiseram participar deste meu trabalho. E, claro, acrescentando muito às músicas e ao disco como um todo.

- Fale como foi feita a seleção do repertório? Você escolheu sozinha?
- O repertório do disco contém sete das dez músicas contidas no meu CD demo, além de outras composições inéditas minhas, que escolhi junto com o Rafael. Ele sugeriu que eu fizesse uma versão para “Everything I own” (música de grande sucesso nos anos 70 do grupo Bread), e acabei tendo uma inspiração pra esta música a tempo de gravá-la e incluí-la neste álbum também.

- "É com você" é a música de trabalho. Você acredita que exista música de trabalho, ou pode acontecer naturalmente?
- Acredito que existam músicas com um maior potencial de aceitação no mercado, assim como músicas que acontecem naturalmente através da opinião do público. “É com você” foi a uma das músicas que mais chamou a atenção do Rafael para o meu trabalho e também, desde o lançamento da minha demo, ela já era uma das preferidas do meu público. Torná-la a música de trabalho deste álbum “Novo Dia” foi uma conseqüência desta aceitação natural das pessoas.

Publicado originalmente na edição 146 da International Magazine
Foto: Markos Fortes